A decisão

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Limpo as lágrimas e saio do quarto.
- Alex e Davis, dêem um jeito no corpo de Linda. - digo e eles assentem e saem do corredor - Garotas se preparem, amanhã começaremos outra missão, agora será: Myla, Alex, Melanee e Davis no centro. Eu, Patrick, Mason e Cinder vamos para o sul. - Patrick dá um sorriso - Bem, todos estão tristes, mas enfim... Não sei o que dizer... desculpa...
- Que nada Candy... - Myla diz desanimada - Todos estão assim... Não adianta tentar animar ninguém.
- Eu queria que alguém tentasse me animar... - resmungo baixinho - Vou dar uma volta...
- Com espiões lá fora? - Cinder pergunta preocupada.
Mostro pra ela o revólver preso na minha cintura e saio.
O vento frio bate na minha pele, eu corro até a pracinha que fica uns dois minutos da minha casa, cheguei na frente dela e saltei na fonte seca que tem lá. Depois sento no único banco e fico balançando as pernas no ar tentando esquecer os acontecimentos desses curtos dias, a dor de Patrick por perder a mãe, a minha dor de pensar em perder Cinder ou Patrick, na dor de perder Jeff e Linda, e a dor de imaginar a dor dos outros. Levanto e fico andando pelas árvores, passo o dedo pelos seus troncos, depois pelas suas folhas, sinto as diferentes texturas até escutar um barulho. Saco minha arma e viro para trás apontando a arma.
- Ei, calma.
- Calma?! Eu estou numa praça deserta, com espiões assassinos andando por aí, aí do nada escuto um barulho, você acha que eu não ia me assustar com você aparecendo do nada?
- Mas Cinder pediu, e eu também não ía deixar você sair sozinha por aí.
Ele passa o braço pelo meu ombro.
- Patrick... Você pode se abrir pra mim se quiser, não sei como você está...
- Pra falar a verdade eu estou desmoronando por dentro, minha mãe, ela não queria me deixar vir para cá, Jeff e Linda choraram quando eu tomei essa decisão, eu lembro, eu fui grosso com todos eles, e agora nem me desculpar eu posso, isso me corrói, ainda não caiu a ficha que eu nunca mais vou poder pagar a promessa de deixar a filha de Linda me maquear...
- Como assim? - pergunto sorrindo.
- Uma vez eu perdi uma aposta pra ela e ela me fez prometer isso. E muito menos sair com o Jeff depois do casamento dele em um carro com os vidros abertos e mostrar o dedo do meio todas as vezes que nós passássemos na frente das casas das ex namoradas dele.
Começo a rir.
- Deve ser triste lembrar dessas coisas... - digo.
- E é mesmo... - ele se joga no chão. E eu me deito ao lado dele - Mas pode voltar atrás?
- Não...
- Além de que, eu ainda posso perder Myla, Mel, você... Ai como eu sou pessimista.
- Na verdade você está sendo realista. Realmente se alguém morrer agora eu vou sentir mais, por que além disso Davis era meu vizinho e Alex meu melhor amigo... Se eles morrerem vou ficar sem chão também.
- Se Alex é seu melhor amigo, eu fiquei de lado?
- Não, você também é, mas... Não complica as coisas Patrick.
- Tudo bem, eu sei que eu sou chato as vezes.
- Sempre.
- Ah, nem tanto né? - Ele vira o rosto pra mim, e eu faço o mesmo.
- Acho que eu fui a pessoa que mais convivi com você durante essas semanas, então eu posso dizer que é sempre. Ou podemos dizer que você fica sensível e começa a chorar do nada.
- Falou a pessoa que conseguiu molhar uma camisa com lágrimas.
- Está sendo chato de novo.
Ele levanta e me ajuda a levantar.
- Está com frio?
- Um pouco.
Ele tira o terno que ainda estava vestindo e me dá. Lembro que ainda estou com o colar.
- E o seu colar?
- Cinder pediu para mim tira - lo. Aí eu nunca mais vi.
Tiro o meu e entrego a ele.
- Toma.
- Mas é seu...
- Quer saber, você precisa quebrar alguma coisa. Faça o que você quiser.
Ele joga o colar para longe, e eu fico sem entender.
- Esse era um símbolo antigo que significava que a morte pode ser mais feliz que a vida ou que o amor pode ser mais forte que tudo até a morte. Isso é meio confuso mas, enfim, você já viu a lua?
- Você é muito ruim em mudar de assunto sabia?
- Mas eu sou bom em outras coisas... - ele puxa a minha cintura.
- Não Patrick.
Ele me solta.
- Ok, então eu vou perguntar, uma única e última vez... Candel Detheer, você quer namorar comigo?
Ele se ajoelhou, juntou as mãos e fez biquinho.
Eu senti meu rosto esquentar, eu comecei a rir.
- Talvez...
Eu não queria concordar, mas era o único jeito de ser feliz no meio do luto e do perigo.
- Talvez não é uma resposta definida. - ele diz se levantando.
- Tudo bem eu quero. - ele se aproximou de mim - Mas sem melação, senão você vai ficar sem os dentes.
Ele se afasta e beija a minha bochecha. Ficamos contando acontecimentos estranhos da nossa vida até chegarmos em casa. Ele me tratou como amiga até agora, tomara que tudo não acabe tão rápido.

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