41. Nova Esperança

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No primeiro dia do solstício de verão, quando o sol estava a pino, toda a Valfenda prendia o fôlego à espera da noiva. Os convidados haviam chegado há quase dois dias, pois os preparativos começaram cedo, e Elwën queria que todos que ela conhecia pudessem participar de tão especial momento. A maioria dos elfos de Lórien e Mirkwood compareceram, sendo Thranduil o primeiro a chegar, ansioso pelo casamento da filha. O rei estava tão fora de si que nem parecia ele mesmo; sua euforia chegava a contagiar todos ao seu redor.

A festa havia começado desde a meia noite do solstício, e ninguém parou de comemorar desde então. Todos sentiam que aquela comemoração era merecida após o ano turbulento que passaram, exatamente um ano depois da Batalha de Utumno, como fora chamada. O casamento só iria acontecer ao entardecer, mas isso não se provou um empecilho para os elfos e homens (convidados de Aelin, futuro esposo de Elwën).

Aelin, que estivera morando em Valfenda desde que saíram de Utumno, pedira Elwën em casamento um mês atrás, na frente de todos os elfos que moravam ali. Ele preparara um jantar especial, decorara Imladris com a ajuda de Elladar e os filhos de Elrond, tudo em segredo; Elwën não descobrira porque Aelin a convenceu de passear nas montanhas naquele dia, e como os elfos eram bastante ágeis, ao cair da noite tudo já estava pronto. As elfas levaram Elwën para o quarto dela e a arrumaram, a partir daí ela já começara a desconfiar de algo, mas as companheiras apenas negaram. Quando desceram para o Salão, a elfa quase não se aguentou ao ver Aelin, pomposamente vestido com uma túnica preta, que realçava seus olhos azuis como o mar, e segurando uma rosa entre as mãos. Ele a esperava na porta, e apenas após o jantar ele disse o real motivo de tudo aquilo: um anel brilhante apareceu em sua mão, e em menos de um segundo Elwën já estava abraçando o elfo, lágrimas contidas desciam em seu rosto enquanto Aelin colocava o anel em seu dedo.

Uma semana após o pedido, Elwën e Aelin começaram a enviar convites para seus parentes e amigos (Aelin começava a se lembrar, pouco a pouco, quem realmente era e quem conhecia, e isso foi de grande ajuda, pois quando chegara em Valfenda, ele só sabia seu próprio nome), e em menos de duas semanas os convidados começaram a chegar, a maioria se disponibilizava para ajudar com os preparativos. A festa estava sendo mais grandiosa do que a de Tauriel e Elrond, há tantos anos.

A mãe de Elwën, que estava em Mirkwood desde a batalha, chegara junto com Thranduil, treze dias após Elwën ter mandado o convite. Os pais da elfa ajudaram em cada pequeno detalhe, Thranduil insistia em fazer o máximo que pudesse, e por isso Elwën era extremamente grata. Sentia-se grata apenas por tê-los ali, todos reunidos em seu momento feliz. Ela estava com medo da reação de Elrond ao vê-los chegar, mas ao que parecia, o elfo estava lidando muito bem com a ausência da antiga Senhora de Valfenda. Ele cumprimentou os elfos com sorrisos amistosos, até mesmo conversou por muito tempo com Thranduil. Tudo parecia estar indo bem.

A única pessoa que não estava indo bem era Alariën. A depressão que se instalara nela desde a Batalha a havia consumido por completo, fazendo com que a antiga Alariën desaparecesse num piscar de olhos. Ela não saia do quarto, só comia com a ajuda de Elwën ou de alguma criada e raramente conversava, exceto quando precisava dizer algo muito importante. Elwën a visitava todos os dias, contava-lhe tudo que acontecia em Valfenda, mas nunca recebia respostas. Ela sabia que Alariën estava ouvindo; graças a Legolas, essa pequena parte ainda funcionava. Alariën ouvia o que lhe diziam, fitava os rostos de quem estivesse falando com ela, mas não mais respondia ou esboçava qualquer reação. Mesmo que aquilo fosse um avanço, não era muito. Alariën se tornara uma desconhecida dentro de sua própria casa.

Faltando poucas horas para o casamento, Elwën já havia começado a se preparar, mas antes ela decidiu conversar com a irmã, como sempre fazia. As elfas que iriam ajudá-la pediram para que ela fosse rápida.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora