Capítulo 5 - Bryan

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Bryan - Infelizmente

Luce empurrou a cadeira de rodas de Bryan para dentro do pequeno apartamento. Bryan apesar de estar fraturado e estar triste, Luce sabia, ele estava sorrindo e fazendo piadas com enfermeiros gostosos e fantasias com médicos e seus termômetros. Jason entrou em seguida e fechou a porta, Luce deixou a cadeira ao lado do sofá e Jason e ela se sentaram olhando para Bryan.

–  O que foi? Eu estou bem. Vou ficar bem. Jason o senhor pode voltar para casa e Luce bem, Luce você faz o que quiser, é grande já.

–  Eu ficarei aqui Bryan. Esta noite, que tal sessão de RuPauls?

Bryan semicerrou os olhos e encarou Jason que deu de ombros.

–  Ah vai Bryan, temos que fazer alguma coisa por você, ficaremos aqui, eu farei pipoca, quer queira quer não.

–  O milho tá no armário de baixo –  falou Bryan e sorriu.

–  Ótimo e além do mais, é só um mês, logo você vai estar se apresentando de novo e eu e o Jason estaremos lá para ver. Não é Jason?–  falou Luce com a voz firme.

–  É sim –  respondeu Jason.

–  Você –  apontou Bryan para Jason –  eu não ia falar nada, mas não quero você desaparecendo com qualquer um que conhece por aí nos clubes, está entendendo?

–  Eu sei, não fizemos nada demais. Eu juro.

–  Jason! Eu te conheço, vocês transaram?

Jason hesitou e Bryan sabia que sim.

–  Coloca logo o RuPauls aí, quinta temporada, quero ver a Alaska ThunderFuck –  afirmou Bryan e girando a cadeira passou para a cozinha.

–  O que quer Bryan? Eu pego para você.

–  Não, Luce, deixa eu fazer alguma coisa por mim. Por favor, eu preciso, você sabe ou vou enlouquecer.

–  O pior é que eu sei. E logo eu vou atrás da previdência para você, espero que ganhe alguma grana com isso –  comentou Luce, despejando as pipocas em uma bacia.

–  Também espero, é o único jeito para eu me manter agora. E tem que avisar o Vallety e os outros que não irei me apresentar por um tempo.

–  Sim, farei isso, assim que der –  respondeu Luce de boca cheia –  Vem, vai começar.

E na hora de dormir, com ajuda Bryan deitou na cama, Luce e Jason dormindo no sofá e em camas improvisadas. Logo adormeceram, mas Bryan de olhos bem abertos não conseguia dormir. Para piorar, não podia mexer-se muito. No fundo, Bryan se sentia solitário mesmo com seus amigos ali, sentia falta dos pais.

Os dias pareciam eternidades, mas quinze dias passaram rápido demais. Luce deveria estar a uma hora dessas na previdência para ele e ele aguardava a ligação dela. E o tédio o consumia, Bryan estava entrando em desespero. Já tinha assistido todas as temporadas de RuPauls e outras séries, não queria mais ver.

Luce o ligou e explicou sobre a perícia que ele faria, dando positivo ele receberia algum valor, ele não devia esperar por muito, falou ela. Ele sorriu e agradeceu se não fosse Luce, ele estaria perdido.

Vallety e os outros donos dos clubes ligaram, o gerente do restaurante que ele trabalhava também ligou, todos desejando melhoras e anunciando que o que ele precisasse poderia ligar e pedir. Bryan agradeceu e se fechou dentro de casa. Luce o visitava, mas ela tinha uma vida também, não poderia cuidar dele. Ele também não queria isso.

Jason o visitava nos fins de semana.

–  E a perícia ficou para quando? –  perguntou ele para Luce.

–  Você vai estar andando já, eles vão querer avaliar dia 5 –  explicou.

–  É não falta muito, mal vejo a hora, quero sair logo dessa cadeira de rodas.

–  Você não me falou de onde veio essa cadeira de rodas –  hesitou Luce.

–  Era do meu pai.

Luce se calou e não perguntou mais. Primeiro porque ele não falaria mais e segundo, a história dos pais de Bryan bem não terminava nada bem. Luce o fez companhia e dormiu aquela noite com ele. Bryan estava louco para melhorar e isso era visível, ele nunca gostou de ficar parado, nem de depender dos outros.

–  Tem falado com aquele seu amigo que você pegou o telefone? Hugo, não é? –  questionou Luce curiosa, mais para passar o tempo.

–Não, não tenho, nem mesmo tenho porque. Ele deve ser um homem ocupado.

–Talvez, talvez.

Finalmente o dia da perícia chegou e Bryan já andando, porém restrito a andar de muletas para evitar quedas se encaminhou para a saleta do médico, este um homem severo lhe atendeu e concluiu que ele receberia sim, deveria dar a entrada ali mesmo na recepção e esperar dali alguns dias saberia o valor e onde tirar.

–  Que ótimo Bryan, fico contente e quanto é o valor? –  perguntou Luce. Jason e ela olhavam para ele ansiosos.

–  Setecentos dólares –  respondeu ele e observou Luce franzir o cenho e Jason olhar para ela, sem entender se era algo bom ou ruim –  Não é muito, nem metade do que eu esperava mas dá para pagar o aluguel, segunda-feira eu volto a trabalhar na lanchonete e tudo vai melhorar.

–  Sim, esperamos e queremos ver suas apresentações, imagino que esteja doido para se apresentar, não é? –falou Jason.

–  Sim, estou morrendo de vontade de voltar. Subir ao palco, mais uma vez.

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