O susto

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Me sinto tonta ao acordar, abro os olhos bem devagar, pois tudo está embassado. Quando minha visão focaliza, vejo que eu ainda estou na casa da Mel, deitada numa cama, no quarto dela talvez. Tento me levantar, mas algo me empurra de leve para trás, levanto o olhar e vejo Trick com um olhar de preocupação.
- Candy você não vai à lugar nenhum, ficou doida? Bonequinha, você ficou desmaiada por uma hora e quarenta minutos, você quase me matou de preocupação. E eu tive que fazer você beber água, como? Eu não sei. Agora você vai ficar aí repondo as forças que perdeu tentando me derrotar. Entendido?
- Você parece meu pai. - Foi a única coisa que eu disse.
Mel e My entraram no quarto e correram em minha direção.
- Você está melhor? - Pergunta Mel.
Balanço a cabeça afirmativamente.
- Garota, você quase nos matou de preocupação, durma um pouco, daqui a uma hora você e Patrick voltam para o 8.
Eu estava fraca, cansada e um pouco trêmula, então foi fácil conseguir dormir.
Eu acordei dentro do carro de Patrick, o sol bate no vidro dianteiro, fazendo com que eu não veja nada. Pisquei os olhos algumas vezes para focalizar a visão, então eu percebi que eu estava amarrada. Procurei Patrick, ele não estava, olhei direito o local, o carro está parado num local deserto, vejo uma movimentação nas árvores à minha frente. Eu levo um susto quando Trick sai de lá mancando, com cortes e hematomas em todo o corpo, ele está sangrando, perdendo sangue, mas nem tanto, eu me debato feito uma louca no banco do passageiro, ele me vê e tenta correr em minha direção, quando ele chega perto do carro, ele pega uma faca de algum local e abre a porta, corta as cordas e tira a fita que estava na minha boca, que eu não havia percebido desde então.
- Ai meu Deus Trick, o que aconteceu? - eu disse agoniada e em pânico ao mesmo tempo.
Ele pegou a faca e começou a cortar as cordas que me prendiam.
- Sabe aquele cara que eu matei porque ele estava tentando abusar de você?
Balancei a cabeça afirmando.
- Ele era um bandido, e tinha capangas, esses vieram e me torturaram, prenderam você, então dois entraram no carro e o terceiro falou para mim correr para dentro da floresta. Eu esperei vinte minutos lá para depois voltar. Você está bem?
- Eu estou com uma dor de cabeça insuportável. - passei a mão da minha cabeça até minha nuca, então percebi que estava sangrando. - Mas que droga é essa?!
- Você provavelmente bateu a cabeça.
- Ainda bem que o carro está inteiro. Imagine eu e você voltando pra casa a pé. Ah ... desculpe ... fui indelicada... O que fizeram com você?
- Ficaram fazendo cortes na minha pele, cortes que não estão profundos, mas eu estou odiando ficar assim.
- A culpa é minha! - eu disse abaixando a cabeça - Eu dirijo, só preciso que você me diga o caminho para casa, você não pode ficar assim, não por minha culpa.
- Ok, mas saiba que a culpa não é sua, meu dever é te proteger, e eu vou fazer isso até depois da morte.
- Até depois da morte?
- Até depois da morte, bonequinha. - ele disse acariciando minha bochecha com o polegar e depois me deu um beijo na testa.
- Ok, vamos? - ele perguntou.
- Vamos.
Estávamos um quilômetro fora da pista, chegamos umas três horas depois na nossa rua, passei pela frente da casa de Patrick.
- Ei, minha casa é ali! - ele disse confuso.
- Calma, eu não vou te deixar em casa com vários cortes no corpo. Pelo menos eles só ficaram deslizando a faca em você, nada profundo.
- Verdade, eu tenho sorte.
Quando ele terminou de falar o meu celular tocou, era Mel.
- Alô?
- CANDY, EU VI NO JORNAL... VOCÊ ESTÁ BEM?!
- Sim. - expliquei tudo pra ela, que deu um suspiro de alívio.
Entrei em casa, e falei pro Trick fazer o que quisesse, eu fui tomar banho.
Eu passei a mão na minha cabeça e havia um corte, bem en cima da nuca.
Aquilo iria cicatrizar bem rápido, então deixei o corte quieto, coloquei uma roupa larga e confortável e fui para a sala.
- Eu aconselho você a tomar banho. O problema é que eu esqueci de falar pra você antes, então você tem que ir pra sua casa.
- Ok, mas você vai pra lá depois né?
- Vou. - Eu disse revirando os olhos - E outra coisa, em que parte do corpo eles te machucaram?
- No peito, nas costas, nos braços e na nuca, por que?
- Porque você tem que estar sem camisa para poder passar o bálsamo, né lerdo.
- Ah sim, você que manda bonequinha.
- Se eu fosse sua irmã de verdade eu já teria quebrado seu nariz.
Ele riu e foi embora.

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