Capítulo 26

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Já era mais de cinco da manhã e eu não estava mais aguentando ficar acordado, meu corpo pedia por descanso, eu queria mesmo fechar os olhos e dormir, por mais que soubesse que não deveria, o sono estava me vencendo. Eu já havia colocado o celular para despertar só por precaução, caso eu pegasse no sono, somente um plano B caso as coisas saíssem fora de órbita por algumas horas.

Meu celular começou a tocar, estava em minha mão e acabei o jogando para cima pelo susto e o pegando no ar. Não se fazia isso com ninguém que havia dormido em alerta... Merda, eu havia dormido, dormido por duas horas, o que não deveria ter acontecido. Desliguei o despertador e olhei pelo quarto, Karla estava sentada na cama com as pernas cruzadas com um dos diários em mãos.

- Há quando tempo está acordada? - Bocejei.

- Alguns minutos. - Ela respondeu sem me olhar.

- Por que não me acordou?

- Porque você parece uma criança e eu não acordo crianças dormindo. – Piscou.

Revirei os olhos pela ótima comparação que ela acabou de fazer e me levantei. Eu estava quebrado, quando espreguicei boa parte dos meus ossos estalaram. Agora eu só precisava de um bom banho, café da amanha e um ótimo sono. Entrei no banheiro, joguei água no rosto e me olhei no espelho, eu estava cansado, meus olhos estavam fundo e escuros, precisava mesmo dormir um pouco.

- Achou algo de interessante? - Abri a janela.

- Só uma coisa. - Karla voltou algumas páginas. - Destiny Kendra não voltou do recesso de final de ano, pediu transferência após uma semana e meia no hospital, acho até que mudou de estado, ninguém nunca mais a viu. - Ela fechou o diário e me olhou. - Ninguém nunca mais a viu. - Repetiu.

- O que acha que aconteceu com ela?

- Acho que ela ficou com medo, de voltar, sabe? Foi atropelada aqui no colégio. - Karla apontou para o chão. - Deve ter se mudado para outro lugar.

- Eu acho que ela foi morta. - Encostei-me na parede e cruzei os braços. - Nunca mais foi vista, isso pra mim quer dizer mais do que simplesmente mudar de estado, ou de país.

- Credo, Allan, isso é horrível. - Karla levantou.

- A vida real não costuma ser um arco-íris. - Resmunguei.

- É, eu acho que não. - Karla olhou para o seu braço e entrou no banheiro.

Abri a porta do quarto para pegar outra garrafa de água e acabei dando de cara com Tyler que estava prestes a bater. Ele passou parte da noite junto com Zac recolhendo provas e fazendo relatórios, deveria estar muito mais mal humorado do que eu.

Ele acabou me passando coisas que havia descoberto depois que Selena foi embora o que não era muito, nem ao menos sabia se ajudava em alguma coisa, mas algo estava tirando todos os agentes no caso do sério, as câmeras de vigilância haviam sido desligadas quando o sinal da primeira aula foi tocado no dia anterior e só foram religadas quarenta minutos depois, quando Karla já estava na enfermaria. Talvez esse tenha sido o motivo da diretora não ficar na enfermaria quando Karla entrou.

Eles conseguiram recolher o sangue na entrada do meu quarto, que enfrentaria uma lista de prioridades até ser analisado, levaram a arma para balística e os projeteis como provas, o que eles haviam achado, pelo menos. Tyler disse que Zac havia achado algo no meio do gramado, uma adaga que foi dada como roubada da sala histórica da escola, o que nos concluímos que era o que a mulher havia jogado em mim.

Expliquei a Tyler como ele deveria lidar com Karla enquanto ela estivesse em aula, até fez um sinal positivo quando descobriu que poderia tirar um cochilo enquanto ela estivesse na sala de aula sendo vigiada pelas câmeras, professores e alunos. Nós combinamos que ele olharia Karla nas trocas de sala e no almoço, já que quando ela fosse dispensada iria direto para casa.

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