5. Céu Vermelho

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- Como ele está? - perguntou Alariën assim que abriu a porta do quarto.

O Rei Thranduil estava sentado numa cadeira ao lado do leito de Legolas, observando o filho.

- Não melhora nem piora. – respondeu, calmo.

Alariën se aproximou e ficou ao lado dele. Não se lembrava de ter posto a mão no ombro do rei, mas lá estava ela; Thranduil ficou surpreso, mas não fez nenhuma objeção.

Legolas tremia tanto que parecia estar congelando, apesar de que na verdade estava enterrado sob uma pilha de cobertores. Seus olhos se reviravam nas órbitas sem parar, ele aparentava não estar ouvindo nada do que os outros dois diziam.

- Ninguém descobriu o que ele tem? - disse Alariën, aflita. - Precisamos fazer alguma coisa!

Thranduil não respondeu imediatamente. Olhou para o filho e disse:

- Não. Nem ao menos soubemos o que causou isso. Vários curandeiros já o examinaram, mas nenhum chegou perto de uma solução. Não sei mais o que fazer.

A voz do rei soava triste e calma. Entretanto, Alariën conseguiu captar uma nota de medo no momento em que ele pronunciou a última frase.

- Há quanto tempo está aqui, majestade? Tem dormido esses dias? - perguntou ela. Agora que parava para observar, sob os olhos de Thranduil haviam profundas olheiras, como se ele realmente não tivesse dormido desde que Legolas ficara doente, quase quatro dias antes.

- Não pude deixar meu filho sozinho - respondeu simplesmente.

- Espere um momento.

Alariën saiu do cômodo abafado e se dirigiu ao quarto de Elladar. O irmão certamente estaria lá, já que o rei o dispensara por alguns dias.

Abriu a porta do quarto com força e o encontrou largado na cama, roncando alto o suficiente para que até os ouvidos inúteis de Legolas pudessem ouvi-lo.

- Acorde! Preciso de sua ajuda, é urgente! - disse ela, sacudindo o irmão.

- Ei! - ele reclamou.

- Vista-se depressa. Estarei esperando no corredor. - e saiu do quarto, fechando a porta com estrépito.

Elladar não entendeu nada, mas levantou-se mesmo assim. Se Alariën o estava chamando daquele jeito, com certeza algo grave acontecera. Tentando não pensar no que poderia ter acontecido ao rei, ele vestiu-se tão depressa que metade das roupas que estava usando foi colocada de maneira errada. Sem se importar com isso, correu para se encontrar com a irmã.

- Estou pronto. Há algo errado? - os dois caminhavam mais depressa do que o normal.

- É Legolas. O rei não dorme desde que ele adoeceu. Estou preocupada e preciso que me ajude.

Alariën parou à porta do quarto e encarou Elladar com olhos suplicantes.

- Claro que ajudarei. O que preciso fazer? - ele respondeu prontamente.

- O rei precisa descansar, mas não quer deixar o filho sozinho. Quero que você fique com Legolas hoje e amanhã, depois poderemos nos revezar.

Elladar se sentiu um pouco inclinado a recusar. Contudo, a irmã implorou tanto até que ele cedeu. Alariën assentiu e abriu a porta devagar, sem fazer barulho. Gesticulou para que Elladar entrasse e se aproximou do rei, pegando sua mão levemente.

- T-Thranduil... - começou ela. Alariën nunca chamara o rei pelo nome. - Você precisa descansar. Elladar se ofereceu para cuidar de Legolas por dois dias, não é?

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora