Capítulo 25

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Karla havia me dito que Selena já estava vindo para o colégio, o que claramente havia me poupado de uma longa e explicativa conversa antecipada. Pelo menos, não teria que repetir duas vezes as mesmas coisas.

A garota estava bem curiosa para saber o por que não havia escutado os disparos contra ela enquanto corria pelo campus. E bem, de acordo com a arma que eu havia recolhido do chão, com um casaco e guardado na gaveta com tranca, era porque estava usando silenciador. Não sei por que Karla ficou tão deslumbrada por esse fato, mas ficou. Talvez pelo fato de ser de manhã, não ter ninguém pelo campus e não querer chamar atenção com o barulho que faria sem o silenciador.

A enfermaria estava silenciosa e deserta quando entramos, mas logo se mostrou o contrário. Katharine estava na sala onde a enfermeira fazia os relatórios, as duas estavam conversando até perceberem que estávamos ali. Claramente a diretora não ficou nada feliz em saber que Karla não estava na sala de aula naquele momento, mas ficou muito mais infeliz quando descobriu o que houve. Ela não esperava que um dos melhores colégios do país estivesse enfrentando problemas com a segurança, ainda mais com um aluno em questão.

Katharine logo disse que precisava resolver alguns problemas na sala de monitoramento e saiu da enfermaria, claro, eu havia até mesmo assustado Karla por ser bem grosseiro com a mulher.

A enfermeira pediu a Karla que se sentasse em uma das macas enquanto ela pegava o que precisava.

- Acha que o projétil ficou no meu braço? - Karla sussurrou olhando a mão machucada.

- Não. - Ri.

- Não ria. - A enfermeira se aproximava com algumas coisas nas mãos.

- É que... - Acabei rindo. - Foi de raspão, Karla. Não é como se o projétil tivesse levado metade do seu braço junto.

- Então por que dói tanto? - Ela levantou o olhar.

- Porque ainda é um projétil. - Respondi.

A mulher pegou gaze, a mergulhou em um líquido e limpou o ferimento de Karla.

- Não, para. - Karla se encolheu. - Não encoste essa coisa em mim.

- Sullivan, eu preciso limpar. - A enfermeira a encarou séria. - Não pode ficar com essa coisa aberta, vai inflamar e vai ser pior.

- Mas queima.

- É claro que queima. - A enfermeira revirou os olhos.

- Ei. - Sentei-me ao seu lado. - Você já aguentou o tiro, você pode aguentar o curativo.

- Você mesmo disse que foi de raspão. - Ela reclamou.

- Claro, mas isso não quer dizer que não doeu. - Sorri. - Me de a mão. - Estendi a minha e ela segurou. - Você aguenta. - Fiz sinal para enfermeira continuar.

- Juro que se a porta do elevador não tivesse fechado a tempo eu teria ficado sem metade do braço. - A garota fez cara de choro quando a mulher voltou a limpar seu braço cheio de sangue. - Isso queima, muito. - Ela fez bico.

- Eu sei. - Apertei sua mão. - Não vai demorar. - Karla me olhou e concordou com a cabeça.

- Allan? – Selena gritava do lado de fora da enfermaria.

Olhei para trás e a vi, com dois celulares em mãos e uma prancheta. Ela havia vindo de helicóptero. O que me deixava injuriado já que ninguém me deixava usá-lo em viagens de curta distância. Selena veio em nossa direção e parou em nossa frente preocupada.

- O que houve? - Ela jogou o que segurava em meu lado e cruzou os braços.

- Acho que estavam tentando me matar. - Karla encolheu os ombros.

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