Bryan - Solitário
Pesadelo... Ou sonho...
Para Bryan só poderia ser um pesadelo, porque doía de uma maneira profunda. Ao receber a notícia Bryan sempre tão seguro de si, de humor inabalável e força inigualável, desabou. Não sem antes levar a cozinha abaixo, atirando copos e pratos e panelas ao chão. Envolveu a cabeça com os braços e começou a chorar incontrolavelmente. Suas unhas feriram a pele e as lágrimas escorreram molhando seu rosto.
Segundos ou minutos ou horas para Bryan, ele não saberia dizer. As sombras o engoliram e Luce o encontrou em um estado de letargia. Luce praticamente o arrastou para a cama. Bryan adormeceu, caiu em um sono profundo sem sonhos, porém a dor não o abandonava. Sempre que ele despertava começava a chorar e a sofrer.
– Bryan, você tem que comer alguma coisa, por favor – pediu Luce.
– Não quero –resmungou ele e se virou caindo no sono novamente.
Não havia muito o que ser feito. Luce se deitou ao lado dele, observou o rosto de Bryan, sempre tão jovial, agora lhe aparentava um homem bem mais velho. Luce pensava no que ela poderia fazer para acalmar o amigo, tirá-lo daquela situação. Talvez se ela chamasse outros amigos de Bryan, Hugo e os meninos. Ela realmente não sabia como reagir. Só se deixou ficar ali e não fazer nada.
Ao acordar Luce contatou Hugo e explicou o que houve pedindo para que ele fosse até lá, Luce tentou ligar para Troye mas este não atendeu. Hugo não demorou a chegar e foi recebido por um Bryan derrotado, mal-humorado que havia desistido completamente. Hugo ficou em silêncio e trocou olhares com Luce.
Todos se questionavam, o que dizer? O que fazer? Luce deduziu que nada faria Bryan melhorar e percebeu que, agora, deveria deixá-lo de luto, deixá-lo chorar a morte do amigo e irmão, ela sabia que o Bryan um dia retornaria brilhante como o sol, caloroso e alegre, se apresentando como drag e fazendo os outros felizes como ele sempre fez.
– Bryan, eu tenho que ir embora, se cuide, por favor –falou ela para ele, ela sabia que ele estava ouvindo e Luce se pegou perguntando como alguém poderia dormir tanto.
Tudo o que Bryan sentiu foi o leve toque de lábios em sua bochecha e a porta se fechar instantes depois. Ele se sentiu solitário como nunca antes. Afinal, ele era Bryan. Ele era o que poucos conseguiam ser. Forte. Mesmo não tendo uma vida fácil, ele nunca desistiu. Talvez fosse o momento certo para isso. Desistir.
E foi o que ele fez. Levantou-se e começou a recolher as coisas, maquiagem, roupas, perucas, colocou tudo em uma mala velha, fechou o zíper e deixou de lado, encostada no chão ao lado da porta. Era hora de crescer, de aprender que a vida não é esta noite de festas e que ele ficaria mais feliz assim. Finalmente, cresceria, seria homem ou melhor, quase...
Ele ainda não estava pronto para sair de casa, voltou para a cama e deixou que o tempo o cobrisse de poeira e detritos, por ele, não sairia mais de casa, não levantaria mais. Isso significava desistir. E sem Luce saber essa passou a ser a vida de Bryan. Empertigado no quarto, assistindo a TV ou seriados, sem nenhuma apresentação de drag. Provavelmente a uma hora dessas todas as coisas de drag estavam em um lixão.
A televisão era o único som no quarto e naquele pequenino apartamento. Até a campainha tocar.
– O que você quer? – Bryan abriu a porta e vociferou.
– Oi Bryan – respondeu Hugo em um tom irônico encostado no batente da porta.
– Diz aí o que você quer –E Bryan deu as costas para ele e se direcionou para sentar no sofá.
Hugo fechou a porta e lançou o olhar para a casa, estava suja e empoeirada, a louça amontoada na pia, roupas e cobertores espalhados pelo chão, toalhas no braço do sofá. E para complementar a cena, Bryan, com olheiras escuras, pálido e magro, o cabelo sempre curto (quando não estava de drag) estava comprido...
– O que aconteceu com você Bryan? – questionou Hugo intrigado.
– Nada, só caí na real – sibilou ele.
– Caiu na real? Que merda! Cair na real não significa deixar sujeira por aí, muito menos desistir de tudo!
Hugo esperava por uma resposta, um insulto ou qualquer coisa, Bryan apenas permaneceu calado. E pesou na mente de Hugo que o que Bryan vinha passando não era fácil.
– Desculpa, não sou ninguém para te dar bronca – Hugo se sentou olhando para Bryan que o encarava sem nada dizer. Surpreendendo aos dois, Bryan se apoiou nos joelhos e cotovelos e se posicionou de frente à Hugo. E o beijou.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Neon Nights
RomanceConheça Troye, um simples garoto que se depara com uma situação que mudará sua vida... Conheça Bryan, de forte personalidade, trabalhador e perseguidor de sonhos que fará o possível para realizá-los... E Hugo, ricaço, jovem e promissor empresário qu...