3. Os Tempos Sombrios

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O dia finalmente chegou, depois de uma longa noite de tempestades e relâmpagos.

Alariën acordou animada e feliz, ansiando conhecer cada parte de Mirkwood. Na noite anterior, ela e o irmão só tiveram oportunidade de conhecer o refeitório, dado o convite do Rei Élfico para que ceassem juntos. Hoje, ela esperava conhecer um pouco mais do palácio. Espreguiçando-se demoradamente, a elfa se levantou, em busca de uma veste adequada.

Seu guarda-roupa estava abarrotado de vestidos, mantos, capas, casacos, peles e todo tipo de roupa que ela pudesse imaginar. Decidiu-se por um vestido carmesim simples e um manto de seda branco. Calçou sandálias de couro incrustadas com pedrinhas brancas para combinar com a veste e saiu para quebrar o jejum.

Andando vagarosamente, Alariën ouviu alguém chamá-la. Virou-se e se deparou com Elladar correndo em sua direção.

- Irmã, o rei nos convida para o desjejum. O príncipe Legolas também estará lá. - disse Elladar, beijando sua mão.

- Será um prazer, irmão. - falou Alariën, animada. - Mostre-me o caminho.

Elladar passou um braço por trás de Alariën e a levou para um salão magnífico. As paredes na verdade eram feitas de vidro, podendo ver os jardins de Mirkwood e toda a terra por trás dela. Uma grande mesa e seis cadeiras foram postas no meio do salão, juntamente com várias almofadas aconchegantes nas extremidades. Alariën estava admirando a paisagem quando alguém tocou em seu braço, sobressaltando-a. Era Legolas.

- Que bom que aceitou nosso convite, senhora. - sussurrou o príncipe. - Venha, sente-se conosco.

Acenou formalmente para Elladar e os conduziu para a mesa, onde o Rei Thranduil esperava recostado em uma cadeira com almofadas de cetim.

Alariën disse com doçura, logo após inclinar-se numa longa reverência:

- É uma grande honra poder partilhar a mesa com o Rei Thranduil mais uma vez. Estou lisonjeada, Majestade. - fez uma reverência e sentou em seu lugar.

O rei parecia preocupado, embora tenha sorrido para Alariën e Elladar.

- A honra é minha, senhora. - disse o Rei. Sua voz era límpida e calma. – Por favor, sejamos mais informais. Os dois farão quase todas as refeições conosco, além de serem, de certa forma, meus... parente

Alariën ergueu a sobrancelha quase imperceptivelmente, ninguém notou. Thranduil gesticulou para que sentassem enquanto pegava um figo. Legolas tamborilava os dedos na mesa, meio entediado e meio ansioso.

A mesa estava repleta dos tipos mais variados de comida e bebida. Frutas, pães, carnes, diversos tipos de vinhos e até mesmo lembas. Alariën pegou uma pequena porção de cada um, assim como Elladar. Seu irmão tentou esconder sua surpresa, mas falhou miseravelmente.

Thranduil perguntou sobre Valfenda, sobre sua filha Elwën e principalmente sobre Tauriel. Passaram quase duas horas conversando alegremente. Ao contrário do que Alariën pensara, o Rei era bastante agradável, e conseguiu com que até Elladar começasse a conversar. Alariën falava, ouvia e comia ao mesmo tempo.

Terminada a sua refeição, o Rei levantou-se subitamente e disse que precisava se ausentar por uns momentos. Para surpresa geral, ele chamou Elladar para ajudá-lo, deixando Alariën e Legolas sozinhos no salão. Um curto silêncio se seguiu após a batida da porta.

- Deseja fazer algo, senhora? - perguntou Legolas, assim que pousou o garfo no prato.

- Bem, eu... Adoraria poder cavalgar. - confessou Alariën.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora