Neon Nights

Capítulo 11 - Hugo

Hugo - Aplicativos

Eu não estava esperando por aquilo.

Bryan me beijou e eu não recusei, nem incentivei. Ele se afastou sozinho e esfregou a mão no rosto como se estivesse aflito e com vergonha do que acabara de fazer. Olhei para baixo, sem saber bem o que dizer ou como consolá-lo, a minha intenção não era discutir ou cobrar dele, só que eu não poderia ver Bryan daquela forma, afundando aos poucos.

–  Desculpe, eu... tenho estado tão solitário, desculpa Hugo –  exclamou ele de repente.

–  Tudo bem, tudo bem –  falei e acrescentei –  Não tem o que se desculpar.

–  Tem sim, não, não é que eu não ache você um cara bonito porque eu acho e muito. É que eu invadi o seu espaço, eu-eu estou tão vulnerável, me sentindo fraco...

–  Eu vim para isso, para conversar, desabafe. Sei que a dor que eu senti nem se compara a sua, mas eu fiquei por dias em casa. Solitário. Posso dizer que senti um por cento da sua dor.

–  Obrigado, eu tomei minhas decisões, eu não vou me apresentar mais. Não quero mais nada disso, nem fama, nem nada –  disse ele, olhava para algum ponto invisível e distante.

Não queria que ele fizesse aquilo, o que eu poderia dizer para ele? O que mudaria? Mordi o lábio e como ele, fixei o olhar em algum ponto distante.

–  Joguei todas as minhas perucas e roupas e maquiagens fora.

–  Não, por quê? –  praticamente gritei.

–  Porque sim, dei um basta a tudo isso! Não quero mais ser drag. Não quero. Jason não vai estar aqui para ver, nem meus pais, nada disso importa. Os pais dele? Pensei, ele nunca tinha falado nada diretamente sobre isso. Sozinho eu não conseguiria ajudar o Bryan, eu sei de uma forma, mas para isso eu precisarei de ajuda... E, bem, ele não está aqui no momento.

–  É difícil –  falei para não complicar ainda mais. –  Sei que não é o melhor momento para trazer más notícias, mas você soube do pai do Troye?

–  Não, não soube, o que houve? –  ele me olhou com os olhos arregalados.

–  Ele sofreu um acidente. Está internado. Mas já está fora de perigo. Conversei com ele, esses dias. Ele deve estar voltando para cá.

_Ah sim, bom para ele, quero dizer que bom que o pai dele está bem.

–  Sim, bom Bryan, eu vou ir agora e quando eu voltar não quero te ver dessa forma, não desista! Por mim, por Luce, por Troye e acima de tudo, por você e por Jason... –  falei e me levantei.

–  Pode deixar.

Nos despedimos e retornei para casa, sem acender luz alguma, deitei no sofá e observei a janela da sala. Haviam alguns poucos edifícios de lado ao do meu. A luz das salas e quartos refletiam na minha sala e eu fiz o que não fazia a muito tempo, comecei a "vigiar" a vida das pessoas. Percebi também como Bryan, Troye e Nova Iorque tinham me mudado.

Assisti aos garotos em suas vidas privadas e casais e famílias. Desatentos, não se importavam com nada além da vida deles. É, o que eu estava pensando? Eu sou assim também. Peguei meu celular e adicionei todos os aplicativos que eu me lembrava, hora do garanhão aqui voltar...