25. Antiga Esperança

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A taça de vinho estava cheia, o cheiro inebriante de álcool preenchendo toda a sala com um aroma suave. Thranduil se recostou em sua cadeira, saboreando a deliciosa bebida sem pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo para fazer aquilo. No entanto, sua paz foi interrompida por uma batida na porta.

E então ela entrou, trazendo consigo um cheiro ainda mais doce e forte do que qualquer vinho que ele já tivesse provado. Thranduil sentiu suas mãos tremularem, mas ele rapidamente as escondeu sob a mesa.

- Desculpe interrompê-lo tão tarde, meu senhor. Acabei me distraindo e...

- Não precisa se desculpar.

A voz dele soou despreocupada, assim como ele planejara. Levantou-se da mesa e andou em sua direção, os olhos da elfa pregados nos seus, como se ele fosse a única coisa presente no quarto.

Ela estava tão linda. Sempre fora linda, mas sua beleza era ainda maior quando ela não se importava com isso. E agora ela não se importava nem um pouco, com beleza ou com qualquer outra coisa.

Os lábios dela estavam tão próximos. Ele poderia tocá-los se quisesse. Então por que não o fazia?

Os olhos de Tauriel se fecharam quando ele acariciou seu rosto, antes de ambos se perderem num beijo apaixonado.

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Mirkwood, alguns meses atrás

- Quando eles virão? - perguntou Legolas, interessado.

O príncipe élfico estivera esperando ansiosamente pela visita, pois raramente ele convivia com outras pessoas, além das que ele era obrigado a dar ordens em nome de seu pai. Ele praticamente não tinha amigos, e essa poderia ser sua chance de fazer alguns.

Thranduil fingiu estar entediado, embora seu coração se apertasse sempre que ele se lembrava de tal fato. Em alguns dias, ele veria os filhos de Tauriel e Elrond de Valfenda. Os filhos que poderiam ter sido dele.

- Acredito que em uma semana. Agora pare de fazer perguntas e vá chamar o cozinheiro. Preciso fazer alguns ajustes, e você deve me ajudar nisso.

Legolas somente assentiu e deixou o Salão do Rei.

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Thranduil ouviu a porta do Salão se abrir e tentou se recompor pela última vez. Não queria demonstrar o mínimo de fraqueza ou surpresa ao ver os elfos. Estava com maior medo da filha de Tauriel, mas sabia que seu receio era sem fundamentos. A garota poderia nem mesmo parecer com ela.

Estivera enganado até o último fio de cabelo. Literalmente.

Quando os elfos subiram a pequena escadaria que levava ao trono do rei, Thranduil sentiu sua mão fechar dolorosamente sobre o braço da cadeira. Lutou para segurar a água que insistia em subir para seus olhos. Não faça isso, não agora.

A garota era idêntica à mulher que ele amava. Sentiu como se estivesse vendo Tauriel no primeiro dia em que ela esteve em Mirkwood, uma elfa tímida, mas que tentava ao máximo aparentar confiança e despreocupação. Uma elfa com um sorriso memorável, e um olhar ainda mais inesquecível.

- Como se chama? - o rei perguntou, surpreso que tivesse soado tão indiferente.

- Meu nome é Alariën, majestade. - a garota respondeu. Até sua voz lembrava a de Tauriel: suave, mas firme.

Alariën. Tauriel sempre teve um bom gosto para nomes. Não é a toa que escolheu um tão lindo para nossa filha, Elwën.

Com um sobressalto, Thranduil lembrou-se de Elwën. Irmã de Alariën. Como ele se atrevia a pensar tais coisas sobre a irmã de sua própria filha? Alariën era praticamente de sua família.

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora