17. O plano de Galadriel

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Alariën achou a garota peculiar, para não dizer estranha. Ela não possuía a beleza característica dos elfos, mas isso não significava que não era bela à sua maneira; seus cabelos eram cortados na altura dos ombros, castanhos e emaranhados, e seu rosto possuía um formato diferente, como o de um coração. Sua expressão era feroz e dura, mas suas palavras foram dóceis e seu sorriso era simpático.

- Olá, Haël - Alariën disse de forma polida. - Não sabia que estava passando algum tempo aqui.

A garota sorriu, e aquele pequeno gesto pareceu extinguir toda a tensão no salão, acalmando os corações dos elfos. Alariën não soube por que, mas já se sentia um pouco mais leve e relaxada.

- Não estava, minha senhora - ela disse, e aproximou-se para pegar as mãos de uma Alariën petrificada. - Cheguei hoje da terra de Rohan, a pedido da gentil Galadriel - de fato, agora Alariën parou para observar e notou que ela usava uma longa capa de viagem, úmida por causa da chuva lá fora.

Galadriel assentiu. - Haël teve a bondade de aceitar meu chamado, e posso garantir que não foi em vão. Mesmo que não tenhamos certeza do que de fato está acontecendo na Terra Média, reunimos informações suficientes para ficarmos preocupados. E você, Haël, está no meio disso.

O belo sorriso desapareceu gradualmente do rosto pálido da garota, e nesse instante o cômodo pareceu ter ficado mais frio.

- Digam-me o que sabem.

- Por enquanto, peço que não se desespere, minha querida - Galadriel tranquilizou-a, seus profundos olhos verdes pregados nos castanhos de Haël. - Está segura em Lothlórien, e nenhum mal a tocará enquanto estiver aqui. Mas precisa saber do que está acontecendo, especialmente quando isso lhe envolve de forma direta.

- Esperem - Alariën interrompeu. Sabia que estava sendo extremamente mal educada, mas sua mente estava cheia de informações e a elfa não conseguia processar nenhuma delas. - Pensei que estávamos falando sobre Legolas.

Celeborn falou antes que Galadriel pudesse abrir a boca. - Estamos falando sobre Legolas. Como dissemos há pouco, ultimamente estivemos recebendo notícias de vários lugares da Terra Média relatando o mesmo que acontecera a Legolas, e pensamos que tudo talvez tenha uma ligação, mesmo que não seja tão óbvio o motivo.

- E por que eu sou importante nisso? - Haël perguntou. Sua voz forte e imponente chamou a atenção de todos.

Celeborn e Galadriel se entreolharam, e a Senhora respondeu.

- Suspeitamos que, apesar de planejados cuidadosamente, há um detalhe específico nestes... sequestros. Notamos que a cada vez que alguém desaparece, essa pessoa pertence a uma raça específica, e geralmente alguns deles são da mais alta família de seu povo. Um deles foi Legolas, dos elfos. Outros dois, Fili e Kili, do reino dos anões, herdeiros distantes do trono sob a montanha. Logo depois, um hobbit do Condado que até agora nos é desconhecido. Por isso prevemos que, em seguida, virá alguém...

- Dos Homens - Haël completou. Ainda que o que Galadriel dissera não fizesse o mínimo sentido para ela, aquelas palavras fizeram seu coração se apertar. - Quais deles foram capturados?

Celeborn franziu a testa. - Esse é o impasse. Ninguém da alta descendência ou de família nobre foi pego. E, como bem sabe...

- Sou parente dos antigos reis de Rohan e de Gondor - Haël completou, com o rosto tão pálido quanto neve fresca.

Alariën não sabia daquela informação e ficou extremamente surpresa ao descobrir.

- Acham que a próxima será eu.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora