Capítulo 7 - Bryan

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Bryan - Visita

–  Você sequer ligou para ele, Bryan? –  esbravejou Luce.

–  Liguei, ele não estava nada bem. Eu quero ir visitá-lo, amanhã de manhã, pode ser? –  falou ele.

–  Sim, pode sim. Jason ficará feliz em te ver.

–  Falando sério, o que ele tem? Ele não quis me contar e olha que eu insisti.

–  Se ele não contou para você, você acha mesmo que ele me disse alguma coisa? –  disparou Luce e se sentou no sofá de Bryan.

–  Eu sei que não. Estou preocupado –  disse ele baixando os olhos. Luce tocou em seus joelhos dobrados sobre o sofá e as almofadas.

–  Calma, não é nada, assim espero.

O silêncio se instaurou entre eles, Bryan só conseguia pensar em Jason e nada mais. Luce olhava distraída para nada em particular, os dedos agitados enrolando na ponta das almofadas. Bryan, de repente se levantou e batendo com os pés no chão abriu gavetas e armários.

–  Hora de ir. Eu só tenho as apresentações agora. Eu tenho que fazer tudo direitinho.

–  É, tem sim –  disse Luce e voltou a encarar o vazio enquanto Bryan trocava de roupas.

Seguiram o caminho de sempre e logo estavam na frente da balada, os neons piscantes e a música alta de sempre, o que Bryan mais gostava. Porém algo chamou a sua atenção. Era Troye, o menino que ele conheceu dias atrás.

–  Saiam daí vocês dois! –  exclamou Bryan e puxou Troye pelo braço para fora da fila e Troye arrastou Sam com ele.

–  Ah oi para você também, é, Bryan não é? –  falou o garoto Troye.

–  Sim, Troye, certo? Veio para ver a minha apresentação? –  perguntou Bryan e juntos eles cruzaram a porta da balada. O conhecido corredor de espelhos e estrelas.

–  Você vai se apresentar hoje? –  questionou Troye curioso.

–  Sim, fiquem de olhos bem abertos, Mamassita* aqui vai mostrar a vocês o que é uma verdadeira apresentação de DragQueens!

–  Quem sabe algum dia eu não o ajude com suas roupas e acessórios_comentou Troye.

–  Como assim? –  Bryan olhou para ele incrédulo.

–  Ah, eu desenho roupas e eu adoro a moda. Então, nada mais justo do que eu retribuir você ou sei lá, te auxiliar para o show ficar ainda melhor.

Bryan se calou e parou para avaliar, imaginando as possibilidades de ter um desenhista e estilista próprio, até que a ideia viria a calhar, pensou.

–  Veremos –  foi tudo o que respondeu e saiu direto para o camarim, Troye o observou.

O show foi incrível. Troye ficou fascinado. Era engraçado e ao mesmo tempo artístico, Bryan desceu do camarim e aproveitou o resto da noite ao lado dos amigos. A volta para casa, Luce o acompanhou, Bryan e ela fariam uma visita a Jason no hospital.

–  Qual o quarto em que ele está mesmo? –  questionou Bryan.

–  É o 25. Terceiro andar –  respondeu Luce. Nenhum dos dois sentia sono mesmo não tendo dormido, já estavam acostumados –  Aqui!

O elevador abriu as portas para um corredor espaçoso e branco como os hospitais sempre eram. Seguiram adiante e encontraram a porta do quarto entreaberta. O aposento comportava duas pessoas, mas só Jason estava hospedado. No entanto o que surpreendeu Luce ao entrar lá, foi que Bryan que nunca chorava, chorou.

Ele não podia ser Jason, aquele não era seu irmãozinho, pensou ele. Jason deitado, muito mais magro do que Bryan se lembrava, com os olhos fundos e escuros, marcas de lesões pela pele dos braços e pescoço. Aquilo poderia ser qualquer coisa, menos uma pneumonia, Bryan sabia e não era tolo para ser enganado.

Sem dizer uma palavra Bryan jogou os braços ao redor do menino, a cabeça sobre o peito dele e naquele instante o quarto se tornara pequenino diante de toda a angústia e dor que Bryan sentiu.

–  Jason, irmãozinho, o que houve com você? Fala para mim.

–  Oi, Bryan. Eu estou bem... estou aqui –  respondeu hesitante.

–  Não, não, não, esse não é você, esse não é o Jason que eu conheço. Você está magro, eu posso sentir os seus ossos –  Jason riu e Bryan percebeu que ele se encolheu como se tivesse sentido dor ao fazê-lo.

–  Eu estou me tratando, estou ficando melhor, eu juro –  Jason desviou o olhar.

–  Jason, você sabe que não pode nem mentir, nem esconder nada de mim. Eu sei que você está doente e é algo além de pneumonia.

–  Bryan, dá um tempo para o garoto! –  falou Luce e tocou no braço dele, ato que na hora Bryan recusou.

–  Deixa, eu ia ter que acabar contando para vocês dois de alguma forma, eu tentei evitar, mas não está ajudando... Eu estou com Aids.

E o mundo parou por um instante para Bryan. Jason não. Jason não. O seu irmãozinho, o menino que ele conheceu, o menino que ele cuidou e mostrou parte da vida dele, Bryan sempre o alertou, porém parece que não foi suficiente...

–  Por favor, me diz que não é verdade, me diz, Jason, por favor –  e Bryan caiu aos prantos.

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