A sala negra

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A minha e a dele foi a última luta. Elas funcionavam assim, você e seu oponente entravam numa sala, onde apenas os professores e técnicos do TC podiam te ver.
- Srta. Candel e Sir. Patrick. - Diz Richard.
- Pronto pra apanhar desgraçado?! - pergunto ao meu oponente.
- Candy, você sabe que tudo mudou, me desculpa.
- NÃO ME CHAME ASSIM!
Ele se calou.
Eu sei onde ele está ferido, e sei como machuca - lo mais! - penso.
Nossa luta foi breve.
Eu acertei duas joelhadas em seu estômago, o que fez ele cair, chutei suas costelas com muita força pensando nas cuspidas na cara que recebi até os 12 anos. Me abaixei e soquei seu rosto lembrando dos momentos mais solitários da minha vida, eu ficava chorando e ... ahh como eu fui trouxa! Pisei com força em seu rosto! E então me arrancaram de cima dele. Foi então que eu o vi, sangrando pelo nariz, indefeso e com um ferimento aberto.
Se eu sinto culpa?
Nenhuma.
Cheguei em casa louca pra descontar o resto da raiva que sobrava em mim em alguma coisa! Eu havia passado na frente da casa de Patrick e vi um carro de ambulância.
Peguei um copo de vidro e joguei com toda a minha força na parede!
- VOCÊ É UMA IDIOTA CANDEL DETHEER! - eu disse para mim mesma - MAS ELE MERECEU! ELE MERECEU! SEJA FRIA, DURA E FIRME! - comecei a chorar.
Parei de chorar uma hora depois e fui comer alguma coisa. Cheguei na cozinha e perdi a fome, voltei para o quarto e dormi.
Acordei exausta. Subi para o telhado e fiquei sentada, fechei os olhos e deixei os primeiros raios de sol penetrarem em minha pele pálida. Depois fui tomar banho, e o cansaço continuou.
Coloquei uma roupa leve,hoje não vai ter aula prática. Eu acho.
Cheguei no CT de cabeça em pé, fiquei mais orgulhosa quando vi que meu nome estava em todo lugar, obviamente estava com o nome dos outros vencedores, me senti bem.
Abri meu armário e havia uma cartinha, eu virei o papel para ver de quem era e descobri que era de Patrick.
" Oi, me desculpa, eu não tinha consciência do que eu fazia, te peço perdão por tudo.
Com Carinho.
Patrick. "
Ele vai ter que fazer mais do que escrever uma carta para ganhar o meu perdão, peguei a cartinha e joguei no fundo do armário.
Fui para sala e me preparei psicologicamente para uma aula afogada no tédio.
A professora Ray entra. E já começa:
- Vocês foram testados! - ai, que voz afetada agoniante - Agora serão de novo! Você e sua dupla terão que se defender no próximo teste!
Eu gelei.
- Iiiiiii! Lascou! - Mel disse olhando pra mim.
Eu levantei a mão e disse: - VOCÊS ESTÃO BRINCANDO NÉ? NÃO VOU PROTEGER NINGUÉM!
- Seria mais fácil me proteger se você não tivesse quebrado minha costela! - diz Patrick meio irritado.
- Cala a boca que eu não falei com você! - eu disse morrendo de raiva.
- Você não tem que querer nada! Apenas obedeça! - Diz a professora Lewis.
MERDA! VOU TER QUE ME DESDOBRAR PARA PROTEGER A MIM E AO IDIOTA DO PATRICK!!!!! - pensei.
O teste era simples, vão jogar a dupla em uma sala e lá eles terão que se defender e proteger o outro dos perigos ali encontrados.
P

atrick estava andando normal, mas a cada passo ele fazia uma careta de dor. Entramos na sala, somos os primeiros, ela estava escura, sem nenhum tipo de claridade.
- Eu tô com medo! -diz Patrick.
- Você é um frouxo!
Do nada as luzes se acendem e vários homens armados vem em nossa direção, estamos apenas com facas e arcos. Um pula em cima de Patrick, eu cravo a faca em suas costas e levanto o Patrick. Um cara puxa meu cabelo e coloca a ponta de uma faca em minhas costas. Patrick lança duas flechas em sua cabeça, mas logo depois um homem aparecem atrás dele, e eu sem hesitar atiro uma faca no cara, ele cai. Parece que os todos os homens estão no chão.
- Cuid... - diz Patrick antes de um cara acertar a sua cabeça com um pedaço de madeira.
Graça a ele eu me viro a tempo e vejo um homem apontando uma arma pra mim eu fico imóvel.
- Encosta na parede! - O cara grita.
Eu vou até a parede e fico com as costas coladas nela. O cara continua com a arma apontada pra mim. Então ele me olha com uma cara de desejo é rasga a minha blusa, eu fico em pânico, não sei o que fazer. Mas antes de aquele cara nojento fazer qualquer coisa comigo, ouço um zumbido e o homem cai no chão, há uma flecha em sua cabeça e outras duas nas costas atrás do coração, levanto olhar e vejo Patrick com nojo e ódio nos olhos, seu olhar encontra o meu e fica calmo, corro até ele e o abraço.
- Obrigada ... Obrigada ... Eu não sei o que teria acontecido se você não tivesse acordado a tempo! Eu sou uma idiota! Me perdoa!
- Eu que tenho que lhe pedir desculpa! - ele diz presionando-me contra seu peito, ouço seus batimentos acelerados - VOCÊS FORAM MUITO BAIXOS! - Ele diz apontando para o vidro negro por onde os técnicos assistem tudo. - Calma Candy! Tá tudo bem! - ele diz acariciando meu braço. - VOCÊS SÃO LOUCOS! - ele se vira para o maldito vidro negro.
- Vai ficar tudo bem agora? - pergunto trêmula e horrorizada.
- Vai sim meu anjo! - diz ele me abraçando forte - Vai sim!

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