Capítulo 45

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Capítulo Final do Livro I

Acordei ouvindo gritos, levantei-me rapidamente para ver o que estava acontecendo.

- Você me garantiu!  - Tomaz gritava - Eu não posso, não quero! - Ele estava arrumado e andava de um lado para o outro da sala.

- Eu tenho que desligar agora, depois eu te ligo. - disse encarando-me.

- Tomaz? Está tudo bem?

- Bom dia minha princesa! Vai ficar - me abraçou.

- Porque está arrumado?  E porque estava gritando?

- Desculpe se te acordei, são apenas negócios.

- Eu nunca vi ninguém negociar nada assim.

- Não há nada para se preocupar, tudo vai acabar bem.

Tomamos café juntos, Tomaz estava longe e aflito, pensativo.

Pra mim era estranho, após nossa noite eu estava super feliz e eu esperava que ele estivesse também, imaginava nosso dia completamente diferente.

Seu telefone estava tocando pela terceira vez nos últimos 10 minutos e ele ficava mais estranho a cada ligação.

- Mas que merda! Dá pra você atender logo? - me alterei.

Tomaz olhou-me assustado e se retirou em seguida.

- Eu não pedi por isso! É ela quem está jogando tudo pro alto. - gritou - Eu sei... Eu sei que a responsabilidade é minha. - disse mais calmo. - Mas o que você espera que faça, eu tenho uma vida... Eu vou ver o que posso fazer.

- Tomaz, o que está acontecendo?

- Eu não queria que ficasse aqui escutando essas coisas.

- Não que seja necessário, eu posso ouvi-lo do quarto.

- As coisas estão complicadas.

-Para! Para de me jogar pra escanteio. Que coisas? Estranhas como? Eu não me importo que você se descabele na Empresa, mas em casa? E isso não parece um assunto muito empresarial.

- Sarah...

- Sarah nada, eu sugiro que você dê uma volta pra esfriar a cabeça e volte aqui quando estiver disposto a me dizer o que está acontecendo. - disse voltando para a cozinha.

- Senhor! Será que é possível ter pelo menos uma boa notícia hoje? Só uma, qualquer uma que faça diferença. - ouvi a porta bater.

Tomaz estava nervoso, mas suas palavras encorajaram-me a colocar pra fora minha preocupação.

Preparei o almoço e arrumei a sala, deixando-a um pouco escura para que pudéssemos relaxar. Depois que ele desabafar eu vou contar a ele.

Tomei um banho bem tranquilo e a cada minuto eu pensava em como diria as palavras, imaginei sua reação...

Quando acabei de me vestir Tomaz entrou no quarto como um tornado, ele estava agitado e nervoso, eu estava calma e tranquila.

- Tenho que te contar uma coisa. - falamos juntos.

Nos encaramos por um breve momento.

- Você primeiro.

- Vem cá. - chamou-me para deitar com ele na cama. - Tem uma coisa, algo ruim. - Estávamos deitados um de frente para o outro e ele acariciava meus cabelos. - Um mês após o falecimento do meu pai, descobriram um grande desvio de parte dos lucros da empresa. Isso é algo que eu preciso resolver. A sede é em Londres e eu preciso ir pra contornar essa situação e transferir a sede principal pra Califórnia.

- Nossa, que situação... E quando você vai?

- Em uma semana... E bom... Nós vamos.

- Supondo que nós fôssemos, quando voltaríamos?  - Não sei se quero Dna Laura muito próxima no início da minha gravidez.

- Sarah... Nós vamos morar em Londres,  por um tempo indeterminado, até que tudo esteja resolvido.

- Oi? - Levantei-me da cama em um pulo e ele em seguida.

- Sarah..

- Sarah nada Tomaz! A quanto tempo você sabe disso?

- Desde que descobriram... - falava baixo

- E você só decide me contar agora? Faltando 1 semana?

- É que tanta coisa aconteceu...

- Realmente! Você não tem nem noção de quanta coisa aconteceu, coisas que não deveriam ter acontecido.

- Sarah, nós vamos voltar, é só um período.

- Tomaz eu tenho uma vida! Oque espera que eu faça com meu trabalho, com meus planos e com tudo que vai ficar pra trás?

- Sarah...

- Não! Eu nem sei no que pensar... Meu Deus! Como a cidade dos meus sonhos foi se tornar meu pesadelo?

- Desculpa não ter te contado... Sarah Eu amo você!

- Para Tomaz! Amor é necessário, mas não resolve tudo.

- Sarah... Você não está sugerindo que...

- Eu não sei! Não sei como fazer isso funcionar.

- Não vai funcionar, é simples.

- Eu não sei o que fazer, mas eu não posso abandonar tudo aqui.

- Sarah, eu não posso deixar tudo se desmoronar por lá.

- Claro que não, porque é o seu sonho né?! Então porque eu preciso abrir mão do meu? Porque eu tenho que renunciar?

- Sarah, não se trata de sonho, você não entendeu? Não existe sonho se você não estiver comigo. É questão de necessidade! Eu não posso simplesmente abandonar o que meu pai construiu com tanto esforço. - deitamos novamente, com o olhar conectado e carinhos em meio a briga.

Minha cabeça apenas balançava em negação a cada segundo.

Eu entendo o lado dele, mas eu também tenho o meu.

Depois de tanto tempo, tantas lutas, tantos problemas, tantos desafios e mal-entendidos... Mas também tanto amor, carinho, determinação e renúncia...

Talvez o destino não tenha nos escolhido afinal, ou quem sabe está apenas testando o nosso amor.

Não sei até quanto esse elástico poderá esticar antes que arrebente, não sei se vale a pena lutar, não sei se vale a pena abandonar.

Não decidir é a pior decisão que se pode tomar, nos deixa vulnerável para o que a vida escolher por nós.

Eu amo Tomaz Oliver Hastings e ele é a minha linha tenue entre o bem e o mal. Cada dia ao lado dele é uma supresa, alguns doem e outros curam, mas em todos eu o amo...

Hoje tinha tudo para ser um dia dos que curam, mas infelizmente é um daqueles em que eu decido como termina.

E aqui estamos nós, nos olhando nos olhos, ambos aflitos e pensativos tentando entender como tudo chegou aqui e tentando decidir o que vai ser daqui pra frente... Outra vez....

***

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