Capítulo 28

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Charles acabou me passando tudo que aconteceria no ensaio de casamento, ele deixou espalhar por Lake Forest que Karla estaria em casa no final de semana, que participaria do ensaio de renovações de votos no salão que ele havia alugado no centro da cidade, só estava esperando que tudo desse certo, para pegar quem estivesse a ameaçando, prendê-la e todos voltarem para suas vidas normalmente. Basicamente eu seria apenas um enfeite, só estaria ali caso as coisas saíssem do controle... Pelo menos, era o que ele havia deixado claro.

Karla se trancou no quarto por horas, nesse meio tempo Carlos me chamou para jogar uma partida de poker em seu quarto. Logicamente ele não sabia jogar, era apenas uma desculpa para conseguir conversar comigo sobre o caso de Karla, e por mais que ele fosse seu irmão, eu não poderia passar nada para ele, não que ele não tenha me falado suas próprias suspeitas, que obviamente escutei atentamente, porém as minhas continuariam a ser minhas.

- O que estão fazendo? – Karla entrou no quarto, olhou para cada canto fazendo caretas e se sentou na cama. Também eu não poderia culpá-la, o quarto do garoto poderia deixar muitas pessoas desconfortáveis.

- Poker. - Carlos mostrou o baralho. - Só o bom e velho poker.

- Que você é muito ruim por sinal. - Resmunguei fazendo Karla rir.

Ela puxou o violão que estava ao lado da cama, olhou o irmão que tentava fazer algo com as cartas que eu não sabia dizer o que, ela balançou a cabeça em um não e começou a tocar.

- O que mais você faz? - Perguntei a encarando. Os dois me olharam sem entender me fazendo ter que explicar. - Você é fluente em Francês, sabe dar saltos incríveis, o que poderia lhe fazer uma animadora das melhores, lhe ofereceram uma vaga no time não foi? - Karla concordou com a cabeça. - Você toca três instrumentos, que eu tenho conhecimento. Bateria, violão e piano, canta muito bem. Então tem por algum acaso, mais alguma coisa que você sabe fazer?

- É, eu sei cozinhar muito bem quando estou com fome. - Karla riu. - Não tive muito tempo livre quando criança. Havia dias que depois da escola eu fazia mais de três atividades. Idioma, natação, música, ballet, ginástica... Teve um semestre que eu até fiz esgrima. - Respirou fundo. - Faziam o possível para nos manter fora de casa pelo maior tempo possível.

- Ai veio os colégios internos. - Carlos revirou os olhos. - Por isso Karla é uma garota multifuncional. Iguais aquelas impressoras que fazem tudo. – Começou a rir.

- Não teve graça.

- Teve pra mim. - Carlos piscou para a irmã. - Os caras da banda vão vir mais tarde, só pra passar umas músicas, se tudo der certo vamos tocar no ensaio e na renovação de votos com você. Então faça um bom trabalho, eu quero te exibir para os caras.

- Só para te lembrar, eu não sou um objeto para ser exposto. - Karla reclamou.

- Eu disse para eles, que você toca melhor que todos eles juntos, então honre. - As cartas que Carlos estava segurando voaram para todos os lados possíveis. Ele realmente não tinha ideia do que estava fazendo.

- Carlos. - Karla encarou a cama. - Não consigo tocar. - Olhou para o braço. - Meu braço dói. Faz apenas dois dias.

- Hey, tudo bem. - Ele sorriu e levantou para começar a recolher as cartas espalhadas. - Você não precisa tocar.


Os amigos de Carlos que tocavam em sua banda comeram Karla com os olhos quando resolveram aparecer, tudo porque ela estava com um dos shorts que usa habitualmente, porém sem as meias, uma blusa com um bom decote que não teve quem não deu uma boa olhada. Eu dei uma boa olhada... Muito mais do que apenas uma vez, eu nem se quer pensava direito quando a olhava. Mas felizmente eles logo se dispersaram pela casa e eu acabei indo para a cozinha tomar café.

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