7. Estranhas Companhias

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- Para onde estamos indo?

Haviam acampado ao pôr-do-sol, três dias depois de terem saído de Mirkwood. O rei ainda não havia revelado o lugar que iriam, mas Alariën era curiosa por natureza e não parava de perguntar. Por sorte ou porque Thranduil simplesmente estava cansado de ouvi-la perguntando a mesma coisa durante dias, ele respondeu:

- Para Lothlórien. Você deve conhecer, sua mãe costumava falar muito.

- Para que iremos até lá? - ela franziu a testa. – Pensei que estivéssemos procurando Legolas.

Thranduil já estava cansado de repetir, mas o fez mesmo assim:

- Ainda não posso dizer.

Ela revirou os olhos. Já estava perdendo a paciência, considerando que os dois mal conversavam durante a longa viagem e Thranduil nem se incomodava em lhe dar respostas inteiras.

- Claro que não pode. Eu não sou de confiança, não é? Deixei seu filho desprotegido e, para melhorar, não achei athelas. Eu não deveria ter perguntado. - virou o rosto e deitou-se novamente no monte de cobertores que trouxera, jogando alguns para o lado para que o rei pudesse usar.

Thranduil a olhou, espantado. É claro que ele não pensara nem por um segundo que ela fosse a culpada por tudo que estava acontecendo. Mas parecia que ela estava aborrecida demais para ouvir qualquer explicação. Simplesmente disse, com a voz mais polida que conseguiu:

- Eu disse algo que a magoou?

Aquela pergunta foi claramente estúpida, porque Alariën voltou a olhá-lo, com os olhos cintilando de fúria. No entanto, ela se controlou e apenas disse:

- Preciso dormir. Tentarei achar algum riacho em que possa tirar o sangue das minhas roupas.

Antes de virar-se, o rei observou que seus olhos haviam se enchido de água, mas ela se afastou depressa.

- Não vá muito longe! - Thranduil quase gritou, mas ela não se virou para responder.

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Desarmaram o acampamento uma hora antes da meia noite.

Os dois ainda mantinham um silêncio respeitoso enquanto arrumavam a bagagem e comiam lembas. Falavam sobre uma coisa ou outra muito formalmente. Thranduil ainda tentava conversar, mas ela o olhava de um jeito que o fazia calar-se na hora. Alariën apenas reconheceu que estava errada quando estavam selando os cavalos.

- Perdoe-me. Não deveria ter ficado com raiva, e me arrependo disso. Não sei por que, mas não estou sabendo lidar com o que aconteceu. Tudo mudou num piscar de olhos e eu nem sei como vim parar aqui.

Ela parecia verdadeiramente arrependida, o rosto olhava para o chão enquanto dizia aquelas palavras. Thranduil também não estava muito confortável.

- Bem, perdoe-me por ter lhe trazido até aqui sem nenhuma explicação decente. Estou preocupado com Legolas, e acho que essa preocupação me cegou para todo o resto. Tentarei não ser tão... egoísta.

Alariën ficou vermelha, mais do que antes. Não chegara a dizer aquilo, mas talvez o rei tivesse entendido bem demais.

Thranduil deu de ombros. Decididamente não queria continuar aquela conversa.

- Está na hora de irmos. Se não pararmos em nenhum momento, chegaremos lá antes da tarde.

A lua estava alta e brilhante, o que possibilitava o encontro de novas pistas.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora