Capítulo 31

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Karla não ficou nada feliz quando descobriu que não havia nada saudável para se comer na minha casa, mas acho que o que mais a chateou foi saber que não havia suco de laranja. Eu sabia que teria que pedir comida mais cedo ou mais tarde, já que não havia nem comida congelada no meu freezer.

Ela ainda estava sentada no sofá, nós havíamos acabado de discutir sobre o que assistir e nós só entramos em um acordo quando ela disse desenhos animados. Minha mesa de centro estava cheia de embalagens de salgadinhos, já que era a única coisa que havia nos meus armários ainda... Sem contar a cerveja.

A garota estava balançando o pé em um ritmo frenético, até parecia que seu sistema nervoso havia dado pane. Aproveitei o embalo para puxar o sapato do seu pé que balançava. Karla me olhou curiosa, mas deixou escapar um gemido de alívio. Se aquela coisa estava incomodando tanto, por que ainda estava com aquilo?

- Seus pés estão doloridos, não? - Olhei seu pé que estava vermelho.

- Meus pés estão moídos. - Respondeu. - Eu corri com essas coisas, isso quebra qualquer um.

- E por que ainda está com eles? - A encarei.

- Não queria perder a pose tão cedo. - Fez um sinal com as mãos.

- Karla, você correu com essas coisas, que pose você quer manter exatamente? - Levantei sua outra perna e puxei o sapato do seu pé.

- Aquela que nunca se deve sair do salto... Graças a Deus. - Ela fechou os olhos e pisou no chão com delicadeza até firmar os pés. - Como é bom pisar no chão sem essas coisas. - Mexeu os dedos dos pés de um jeito infantil.

- Você deveria descansar um pouco. - Entreguei seus sapatos. - Tem um banheiro no meu quarto, você pode tomar banho e dormir um pouco. Seu corpo precisa relaxar.

- Eu sei. - Murmurou. - Eu só... Estou com medo de dormir. - Ela continuou a olhar para a TV. - A perseguição na escola, agora isso. - Encolheu os ombros. - Eu sinto medo. Sonho o tempo todo com essas coisas.

- Seu cérebro esta tentando banalizar os acontecimentos. - O enfeite dos seus cabelos estava se soltando. - É meio tosco, já que ele não te deixa dormir reprisando coisas assustadoras. - Puxei o enfeite e seus cabelos se soltaram. - Gosto dos seus cabelos soltos.

- Você gosta de mim? – Sua voz não estava em seu tom habitual, saiu tímida, ela estava olhando para o barrado do vestido vermelho como se não tivesse outro lugar para olhar.

- Claro que gosto de você. - Arqueei a sobrancelha a encarando.

- Não gostar... Tipo, gostar! – Ela deixou os ombros caírem.

- Caralho, mais uma. - Joguei a cabeça para trás e encarei o teto. Tomas, Ashley e agora Karla. - Esse termo é um filho da puta. Sabe quão complicado é para diferenciar os dois? - A olhei. Karla encolheu os ombros sem jeito.

- Sarah diz que rola tensão sexual entre a gente. - Karla bateu as mãos no colo. - É que você me deixa confusa, nós brigamos na maior parte do tempo, sem parar. Eu surto, então você surta também. Mas as vezes fala dos meus peitos, nós temos conversas legais e hoje mais cedo me disse que se eu quisesse você na minha vida eu teria que esperar. - Ela mexeu em seus cabelos o fazendo voltar para o seu penteado habitual. - Você está deixando meu cérebro confuso. - Apontou para sua cabeça. - Vai me fazer ter uma pane.

- Karla. - Comecei a rir. - Você é uma garota bonita, sabe disso. Tem um corpo bonito e é impossível não reparar nos seus seios. Eles são... grandes, ok? - Respirei fundo. - Nós brigamos porque você tem um temperamento difícil de lidar, já contou quantas vezes já discutimos hoje? Mas da mesma forma que você explode você se acalma, você é difícil com toda a certeza, mas isso não quer dizer que sua amiga esteja errada, tenho essa sensação a maior parte do tempo quando estou com você. Já reparou como reagimos quando estamos perto de mais, ou quando eu te toco? Nossas respirações mudam, sua pele costuma ficar arrepiada e seus músculos tensos, sua boca fica entreaberta e começa a respirar por ela, você me olha esperando que eu te beije, e eu espero que nem uma merda aconteça quando você dá um passo para frente, porque quero te beijar tanto quanto você quer. - Puxei seus cabelos para trás. - Sim, Karla, eu gosto de você. Não teria dito para esperar se fosse ao contrário. - Ela sorriu. - Mas tem que entender também que não devemos nos envolver, não agora.

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