Capítulo 23

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Allan

Karla parecia mais animada do que o normal, o que não deixava de ser suspeito. Quando bati na porta ela gritou tão eufórica que chegou a me assustar. Quando perguntei o porque do tom de euforia, ela não sabia o certo o por que, apenas colocou a cabeça para fora do banheiro piscou e voltou para o que estava fazendo.

– Linda. – Escutei um estalo como se ela estivesse beijando alguma coisa, mas tinha quase certeza de que ela estava mandando um beijo para si mesmo diante ao espelho. Ela voltou para o quarto, colocou as mãos na cintura apoiando seu peso em apenas em uma das pernas quando viu que eu a olhava com a sobrancelha arqueada. – Que foi?

- Você fala sozinha? – Perguntei rindo.

- É. Gosto de me elogiar as vezes, ninguém faz, então faço eu. - Ela virou-se de costas e riu.

- Isso é apenas para levantar o seu ego, você sabe que é bonita. - Comentei a analisando de costas, ela estava com uma blusa de mangas cumpridas, era de um tecido fino, mas ainda sim tinha mangas que chegavam até os dedos, era um tom de vermelho sangue, a saia da escola como sempre batia no meio das suas coxas e as meias estavam lá. Por mais que eu quisesse acreditar que ela não havia feito nada, ela fez. - Por que a manga cumprida?

- Estou com frio. - Ela deu sinal que voltaria para o banheiro, mas antes disso eu caminhei em sua direção e a segurei pelo braço, fazendo ela virar para mim.

- Não é frio. - Levantei a manga de sua blusa, e pelo jeito a manga certa, havia um curativo em seu pulso. Fechei os olhos e respirei fundo para manter o tom de voz. - Por que se cortou?

- Não me cortei. - Havia um sorriso de deboche em seu rosto.

- Eu vi Tomas olhando para os seus braços ontem, depois eu fui falar com ele sobre a lâmina que estava segurando e ele me contou. - Puxei o curativo do seu pulso. - Me alertou exatamente sobre isso. - Karla desviou seu olhar para o chão.

- Pare, okay? Chega, o que mais você vai fazer, já levou a porra das bebidas, não pode tirar isso também. Eu não aguentaria. - Ela puxou o ar desesperada. - Isso nem ao menos interessa a você, então me deixa.

- Só me diga o por que.

- Isso não é da sua conta. - Ela puxou o braço com força e abaixou a manga.

- É quando eu sou seu responsável aqui. - A encarei. - Só me faça entender.

- Não vai conseguir. - Sua voz saiu em um sussurro.

- Foi por causa de ontem, não foi? - Eu apenas deveria ter ficado com ela na noite passada. - Porque pegou no ar que eu veria Zoe.

- NÃO ME CORTEI POR SUA CAUSA. – Karla disse zangada encarando meu peito. – Esta além disso.

- Mentira.

- E quem é você para dizer se eu estou mentindo? - Entrou no banheiro batendo os pés no chão. - Você não sabe nada sobre mim. - Parou na porta e me olhou por alguns segundos.

- Sei o suficiente para dizer quando você mente, não consegue me olhar diretamente nos olhos. - Aproximei-me dela. Poderia não conhecê-la completamente, mas sabia de coisas que até mesmo ela não parecia saber. - Mas você tem vergonha de mentir, então entra no banheiro e fala comigo ai de dentro. - Apontei para o banheiro.

- É complicado pra mim... E espero que tenha terminado. - Ela estava com as sobrancelhas arqueadas.

- Você não respondeu o que eu perguntei ainda.

- Me parece que já sabe a resposta. – Aquele sorriso sem humor apareceu. – Quer ouvir a resposta de mim? Por que? Não quer se sentir culpado? Ou tem esperança de que eu te de outra resposta? - Balançou a cabeça em um não. - Você levou as bebidas, lembra? Eu precisava descontar em algo, foi por sua causa, se você tivesse deixado, pelo menos, uma garrafa, eu estaria com ressaca agora ou muito bêbada, e não com um dos pulsos cortados. – Ela pegou a mochila a colocando nas costas, abriu a porta do quarto e saiu por ela.

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