"Esta noite não tenho nada..."

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Ponto de vista do Sam

  "Procura-me quando eu já não for um erro Jo... E entretanto podes tirar a minha almofada da cama, não vai voltar a fazer falta." 

Ela ficou a olhar para mim, sem dizer uma palavra. Até ao último segundo eu esperei que ela corresse para mim, me agarrasse, me prendesse, me beijasse, qualquer coisa que simplesmente me tirasse a coragem de sair. No entanto, não o fez, e eu saí. Caminhei pelo longo corredor, desci as escadas, entrei no carro, e foi aí que explodi. Dei um murro no volante, senti os meus olhos ficarem rasos de lágrimas, todas aquelas que tinha segurado enquanto falava com ela, porque tinha-lhe prometido que não choraria mais à sua frente, e não quebrei a minha promessa. Aliás eu nunca quebrei nenhuma das promessas que lhe fiz, nem tenciono quebrar. 

Olhei para a janela do dormitório dela, e ela não estava lá. Por segundos antes de olhar tive a esperança de a ver lá em cima a sorrir para mim, como se nada tivesse acontecido. O que é que eu fiz de errado desta vez? Porque é que eu sou sempre um erro na vida de toda a gente? Será que ela vai ter coragem de passar a borracha por cima de mim e apagar-me da sua vida como se eu nunca tivesse existido para ela? Demasiadas perguntas, para nenhumas respostas. 

Se assim fosse, o que mais me restaria a não ser voltar ao que era? Ao menos antes nunca tinha saído do quarto de gaja nenhuma a chorar. Aliás, o que é que me resta agora para não voltar aos velhos costumes? Ouvi o telemóvel tocar, abri a mochila o mais rápido possível e despejei tudo em cima do banco do pendura para o achar, talvez fosse ela...talvez queira que volte... mas não, era só o Ryan...

"O que é que queres?" Atendi de forma brusca.

"Bom dia para ti também...interrompo alguma coisa?" Bom dia? Só se for para ele.

"Não, o que foi?"

"Então, o Jake vai dar uma festa lá fraternidade esta noite, como ontem não foste à festa da fraternidade das gajas queria saber se hoje posso contar com a tua boleia para a festa do Jake."

Eu ia dizer que não quase automaticamente, mas foda-se... porque raio não hei-de ir? 

"Yah puto... conta comigo! Hoje a casa até vai a baixo que o Miller 'tá de volta!" 

Vamos lá afogar estas mágoas... se fizer alguma merda hoje, que se foda... uma merda maior do que a que já fiz é impossível...vamos lá, já não tenho nada a perder, porque já perdi tudo o que tinha...

Limpei as lágrimas, liguei o carro e fui para o meu dormitório.

***                                                        ***                                                              ***

"Miller...despacha-te meu! Quero ir para festa pah..." Ouvi o Ryan chamar.

Dei um último arranjo no cabelo com a mão e pus perfume, peguei nas chaves do carro, e fomos para a festa.

Ao chegar lá o ambiente já estava ao rubro, a música estava no máximo, o cheiro a cerveja e a erva era evidente, as miúdas estavam com roupas abusadamente curtas... vai ser uma noite divertida... Fui servir-me de cerveja, e fazer uma primeira ronda... Colei mentalmente um post-it em três gajas: uma loira, de mini-saia preta, uma morena de calções de ganga, e a Michelle... como sempre o meu plano B... Após essa primeira ronda fui ter com o Ryan e os outros que estavam no jardim, a fumar qualquer coisa... não acredito que já fiz tanta coisa nesta vida e nunca fumei uma ganza.

"Hey Ryan...deixa dar uma passa nisso."

"'Tás-te a passar meu? Tu nunca te metes nestas cenas..."

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