29. Laurelian - parte 1

192 12 11
                                    

Nota: esse capítulo será um flashback da personagem Laurelian, mas ele será dividido em 2 pontos de vista: o de Laurelian e o de Legolas . Haverá três capítulos com flashbacks da história de Laurelian, pois esta é muito extensa, e cada capítulo se desenvolverá da mesma forma (2 pontos de vista).

-  -  -

LAURELIAN

O salão estava vazio, visto que já eram quase duas da manhã. Apenas um candelabro iluminava a parte do trono, em que A Regente se encontrava sentada bebericando o vinho mais fraco que conseguira encontrar; queria estar sóbria para conversar com Legolas. O silêncio predominava, o único som que se ouvia era o ecoar distante dos animais que viviam fora da fortaleza.

Tudo estava perfeitamente normal, assim como sempre estivera desde que Laurelian chegara naquele lugar. A única diferença era que antes ela estava completamente sozinha, tendo por companhia apenas a sua sede de vingança. Agora, ela tinha ao seu lado um exército poderoso e tão fiel quanto ela pudesse desejar, além de uma centena de prisioneiros para servir aos seus propósitos. E, ainda assim, tudo parecia o mesmo, desde o luar que se estendia através da janela semi escondida por uma cortina cinza, até a própria Laurelian; ela pouco havia mudado desde que chegara ali, cinco anos antes.

Seus pensamentos foram interrompidos quando, com um clique baixo, a porta do salão se abriu, trazendo a imagem de um elfo escoltado por dois orcs. Legolas estava até arrumado para alguém que fora convocado tão tarde da noite; Laurelian só pôde assumir que ele estava tentando, de alguma forma, impressioná-la. Não havia motivo para tal, mas ela não descartou essa ideia de sua mente.

Laurelian levantou-se de seu trono e desceu os degraus em direção ao Príncipe Élfico. Apesar de estar bem vestido, o rosto do elfo mostrava que ele estava muito sonolento, mas que tentava disfarçar. Os cabelos ligeiramente bagunçados também sugeriam que Legolas fora privado do que poderia ter sido uma boa noite de sono. Ele nada disse; esperou que ela fosse a primeira a falar.

- Que bom que chegou aqui tão rápido - Laurelian impôs todo o seu charme naquela pequena frase. - Presumi que a melhor hora para uma conversa seria quando todos estivessem dormindo.

Legolas estava meio petrificado. Sua resposta automática seria retrucar que não tivera escolha além de acordar e andar até ali, mas ele apenas encarava o rosto dela como se não soubesse o que dizer. Finalmente, respondeu:

- Seus guardas estão acordados.

- Estes não contam - ela sussurrou de volta. - Mas não falemos sobre isso. Falemos sobre...

- Aquelas pessoas que estão comigo - Legolas completou. Não parecia tão estupefato quanto estivera há poucos segundos. - Falemos sobre elas. Quem são, e por que elas não sabem sobre você? Aparentemente, só eu a conheço.

O sorriso de Laurelian vacilou, mas foi rápido demais para que Legolas notasse.

- Está pulando para a parte importante, querido - ela voltou a dizer, um sorriso ainda mais largo no rosto. - Não quer saber tudo do começo?

Legolas abriu a boca e logo a fechou. Laurelian quase pôde ver as engrenagens funcionando em sua cabeça. Ele não acreditava que ela pudesse estar realmente querendo revelar tudo a ele. Mas ele queria saber, ela podia sentir.

- O que quer me contar? - ele falou finalmente.

Laurelian sorriu. Comecemos.

+

LEGOLAS

Legolas não conseguia entender a mulher à sua frente. À primeira vista, ela parecera ser como um leão: dourado, feroz, apenas esperando o momento certo para atacar. Agora, apesar de ainda ter resquícios de um felino, ela parecia uma rosa cheia de espinhos venenosos: extremamente bela por fora, mas se alguém ousasse se embrenhar em seu interior, encontraria uma garra prestes a lhe furar. Legolas sabia disso, mas não era ele quem estava tentando atacá-la; era o contrário, e isso era tão desconcertante que Legolas se perguntou se ela de fato estava sendo verdadeira em suas palavras. Não era tolo para confiar nela; ele já sabia que ela não era digna de tal coisa. Mas o que ela pretendia revelar a ele? Seria aquilo uma parte de seu plano?

A FILHA DE VALFENDA - Contos da Terra Média (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora