Capítulo 12 - Troye

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Troye - Emocionado

Branco.

Branco para toda parte, as paredes, as portas, as vestes dos médicos. A cor entrecortada somente por simples e poucas coisas como um sapato, um livro ou pasta que alguém carregava e a blusa de lã de Troye, adequada para o frio em tons azuis e preto. Troye encarava a ponta dos tênis quando a sua mãe lhe disse que podia entrar.

Troye se pôs de pé e hesitou com a mão na maçaneta, ele sentia o olhar da mãe em suas costas. Ele não sabia como se sentir, isso era tão estranho. Abriu a porta e aos poucos adentrou, observando primeiro o quarto para em seguida olhar para o pai. Envolvido em cobertas também brancas, percebeu Troye, estava ele, um homem que para Troye costumava ser rígido e forte como uma pedra, sim, uma pedra.

Ele estava tão calmo que para Troye poderia estar dormindo, mas o leve movimento dos seus olhos se abrindo e fechando e as mãos se erguendo como se pudessem tocar em Troye lhe indicavam que ele não estava. Ele lhe parecia mais velho naquela cama e naquele lugar. O que devo dizer? Pensou Troye e se sentou ao lado dele.

–  Oi, pai... –  não era muito, porém era um começo.

–  Oi filho, oi Troye. Senti sua falta –  falou ele com certa dificuldade, Troye o encarou sem saber o que dizer mais uma vez –  Como você está? –  perguntou o pai lhe poupando pensar mais.

–  Estou bem, eu estou trabalhando e entrei para a faculdade, quero dizer, tentei... –  disse Troye como se estivesse pisando sobre o gelo prestes a rachar.

–  Entrou na faculdade? Fico feliz meu filho, eu sabia que um dia escutaria o seu pai.

E Troye abaixou o olhar ao declamar as próximas palavras:

–  Mas não é a faculdade que o senhor quis para mim, eu...

–  Tudo bem, eu não me importo –  interrompeu o pai de Troye com um sorriso no rosto_O importante é que você está fazendo o que gosta e se estiver feliz. Eu estarei feliz também.

Involuntariamente a mão de Troye subiu e tocou a do pai, este com um pouco de firmeza a segurou e seus olhos se voltaram para Troye. E algo que Troye nunca havia visto acontecer, aconteceu. Seu pai estava chorando...

–  Obrigado pai –  e finalmente Troye abraçou ao pai.

Mesmo que receoso a conversa passou a ser acalorada, Troye contou tudo, ou melhor quase tudo, sobre Nova Iorque. Omitiu detalhes que achou desnecessário. Seu pai lhe questionou se estava namorando ou se estava com alguém e ele apenas acenou com a cabeça que não. Infelizmente o tempo de visita acabou e aquele havia sido, para Troye, um momento que ele jamais diria um dia ter passado. Perceber que o pai precisou passar perto da morte para então, entender que Troye poderia ser quem ele queria ser, quem ele nasceu para ser.

Despediu-se com um abraço caloroso e saiu do quarto, a mãe de Troye conversava com um médico e lhe pareceu estar mais calma e aliviada.

–  ...ele está melhor, podemos até falar em dar alta para ele para os próximos dias.

–  Obrigada, doutor. Eu agradeço! –  respondeu a mãe.

–  É sério? Ele está bem?

–  Está melhor sim, ele ficará sem sequelas e isso é o que importa, só precisará de muito repouso. Sem fortes emoções e ele ficará plenamente bem.

Agradecendo ao doutor, Troye e a mãe se entreolharam, em uma resposta silenciosa foram embora. Troye estava se sentindo emocionado.

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