Capítulo 41

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Mais algumas horas dirigindo e eu estava prestes a aceitar a oferta de Karla.

Estava ficando mais do que cansado. Já não sabia dizer se estava ou não sentindo meus braços e pernas.

Sabia que estávamos perto, seriam poucos quilômetros se Karla começasse a dirigir agora. Mas tinha quase certeza que acabaríamos fora da estrada, com o rosto queimado por causa do air bag e isso nos levaria direto para a polícia.

Então o melhor que poderia fazer era continuar dirigindo, não demoraríamos muito a chegar. Apenas mais alguns minutos e logo estaríamos em uma merda de cama em um hotel qualquer, mas já era muito melhor do que dormir no carro.


Depois de perguntar a Karla qual era o hotel da cidade e para que lado ele ficava. Tudo que ela me respondeu foi, que em hipótese alguma ficaria novamente naquele hotel de merda. E quando perguntei para onde iríamos ela apenas disse que sempre teria um cantinho na casa da senhora Thonsem. Eu teria que dar um prêmio para essa mulher.

A ansiedade de Karla era bem visível. Estava agitada e não parava de mexer as mãos. Ela até mesmo conseguiu se perder em uma cidade que tem o tamanho do bairro onde ela mora.

- VIRA AQUI, É AQUELA. – Gritou animada apontando para a rua. – A terceira casa. - Bateu palmas quando entramos na rua estreita.

Antes mesmo de conseguir estacionar o carro, Karla já havia conseguido pular fora e estava correndo em direção a casa branca de dois andares.

Bem, aquela senhora realmente merecia um prêmio.

Havia acabado de descer do carro quando a porta se abriu e uma senhora baixinha, rosto redondo, cabelos enrolados que começavam a ficar grisalhos, saia da casa. A mulher tinha um grande sorriso, abriu os braços e puxou Karla para um abraço.

- Que bom lhe ver novamente, querida. - Se ela apertasse Karla mais um pouco, provavelmente quebraria uma costela. - Não achei que a veria tão cedo.

- Eu também não. Achei que teria que me formar com honras pra isso acontecer.

- Você fugiu novamente? - A senhora riu com gosto e isso me deu a sensação de que ela parecia gostar da ideia.

- Não. Não exatamente. - Karla se afastou para poder olhá-la. - Só vamos fingir que estou em um grande feriado prolongado. - Riu e desviou seu olhar para mim, por apenas alguns segundos. - Aconteceram algumas coisas e bem, Allan achou melhor eu sumir por um tempo.

- E ele é quem? Seu namorado? - Olhou por cima dos ombros de Karla e me lançou um sorriso curioso.

- Não. Não oficialmente. - Karla gargalhou pelo olhar que a senhora lhe lançou. - Ele é meu segurança.... Tecnicamente.

- Claro. - Sorriu de um jeito esquisito e abriu espaço na porta. - Entrem, está frio aqui fora.

Karla foi a primeira a entrar, pulando e rodando muito mais animada do que já havia visto. Observou a casa com toda atenção que podia. Ela já conhecia o lugar, só queria ter a certeza de que tudo estava como antes.

Olhei em volta analisando a casa, ela me trazia um tom de familiaridade, mas eu não sabia com quem, ou com que lugar ao certo. Sei que lembrava a família da minha mãe. Respirei fundo, e até mesmo o cheiro era muito familiar.

Quando dei por mim, Karla já estava esparramada no sofá como se fosse sua própria casa. Revirei os olhos e me sentei ao seu lado, enquanto a senhora Thonsem se oferecia para buscar café, chá e torradas. E por nada nesse mundo eu recusaria, apesar de ter comido pela viagem, meu estômago pedia para ser alimentado.

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