Capítulo 48

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Capítulo 48

Karla não ficou muito bem depois do que eu havia contado sobre Clarisse, havia me dito que precisava saber sobre aquelas coisas, mas reviver cada lembrança ligada a amiga a machucou, ela descrevia a sensação como se estivesse sendo sufocada.

Estava magoada, havia dois dias que não saia da cama, parecia doente. Seus olhos estavam fundos, seu tom de voz havia mudado, ela nem se quer estava comendo, estava sendo uma luta fazer com que ela ingerisse um pouco de comida sólida, tudo que conseguia era fazer ela beber líquidos, chá, água, suco de laranja que ela gostava tanto.

Ela pediu varias vezes para não deixá-la sozinha, e eu estava me virando em dez para distraí-la. Por mais que ela não quisesse pensar em tudo aquilo, as vezes ela viaja em seus próprios pensamentos, ela sumia, parava de prestar atenção no que eu falava, sua expressão mudava e minutos depois ela ficava agitada, ansiosa... Ela não precisava me dizer que queria beber, cortar-se, ou até mesmo sair por ai socando paredes. Eu podia ver o desespero tomando conta dela, a fazendo chegar em seu limite. E isso estava me deixando preocupado, com medo de sumir por dois segundos e ela tentar alguma coisa.

Não queria imaginar o que poderia acontecer com ela quando descobrisse quem matou sua melhor amiga e Kendra.

Meddie estava tão preocupada quanto eu. Era uma vida para fazer com que ela fosse embora, tanto que ela passou a noite na casa. Mas ela conseguia distrair Karla melhor do que eu, até conseguia fazê-la comer, ou seja, eu estava fazendo algo de errado.

Até aproveitei o tempo que Meddie estava ali, distraindo Karla, para começar o quinto diário de Clarisse. Nós estávamos quase lá. Mais alguns sinais e talvez tudo estivesse resolvido. Qualquer coisa poderia ajudar.

Estava evitando pegar os diários na frente de Karla, até mesmo sumi com todos eles da vista dela, não sabia o tipo de crise que poderia lhe trazer se ela resolvesse continuar a leitura e descobrir mais alguma coisa. Por isso só estava os pegando para ler quando sabia que ela estava bem distraída.

A feira/festa de Halloween da cidade seria naquela noite, mas não sei se Karla estava tão disposta a ir para algum lugar. Era difícil a ver levantando até para ir ao banheiro. Então eu teria que a levar, nem se fosse no colo e reclamando.

Abri a porta do quarto sem fazer barulho e a vi deitada na cama, enrolada no meio das cobertas, segurando um livro, que felizmente não era nem um dos diários. Ela parecia bem entretida, até tinha um sorrisinho no rosto.

- Tudo bem, por ai? - Ela fechou o livro e me olhou assustada. - O que tem ai? - Peguei o livro da sua mão.

- Você me assustou. - Colocou os braços para cima e espreguiçou-se.

- Era por isso que estava sorrindo? - Perguntei lendo um trecho do livro.

- É engraçadinho. - Murmurou.

- O que vem depois é com toda a certeza... Engraçadinho. - Fechei o livro. - Vamos, você já esta há tempo demais nessa cama. Tome um banho, vamos comer alguma coisa, você vai se arrumar, coloque algo quente, sem meia calça e saia, por favor, esta frio lá fora, e nós vamos a festa caipira de Halloween dessa cidade. - Beijei sua testa. - Não me obrigue a aceitar o contive de Susane para o Zumbi daquela barraca de beijos. - Ela riu de um jeito cansado.

- Eu posso estar meio estranha, mas juro que se você beijar outra pessoa que não for eu. Eu mato você. - Karla segurou a gola da minha camisa. - Eu preciso ir a um psicólogo, por favor, não me deixe dar uma desculpa, eu preciso, isso esta acabando comigo.

- Eu sei. - Mexi em seus cabelos. - Posso ver a dor lhe consumindo, posso ver seu desespero pra se livrar da dor. - Puxei seu corpo a fazendo se sentar. - Tem que ser forte, Karla. Tem que aguentar mais essa.

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⏰ Última atualização: Feb 20, 2020 ⏰

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