Capítulo 14

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Pov Sarah

Nosso dia tem sido pura tristeza, fazer Tomaz almoçar foi mais difícil que manter uma criança quieta.

O velório seria em sua cidade natal. Londres.

Eram pouco mais de 10 horas de viagem, por isso, minha sogra decidiu nos dar um dia para organizar tudo antes de irmos.

Mesmo com toda a situação, estou ansiosa para ver Lana. Ela é a irmã mais nova do Tomaz e tem 16 anos. Sempre fomos muito próximas e ela sempre gostou muito de mim. Tinha 10 anos quando a conheci e vive dizendo que virá morar conosco.

São 17:30 e o voo sai as 20:30 para chegarmos com antecedência, as malas já estão perfeitamente arrumadas na sala.

Vou para o quarto e encontro Tom sentado na beirada da cama com o rosto entre as mãos e os cotovelos apoiados nas pernas. Cada vez que olho pra ele me dói o coração. É tão difícil saber que ele está sofrendo e eu não posso fazer nada para ajudá-lo... Ninguém pode. Ou pode?

Quem sabe eu ainda possa fazer alguma coisa. Distraí-lo e tentar animá-lo com as coisas que mais gosta. Ele é meu marido. Eu sei o que lhe agrada. E tudo se tornará ainda mais fácil em Londres.

Me aproximo e ergo seu queixo, ele me olha e me dá um fraco sorriso.

Dá leves tapas na perna me indicando para sentar .

Sento e seus olhos seguem de minhas pernas até meus olhos.

- Eu sei que não está sendo fácil pra você princesa, me desculpe. - ele faz uma deliciosa carícia pela extensão da minha coluna me deixando completamente arrepiada. - Eu prometo que não vou demorar a superar, vou dar meu melhor.

- Tudo bem, eu te entendo e sei que está sendo difícil.

Ele segura meu rosto e dá um suave beijo em meus lábios.

- Vamos tomar banho? - Ele pergunta e eu me levanto segurando sua mão

Ele me conduz até o banheiro, tira o samba canção e entra no chuveiro.

Tiro a roupa e entro logo em seguida.

Foi a primeira vez, desde ontem que o vi relaxado e completamente calmo. Era como se o mundo ao nosso redor tivesse parado.

Em vinte minutos terminamos, não podíamos nos dar o luxo de atrasar.

19:00 estavamos dentro do carro. O trajeto era de cerca de 40 minutos sem trânsito.

Ás 20:05 chegamos e logo despachamos a bagagem. Tomamos um Café e aproveitei para comprar dois livros.

O clima estava calmo entre nós e o mundo resolveu colaborar. Finalmente embarcamos na última chamada e eu quase sendo arrastada por ele da livraria.

Por fim o avião decolou. Após umas duas horas Tomaz pegou no sono.

Era meu momento.

Peguei um dos livros e comecei a desfolhar suas novíssimas páginas, porém minhas preocupações e minha ansiedade não me permitiram ir longe.

Depois de muito pensar, pensar e pensar acabei dormindo também...

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- Princesa, acorda! - ouço e sinto leves beijos por todo meu rosto. - chegamos!

Abri meus olhos com certa dificuldade.

Como posso ter dormido a viagem inteira. É sempre o contrário e sempre eu que acordo ele.

Não havia mais ninguém no avião.

- Pensei que teria de te levar no colo. - Eles precisam preparar a próxima viagem. - seu encantador sorriso me motivou a levantar e sair do avião.

Nas esteiras as nossas eram as únicas malas.

Como são 07:30 da manhã, mas pela diferença no fuso horário já são 15:30 da tarde. Tomamos café por aqui e depois pegamos um táxi para a casa dos meus sogros.

O velório seria as 18 hrs.

Ao chegarmos a casa estava silenciosa, entramos sorrateiramente e muitos familiares estavam na sala.

O choro e as lamentações de muitos eram ouvidos.

Dna Laura e Lana estavam cercadas de pessoas e abraços.

Não demorou muito para que a atenção se voltasse para nós.

Tomaz segurou minha mão com força me dando estabilidade. Sou muito tímida e provavelmente estava com uma expressão meio horrorizada. Meus olhos foram até os seus e ele me lançou um leve sorriso.

Virei-me novamente para as pessoas que nos encaravam e minha visão alcançou Lana. Ela estava abraçada com uma moça e ficaram assim durante um tempo.

Muitos se aproximavam de mim e Tomaz, mas minha atenção estava voltada para a pequena. Foi ai que ela me viu. Rapidamente se desfez do demorado abraço e sorriu pra mim.

Meu olhar foi agora para a moça e...

Não!

Merda! Merda! Merda!

De todas as pessoas porque ela estaria aqui? Essa viagem seria um fiasco, já posso prever.

Claro que não farei um escândalo. Mas porque ela?

Seu sorriso apareceu em seus carnudos lábios com batom vermelho e ela caminhou em nossa direção. Talvez não tão "nossa".

Senti as mãos de Tomaz se afastarem das minhas até que ela chegou até ele. Me senti sem chão.

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