31. O Último Conselho

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Lórien, cinco dias antes

Celeborn chegou a Lórien, junto com Lenwë, um dia e meio após a batalha nas Minas de Moria. Os dois cavalgaram incessantemente desde o Portão Leste, onde eles conseguiram encontrar montarias soltas nas redondezas, até a entrada de Caras Galadhon. Mas eles não vieram sozinhos. Com as mãos amarradas e um saco na cabeça, um orc fora capturado por Lenwë antes que algum elfo o matasse, e o neto do rei logo falou a Celeborn o que havia feito. Os dois não quiseram que o orc fosse trazido à Lórien junto com os outros, por isso eles vieram na frente, apenas avisando a Galadriel o que iriam fazer em seguida. A elfa dissera que conseguiria prosseguir com Alariën e Thranduil, e com isso Celeborn partiu com Lenwë o mais rápido possível.

Ao chegarem lá, o lugar estava silencioso como nunca, pois a maioria dos elfos dali haviam ido para Moria. Apenas alguns ficaram para não deixar o lugar desprotegido, mas o número não chegava a cinquenta. Dois guardas estavam na entrada quando o Senhor de Lórien chegou, e eles contemplaram aquela estranha visão de cima de uma árvore: os dois elfos, machucados e arranhados, trazendo consigo uma criatura que se debatia e tentava se libertar, apesar de seus movimentos terem ficado mais lentos e cansados.

- Entraremos sozinhos, e não queremos ser interrompidos. Finjam que não nos viram, se for preciso.

Os elfos não entenderam nada, mas obedeceram do mesmo jeito. Mal tiveram tempo para perguntar onde estavam os outros; os recém-chegados já iam longe pela mata.

- Não tive tempo de lhe agradecer por ter lutado tão bravamente. Salvou a vida de minha mulher.

Lenwë nada disse. De fato, por um momento a Senhora Galadriel se distraíra lutando com dois orcs ao mesmo tempo e não percebera o terceiro orc que lhe atacaria pelas costas se Lenwë não tivesse o atacado primeiro. Galadriel ficou tão surpresa que quase derrubou a espada, mas no final ela conseguiu derrotar os outros dois orcs com um único golpe.

- Eles não estavam lá - ele respondeu apenas. - Haël, meu pai, e tantos outros que devem estar com eles. Foi em vão.

Celeborn via o quão perturbado ele estava. Quando Lenwë recebera a notícia de que sua esposa tinha desaparecido, ele ficara desolado, sem saber o que fazer ou dizer. Agora, ele parecia pior ainda.

- Não foi em vão. Se não tivéssemos ido, teríamos continuado a planejar e planejar e nunca chegaríamos a lugar algum. Capturamos um orc; veremos se ele tem algo a nos revelar.

Lenwë assentiu, ainda de cabeça baixa. Quando falou, seu tom soou ameaçador.

- Será bom para ele se tiver.

+

Lórien, quatro dias antes

- Onde colocou o orc? - Celeborn perguntou a Lenwë Greenleaf.

Os dois estavam no escritório de Celeborn, e ele havia acabado de dispensar Haldir, que chegara para reportar o que acontecera em Lórien durante a ausência dos Senhores. Segundo o elfo, um grupo de orcs havia tentado atacar as fronteiras através do Rio Anduin, mas estes foram rechaçados pelos guerreiros elfos. Não havia muito mais a falar, por isso Celeborn simplesmente agradeceu e pediu que ele voltasse ao seu posto na entrada da Floresta, deixando-o na sala em companhia do filho de Legolas.

- Escondi-o num tallan* abandonado, não muito longe daqui - Lenwë respondeu. - Não quis que nenhum elfo o encontrasse por aí.

Celeborn assentiu. - Obrigado. Mas acho que o momento que estivemos evitando finalmente chegou. Está na hora de interrogá-lo.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora