Lake Forest Academy

Capítulo 27

Karla

Papai deu a Allan uma hora e meia de folga, apenas isso, ele não poderia nem ao menos encher a cara, primeiro que nem tempo ele teria para isso. Eu até tentei negociar, sei lá, conseguir mais uma hora e meia, mas não consegui muita coisa, na verdade não consegui nada, mas Allan ficou com a uma hora e meia, de acordo com ele era melhor do que nada. Se era eu não sei, sei que na primeira oportunidade que teve ele sumiu, me deixou falando sozinha, eu estava olhando para o celular e quando fui olhar para ele, o cara havia sumido da face da terra. Pupht, igual mágica.

E como nada viria de graça, nada mesmo, não vindo do meu pai. Ele queria ficar de olho em mim, por isso mandou Carlos e eu para a casa da piscina, lugar ótimo para ficar de olho nos filhos, não? Por que não no quarto trancada a sete chaves? Muito mais seguro!

Meu irmão havia montado um estúdio ali e nosso pai queria que eu usasse minha uma hora e meia de liberdade escolhendo a música que iríamos tocar no casamento. Claro, ele ficaria do nosso lado para ter certeza de que estávamos seguros e fazendo o que ele havia mandado.

Carlos havia conseguido convencer nosso pai em colocar o isolamento acústico na casa da piscina, não que eu ache que tenha resolvido muito coisa. Mas estava bem legal o que ele havia feito com o lugar, ele não carregou as paredes de preto como eu havia imaginado de começo, era um cinza, talvez azul, não sabia ao certo, mas ele havia misturado cores escuras com claras, pendurou suas antigas guitarras na parede, montou minha bateria que estava há tempos no porão, até mesmo colocou o piano que eu havia aprendido a tocar ali, ele deve ter brigado horrores com nossa avó paterna para consegui-lo.

Haviam puffs por todos os cantos, nosso pai se sentou em um próximo da entrada e nos mandou começar a trabalhar. Carlos puxou dois puffs para perto de mim, pegou um caderno de anotações com a capa toda rabiscada, onde ele costumava anotar suas ideias para músicas originais. Ele abriu em uma das páginas e me mostrou a letra. Ok, ela estava ótima, muito boa mesmo, porém ele estava esperando que eu fizesse a melodia, o que até seria possível se eu tivesse mais alguns dias em casa, coisa que eu não tinha. Mas ele como um ótimo irmão conseguiu me chantagear ao ponto de me fazer começar a trabalhar na letra que ele tinha.

Enquanto eu tentava compor um começo decente no piano, meu pai e Carlos falavam sobre Allan. Os dois estavam curiosos para saber onde ele havia ido com tanto desespero, os dois estavam supondo que ele encontraria uma mulher o que deixou meu pai arrependido de ter lhe dado apenas uma hora e meia.

- Caramba, isso foi sacanagem, ele está há um mês naquele colégio e quando vai ter um encontro de verdade você só lhe deu uma hora e meia. - Carlos estava rindo. - Eu vou zoar a cara dele. Posso até ver a cara da mulher quando ele disser que tem hora para voltar.

- Allan não está tendo um encontro. - Parei de tocar e virei para encarar os dois.

- Ele disse que se encontraria com alguém. - Carlos deu meio sorriso.

- Ele não está tendo um encontro com uma mulher. - Revirei os olhos.

- Como você sabe? - Ele estreitou os olhos enquanto nosso pai apenas nos observava.

- Um amigo dele está na cidade. - Respondi. Carlos abriu a boca para falar alguma coisa que não seria nada boa eu continuei. - O cara é do exército, vai voltar para o posto dele amanha. Allan queria vê-lo antes que ele fosse embora, por isso saiu tão desesperado, não sabe quando vai conseguir vê-lo novamente.

- E como você sabe? - Meu pai pareceu muito interessado.

- Allan, estava falando com ele pelo viva voz enquanto vínhamos para cá, não deu para não escutar. O cara até fez uma piada sobre ele não voltar. - Dei de ombros e voltei para o que estava fazendo. - Também fez uma piada nada agradável sobre os seios da mulher que ele estava saindo, que eu prefiro não repetir. - Olhei pelo canto dos olhos para os dois que estavam me olhando com a boca aberta. - Ele pediu desculpas quando soube que eu estava no carro. - Os dois ainda estavam me olhando. - Alguém viu a Jujuba? - Mudei de assunto.