Capítulo 42

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Karla

Abri um dos olhos e olhei pela janela. O dia nasceu nublado e a sensação que eu tinha é que ainda era muito cedo. Eu não queria abrir meus olhos, meu corpo parecia tão cansado e eu só queria voltar a dormir.

Allan estava deitado ao meu lado todo largado ocupando boa parte da cama, como se estivesse um calor de 86°F lá fora. E na verdade estava frio, eu estava coberta e minhas mãos estavam escondidas embaixo do travesseiro bem quentinhas. Minhas pernas estavam entre as dele, e felizmente ele era quente e estava mantendo meus pés aquecidos.

Puxei a respiração e segurei a risada. Deveria pensar o quão legal era dormir com esse cara, o quão mágico era dividir a cama com ele e ter nossos corpos tão próximos ao ponto de não saber onde terminava o meu e começava o dele.

É, deveria, mas eu só queria que meus pés continuassem quentes, assim eu conseguiria voltar a dormir.

Senti seus dedos afastando meus cabelos do meu rosto, beijou minha testa e murmurou algo.

- Eu gosto de dormir com você. - Resmunguei de volta.

- Gosta? - Perguntou com voz rouca de sono.

- Sim, você mantém meus pés quentes. Gosto dos meus pezinhos quentinhos. - Allan riu com gosto e me puxou para perto.

- Que tal se nós levantássemos? Podemos tomar um banho e então procuramos um lugar pra ficar.

- Vou poder observar enquanto você toma banho? - Resmunguei com sono.

- Você pode fazer isso junto comigo embaixo d'água. - Mexeu em meus cabelos.

- Tô gostando da ideia. - Escondi meu rosto em seu pescoço. - Mas acho que não deveríamos fazer isso aqui. Sabe... Você ficou repetindo isso várias vezes durante a noite.

- O que me conforta é saber que logo estaremos sozinhos. - Puxou o corpo debaixo do meu e levantou-se.

- Vai me deixar aqui? - Fiz bico tentando manter meus olhos abertos.

- É você que não quer ir tomar banho comigo. - Caminhou pelo quarto em direção ao banheiro. - Podemos ser silenciosos.

- O que caralho aconteceu com você durante a noite? - Virei-me em sua direção.

- É melhor eu não te responder. - Entrou no banheiro e não muito depois escutei o chuveiro sendo ligado.

Peguei meu celular embaixo do travesseiro. Havia ligações de Tomas, Chad, Sarah, Ananda e um milhão só do meu irmão. Seja lá o que eles queriam, eu estava proibida de atender qualquer ligação. E se ligasse de volta, teria a língua arrancada sem dó e nem piedade. Quem ligava? Eu transaria mais tarde e era isso que importava. Eles que se fodessem com toda a preocupação de saber onde estavam as garrafas extras de vodca. Viveriam sem mim.

Joguei meus braços para cima me espreguiçando um pouco, chutei as cobertas pra fora da cama e levantei, com mais preguiça do que eu gostaria.

Abri a porta do banheiro a tempo de vê-lo lavando os cabelos de olhos fechados.

- Gosto do que vejo. - Resmunguei.

- Entre aqui e veja mais de perto. - Resmungou de volta com humor.

- Não. - Fiz um barulhinho com os lábios. - Sabe que nada de bom vai acontecer se eu me aproximar demais.

- Acredito que muitas coisas boas vão acontecer se você se aproximar mais. - Sorriu de um jeito pervertido.

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