2. Greenleaf

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O sol estava se pondo quando pararam pela quarta e última vez. Cavalgaram lentamente por cinco dias, parando apenas para comer e contemplar a paisagem; não se sentiam cansados.

Os dois estavam bastante carregados de provisões que trouxeram de Valfenda, maior parte delas eram lembas. Todos os elfos de Valfenda adoravam o pão élfico, assim como Elladar e Alariën.

Comeram devagar e voltaram a cavalgar à meia-noite. Fizeram uma boa marcha e chegaram a avistar as árvores da Floresta das Trevas muito ao longe, ao alvorecer do sexto dia. Galoparam com mais vigor depois disso, e conseguiram chegar à entrada da Floresta ao meio dia.

Na primeira olhada, Alariën surpreendeu-se com a visão da floresta, apesar da descrição de sua mãe. A floresta resplandecia à luz do sol. Seus ramos entrelaçados estavam repletos de folhas amarelas e verdes, com algumas brechas nas copas das árvores que permitiam a passagem dos raios solares.

Elladar ficou encantado. Desceu de Eschor, segurando as cordas firmemente e andando em direção à floresta. Alariën fez o mesmo, captando cada parte do lugar que conseguia. Nunca vira árvores tão bonitas, nem mesmo em Valfenda.

Seguiram por uma trilha coberta de folhas, o vestido de Alariën farfalhando suavemente quando ela andava. Chegaram a uma bifurcação, e nenhum dos dois soube qual caminho tomar. Antes de tomarem uma decisão, ouviram um som. Passos leves andando em direção a eles. Era um elfo, disso tinham certeza; ninguém conseguia andar com a leveza dos elfos, talvez com exceção dos Pequenos. Ficaram parados como se esculpidos em pedra, aguardando. Na estrada que levava à direita, um elfo surgiu. Era alto, de olhos azuis como o céu da manhã, cabelos loiros que desciam até a metade das costas. Tinha uma aparência austera, severa, mas sorriu ao ver os viajantes.

- Sejam bem vindos, amigos. - disse o elfo. Sua voz era clara e suave. - O que desejam, caminhando pela Floresta?

- Meu senhor. - disse Alariën, fazendo uma reverência. - Há muito desejo conhecer o lar de minha mãe, a senhora Tauriel. Não sei se a conhece.

- Sim, conheço. - disse o elfo, uma máscara de tristeza cobrindo seu rosto repentinamente. - Sua mãe foi nossa hóspede por muitos anos. Ela teve um filho de meu pai. A propósito, sou Legolas Greenleaf, filho do Rei Thranduil. No entanto, você não se parece com a minha irmã. Eu a vi há alguns anos, e não me lembro de ter mudado tanto.

Legolas se aproximou para cumprimentá-los.

- Não, meu senhor. - disse Alariën sorrindo. - Sua meia-irmã na verdade é minha irmã mais velha, Elwën. Eu sou filha de Elrond Meio-Elfo.

- E por que ela não veio com vocês? - perguntou Legolas. - Eu gostaria de revê-la.

- Sinto muito, senhor, mas ela precisou ficar por conta de nossa mãe, que não estava se sentindo bem. - respondeu Alariën.

- É uma pena. – Legolas virou-se para o outro viajante. - Suponho que você seja Elladan?

- Elladar, meu senhor – respondeu o rapaz, com um sorriso suave. Era normal que muitos se confundissem, afinal Elrond realmente tinha outro filho chamado Elladan. Alariën escondeu o riso, lembrando-se de uma piada interna que tinha com Elwën. - Espero que possamos ficar hospedados em sua casa.

- Mas é claro que sim. - disse Legolas, abrindo um sorriso. - Sigam-me.

Legolas virou-se e pegou o caminho pelo qual tinha vindo. Elladar ficou o tempo todo em silêncio, olhando de soslaio para Legolas de vez em quando, mas Alariën não se incomodou. Apesar de ser gentil, o irmão costumava não ser muito sociável, deixando sempre todo o falatório para a irmã mais nova, assim como agora. Após Alariën apertar sua mão em um sinal de confiança, ela prosseguiu atrás de Legolas, conversando e rindo durante o trajeto. Depois de meia hora de caminhada, chegaram a uma ponte que levava diretamente às portas do palácio. Legolas acenou para que se apressassem e abriu as portas para os viajantes.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora