6. Escapando Pelas Mãos

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Suas pálpebras estavam pesadas. O lado direito da cabeça latejava sem parar.

Sem abrir os olhos, Alariën alisou a cabeça. Doía por ter passado tanto tempo chorando. Ela começou a olhar ao redor lentamente. Já estava escuro, o sol sumira há horas, e ela ainda estava sentada, com as pernas dobradas e as mãos ainda segurando Snig.

O cheiro já estava forte. Queria continuar ali, com ele, mas precisava ir embora. Fora um grande erro ter passado tanto tempo no meio da estrada, principalmente sabendo que deveria voltar a pé.

Quando se levantou, olhou ao redor novamente, insegura. A perspectiva de caminhar durante quase o dobro do tempo que viera a deixava mais desanimada ainda. Com um cansaço além da conta, Alariën começou a andar, forçando-se a colocar um pé a frente do outro. Sentiu medo, pois não conhecia aquela região, muito menos andando sozinha e a pé. Ficou olhando para os lados o tempo inteiro, dizendo a si mesma para manter a calma. Suas pernas bambeavam e ela suava sem parar. O medo a fazia se mover mais rápido e mais silenciosamente. Não que precisasse de mais silêncio; os elfos não faziam um ruído sequer, se assim desejassem. No entanto, além do medo de encontrar algo desconhecido ali, ainda havia o desejo urgente de chegar a Mirkwood o mais rápido possível. Quem era aquele homem, e por que tentara atrasar sua volta para o palácio? Ele poderia tê-la matado com facilidade, mas não o fizera; apenas machucara Snig, sabendo que ela demoraria muito mais tempo para retornar.

Depois de duas horas de marcha sem descanso e milhares de perguntas sem resposta que vagueavam em sua mente, Alariën tropeçou na beira da estrada e não conseguiu mais se levantar. Estava tão fraca que nem se incomodou em procurar folhas para fazer de travesseiro; o máximo que conseguiu fazer foi se arrastar até o tronco de uma árvore e se encostar lá, de modo que ficasse pouco visível para quem passasse.

Algumas horas depois, no meio da madrugada, Alariën acordou tão bruscamente que era como se alguém tivesse lhe jogado um balde de água fria. Ela passou a mão no cabelo e percebeu que estava sujo de sangue; provavelmente passara a mão, sem notar, logo após ter se despedido de Snig. Não teve tempo para sentir tristeza ao lembrar-se disso; verificou se ainda tinha o punhal preso ao cinto antes de seguir viagem. Devia estar na metade do caminho até Mirkwood.

Um pouco mais disposta e razoavelmente descansada, Alariën andou duas vezes mais rápido que antes, praticamente correndo. Sua velocidade era tal que ela avistou as árvores da Floresta pouco antes do nascer do sol.

Alariën estava com tanta coisa na cabeça que nem mesmo pensara o que o Rei iria dizer se ela chegasse lá de mãos vazias; tentou afastar o pensamento de Legolas ter piorado. Abaixou a cabeça e algo na trilha prendeu sua atenção. Pegadas. Pegadas fortes, pesadas. "Orcs" foi seu primeiro pensamento.

Tirou o punhal da bainha, olhando para todos os lados. Ninguém veio, nenhum som quebrou o silêncio da manhã. Tentou seguir as pegadas; estavam indo na direção do palácio. Se orcs andam apenas à noite, e há pegadas deles por todo lado indo à direção do castelo... Temendo o pior, Alariën correu. E correu.

A escuridão começava a abrandar, por isso Alariën pôde ver uma centena de cavaleiros montados vindo em sua direção antes mesmo de chegar aos portões. Alariën reconheceu Melion à frente dos outros.

- O que está acontecendo? Pra onde está indo? - surpreendeu-se com a voz fraca e rouca.

- O Príncipe Legolas... Ele foi levado.

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Alariën petrificou. Seu coração pulou para a garganta.

- Como isso aconteceu?

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora