Capítulo 36

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Karla

O quarto de Samara era... Rosa. Caramba, era de doer os olhos. Essa maldita cor estava em todas as paredes, na roupa de cama, no tampo da escrivaninha, no estofado da cadeira, nas portas dos armários, até na case do notebook em cima da mesa. Não sei ao certo se saberia lidar com isso, já podia até sentir minha cabeça pulsar.

Fui obrigada a fechar os olhos, respirar fundo e suprimir uma careta que eu queria muito fazer. Em minha cabeça, Samara era uma garota nojenta, mimada, completamente patricinha e que com um jeito esnobe de falar. Deus queira que não, mas o quarto e as roupas que estava espiando nesse minuto me diziam que sim. Mas fazia anos desde a sua adolescência, agora ela é casada e mãe. Provavelmente isso é apenas minha mente criando uma imagem fictícia... Eu espero que seja.

Seu quarto, assim como o quarto de Allan, é cheio de prêmios, troféus, medalhas e coisas que eu não tinha ideia do que eram. Eles deveriam colecionar essas coisas, ou existia algum tipo de competição entre os irmãos para saber quem ganhava mais.

Na parede, em cima da escrivaninha, havia um mural de fotos, ela era bonita, cabelos cumpridos e escuros, um sorriso aberto que lembrava muito o sorriso do Allan e os mesmos olhos. Allan havia dito que os quatro irmãos herdaram a mesma genética e tinham os mesmos olhos. Em várias das fotos os irmãos estavam juntos, mas em algumas delas, havia um homem com os cabelos loiros e olhos escuros com quem estava abraçada, eu poderia chutar que esse homem é o seu marido, mas como eu poderia ter a certeza? Porem, se fosse, ela havia ganhado na loteria. E no meio de tantas fotos, não havia nem uma do seu filho, o que me leva a crer que há muito tempo aquele quarto não era usado.

Mesmo que a cor daquele quarto estivesse fazendo meus olhos doerem eu teria que ficar ali, se voltasse para o quarto do Allan ele me devoraria, estava com aquela cara de leão faminto novamente. Não que eu o culpe, já que o provoquei um pouco, mas por nada eu entraria ali novamente com ele daquela forma, a mãe dele me mataria... E tenho certeza que literalmente.

Encarei a cama por alguns segundos e suspirei, pelo menos parecia confortável. Sentei-me fazendo o colchão afundar e tirei o celular do bolso, mesmo que eu não pudesse eu faria, alguns minutos não faria mal nem um em acessar a internet. Eu sei que não deveria atualizar minhas redes sociais, de longe pensei nessa possibilidade, mas eu estava ansiosa para saber o que estava acontecendo em Lake Forest, então não faria mal eu dar apenas uma espiada.

Meu irmão lotou a minha caixa de entrada com mensagens sem sentido, muitas mesmo, e por mais que eu quisesse responder algumas delas e o xingar por outras, eu apenas segurei meus dedos e mudei meu foco para as mensagens de Sarah e Ananda. Bem, elas já estavam por dentro de tudo que havia acontecido, acho que o colégio todo já sabia porque estava recendo mensagens de gente que nem sabia que existia. Acho até que alguns deles devem achar que eu morri. É o único modo de explicar essas mensagens.

E por mais que tudo isso que estava acontecendo, eu estava sentindo falta do colégio, das pessoas e até mesmo das atividades das casas. Nunca pensei que fosse dizer algo parecido, mas estava me fazendo falta aquele lugar, a normalidade que ele trouxe a minha vida... A normalidade que as pessoas trouxeram para minha vida.

Mas isso também me faz lembrar de tudo que aconteceu nos últimos tempos, só arrumei problemas depois que sai de Montana e isso me faz pensar que eu nunca deveria ter saído de lá. Teria poupado todos de tudo isso que minha vida virou. Principalmente a minha família e a família do Allan. Pouparia até eu mesma de toda essa merda da minha vida.

Eu estava segura em Montana, tinha amigos, uma casa segura e aconchegante, com uma pessoa maravilhosa que cuidava de mim e que sempre precisava de companhia.

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