- Para onde estamos indo?
Haviam acampado ao pôr-do-sol, três dias depois de terem saído de Mirkwood. O rei ainda não havia revelado o lugar que iriam, mas Alariën era curiosa por natureza e não parava de perguntar. Por sorte ou porque Thranduil simplesmente estava cansado de ouvi-la perguntando a mesma coisa durante dias, ele respondeu:
- Para Lothlórien. Você deve conhecer, sua mãe costumava falar muito.
- Para que iremos até lá? - ela franziu a testa. – Pensei que estivéssemos procurando Legolas.
Thranduil já estava cansado de repetir, mas o fez mesmo assim:
- Ainda não posso dizer.
Ela revirou os olhos. Já estava perdendo a paciência, considerando que os dois mal conversavam durante a longa viagem e Thranduil nem se incomodava em lhe dar respostas inteiras.
- Claro que não pode. Eu não sou de confiança, não é? Deixei seu filho desprotegido e, para melhorar, não achei athelas. Eu não deveria ter perguntado. - virou o rosto e deitou-se novamente no monte de cobertores que trouxera, jogando alguns para o lado para que o rei pudesse usar.
Thranduil a olhou, espantado. É claro que ele não pensara nem por um segundo que ela fosse a culpada por tudo que estava acontecendo. Mas parecia que ela estava aborrecida demais para ouvir qualquer explicação. Simplesmente disse, com a voz mais polida que conseguiu:
- Eu disse algo que a magoou?
Aquela pergunta foi claramente estúpida, porque Alariën voltou a olhá-lo, com os olhos cintilando de fúria. No entanto, ela se controlou e apenas disse:
- Preciso dormir. Tentarei achar algum riacho em que possa tirar o sangue das minhas roupas.
Antes de virar-se, o rei observou que seus olhos haviam se enchido de água, mas ela se afastou depressa.
- Não vá muito longe! - Thranduil quase gritou, mas ela não se virou para responder.
+
Desarmaram o acampamento uma hora antes da meia noite.
Os dois ainda mantinham um silêncio respeitoso enquanto arrumavam a bagagem e comiam lembas. Falavam sobre uma coisa ou outra muito formalmente. Thranduil ainda tentava conversar, mas ela o olhava de um jeito que o fazia calar-se na hora. Alariën apenas reconheceu que estava errada quando estavam selando os cavalos.
- Perdoe-me. Não deveria ter ficado com raiva, e me arrependo disso. Não sei por que, mas não estou sabendo lidar com o que aconteceu. Tudo mudou num piscar de olhos e eu nem sei como vim parar aqui.
Ela parecia verdadeiramente arrependida, o rosto olhava para o chão enquanto dizia aquelas palavras. Thranduil também não estava muito confortável.
- Bem, perdoe-me por ter lhe trazido até aqui sem nenhuma explicação decente. Estou preocupado com Legolas, e acho que essa preocupação me cegou para todo o resto. Tentarei não ser tão... egoísta.
Alariën ficou vermelha, mais do que antes. Não chegara a dizer aquilo, mas talvez o rei tivesse entendido bem demais.
Thranduil deu de ombros. Decididamente não queria continuar aquela conversa.
- Está na hora de irmos. Se não pararmos em nenhum momento, chegaremos lá antes da tarde.
A lua estava alta e brilhante, o que possibilitava o encontro de novas pistas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)
Fiksi PenggemarAlariën, filha de Tauriel e Elrond. Desde criança, guardava o sonho de se aventurar pela Terra Média e conhecer todos os lugares das histórias que sua mãe tanto lhe contava. Alariën está próxima de realizar o seu sonho, mas não do jeito que ela espe...