26. Prelúdio

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Thranduil entrou na sala de Galadriel, e vários rostos se viraram em sua direção, uma expressão mais preocupada que a outra. Entretanto, o primeiro que ele focalizou foi o de seu neto, Lenwë, que se destacava na multidão como uma estrela no céu escuro.

Thranduil estava prestes a correr até ele, mas foi interrompido por alguém que havia acabado de falar. A voz lhe parecia surpreendentemente familiar.

- ...não podemos atacar imediatamente. É loucura. Não temos a mínima ideia de onde ela está ou do que iremos enfrentar...

- Na verdade, nós sabemos, sim - disse o rei. Tauriel se calou e olhou para ele, os olhos cheios de dúvida. Sua surpresa em vê-la fora enorme, mas ele nada demonstrara. A situação era urgente demais para que ele fosse levar seu nervosismo em conta. Agora não era tempo para leviandades.

- Sabemos que meu filho está nas Minas de Moria, junto com muitos outros prisioneiros. O mais provável é que Haël esteja com eles.

- Mas como iremos resgatá-los? Seria impossível conduzir um exército inteiro pelas Minas de Moria. Aquele lugar é traiçoeiro. E sem exército não temos a menor chance de tirá-los dali. Os orcs devem estar protegendo fortemente o lugar em que esconderam os prisioneiros...

- Como Haël foi capturada em Lothlórien? - Haldir interrompeu. - Nenhum orc seria capaz de ultrapassar as fronteiras, mesmo que tivesse mais mil em seu encalço...

- Nós temos que fazer isso!

A voz forte de Lenwë Greenleaf se sobressaiu, fazendo com que todos se calassem.

- Não se lembram do que a Senhora Galadriel nos avisou? Haël era a peça que faltava para que eles completassem seu plano maligno, seja lá qual for. E agora ela desapareceu, o que significa que eles estão prontos para fazerem o que desejarem. Não sabemos a intenção dos orcs, o que torna tudo ainda pior. Mas não podemos deixar que eles continuem com seu plano! Esperamos demais, e agora não temos mais tempo!

Tauriel balançou a cabeça. Não queria dizer aquelas palavras, mas agora ela realmente percebia a gravidade da situação.

- Devemos agir. O quanto antes. Legolas, Haël e os outros precisam de nós.

Lenwë olhou para ela com admiração.

- Obrigada, minha senhora.

Tauriel simplesmente assentiu e saiu do cômodo. Logo depois dela, os outros elfos também decidiram sair, deixando apenas Thranduil, Lenwë, Galadriel e Celeborn.

Os quatro se entreolharam, um misto de desespero e medo se espalhando entre eles como uma onda furiosa.

- Tauriel está certa - disse Galadriel, olhando para Thranduil. - Devemos nos preparar. Sugiro, meu senhor, que arrume sua armadura de batalha.

Thranduil fitou Galadriel de volta, à procura de sinais que revelassem o mínimo de preocupação naquele rosto pálido. Não o encontrou; Galadriel parecia tão calma como sempre, apesar de seu rosto estar sério, como se ele não soubesse o que era um sorriso.

O rei confirmou com a cabeça. Ele já estava quase saindo quando Galadriel falou mais uma vez:

- Partiremos ao amanhecer. Esteja pronto.

+

Quando a reunião terminou, Alariën estava despertando. Era noite, e ela sentia muita fome. Sua barriga roncava dolorosamente, como se não tivesse comido há semanas.

Ao pé da cama, a elfa viu uma bandeja cheia com a ceia, e ela quase a derrubou na pressa de pegar. A refeição consistia em pães frescos, leite, frutas cortadas e um pote de mel para rechear.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora