Capítulo 39

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Capítulo 39

Estávamos há horas na estrada, em pleno silêncio. Até verifiquei Karla várias vezes para saber se estava ou não dormindo.

Havia jogado o colar que a garota usava muito antes de sair da cidade. Apenas o atirei pela janela, não sabia o que poderia acontecer caso tentasse destruí-lo.

O GPS não parava de falar durante as duas primeiras milhas e isso quase me fez jogá-lo pela janela junto com o colar. Seguiria o mapa se fosse preciso, mas depois de alguns instantes, pareceu irritar a senhorita ao meu lado, que o colocou no mudo, depois de muito fuçar.

A atenção de Karla estava na rodovia que havíamos tomado, olhava a paisagem que passava por nós. Ela parecia sentir sono, mas também não queria dar o braço a torcer. Não era a única, meus olhos pareciam pesados, queria tirar um cochilo, mas não seria por agora. Ainda tínhamos um longo caminho a percorrer.

Logo mais pararíamos, nem se fosse por um pequeno tempo, precisava sair daquele carro, nem se fosse para ir ao banheiro e voltar. Estava ficando exausto. Olhei para Karla e respirei fundo. Eu poderia deixá-la dirigir por um tempo, apenas para dormir um pouco e poupar tempo.

Os olhos da garota ainda estavam na paisagem, ela parecia gostar do vento em seu rosto.

Parar ou deixar Karla dirigir?

Suspirei e balancei a cabeça em um não. Uma pausa não faria nada mal.

Não sabia com quem Karla havia aprendido a dirigir, e nem se sabia fazê-lo bem. Sei que meu irmão tem a mesma idade e que com toda a certeza ele jogaria o carro na primeira árvore em sua frente, ele costumava ser um ímã para encrencas e não queria saber se Karla tinha o mesmo problema. Caso contrário, estaríamos fodidos e no meio do nada.


Nossos assuntos haviam acabado em menos de uma hora dentro daquele carro, já estávamos entediados há horas e eu não queria falar sobre o seu caso. Poderia afastá-la de uma maneira negativa e isso era o que eu menos queria.

Karla mexeu-se de um jeito ansioso em seu acento, esticou as pernas e puxou os cadarços do all star.

Minha atenção ficou dividida entre a pista e ela, estava prestes a perguntar se ela estava pensando em antecipar alguma coisa que interessaria a nos dois quando a vi puxando o calçado.

Suspirou aliviada quando colocou seus pés no chão e soltou o sinto. O que diabos ela estava pensando que estava fazendo? Desviei meu olhar para ela e a vi inclinando-se para trás, atrás da sua bolsa.

- O que você acha que está fazendo? – Olhei para a estrada.

- Tentando pegar minha bolsa.

– Sério? Achei que estava fazendo alongamento. - A olhei pele retrovisor.

- Haha. - Ela tinha uma bunda enorme mesmo. - Você fez a pergunta estúpida.

- Você sabe que isso é perigoso? Posso ter que desviar de um caminhão, você pode voar em minha direção, me fazer bater o carro e nós dois vamos pra bosta. - A escutei bufar.

- Você é chato! - Puxou a bolsa e voltou a se sentar ao meu lado. - Feliz?

- Muito. - Resmunguei.

A vi tirando da bolsa uma caixinha de balas de menta. Brincou com ela por alguns segundos e pescou uma pequena bala, tentou jogá-la na boca, mas bateu em seus lábios e escorregou pelo seu decote.

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