"Fica"

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Ponto de vista da Joana

"És o meu novo vício" Sussurou-me ao ouvido. 

"Ainda bem" Beijou-me de novo.

Eu não consigo fartar-me dos seus beijos, nem do seu toque, nem de nada que possa estar relacionado com ele. Peguei no prato dos crepes e ele nas chávenas de leite e dirigimo-nos de volta para a cama.

"Sabes... está um dia bonito, podíamos ir dar uma volta..." Propus-lhe.

"Ou isso, ou podemos ficar aqui, a aproveitar ao máximo estes dois dias que temos para estar sozinhos..." Disse como contra-proposta.

Tenho que admitir que a ideia dele me agradou bastante, no entanto, no mais fundo de mim eu pensei em como eu ficaria se aquela pessoa ao meu lado não passasse do Miller do costume a fazer um pequeno joguinho para conseguir o que quer e depois me descartar como fez a todas as outras, mas esses pensamentos depressa se afundaram. Não seria possível ele ter encenado tudo aquilo, não seria possível ele ter partilhado coisas tão dolorosas comigo apenas para chegar onde quer. Não...definitivamente ele não estava a fazer isso. Acho que no fundo apenas considero tudo isto bom demais para ser verdade e tento arranjar uma desculpa para acabar com a perfeição deste momento. 

"Estás pensativa babe... ainda estás a pensar naquilo que a Michelle disse não é? Admite, a sério, é normal se te questionares, tens todo o direito a fazê-lo..."

Como é que isto é possível? Ele tem algum tipo de poderes telepáticos para saber o que vai na minha cabeça? 

"Não... não é nada..." respondi. 

"Jo... eu conheço-te... vá lá...admite."

"Ok pronto... mas é difícil não pensar nisso, e além do mais, eu conheço-te há pouco mais de uma semana Sam...Sei lá, não é um pouco imprudente da nossa parte aquilo que estamos a fazer?"

"Achas que estamos a fazer alguma coisa de errado? " Perguntou-me com uma expressão preocupada.

"Não...não sei... estamos?"

"Diz-me tu se vês alguma coisa de errado no que já fizeste? Arrependes-te de alguma coisa? Arrependes-te de me ter conhecido no primeiro dia?"

"Nunca Sam... tu sabes disso."

"Arrependes-te de ter ido comigo à festa? Ou de me teres convidado a ficar aqui a seguir? Arrependes-te de me teres deixado entrar na tua vida?"

"Não, não é isso, é só que..."

"É só que por uma vez na vida estás a fazer o queres e não aquilo que os outros esperam de ti?"

"Não sei...só sinto que não está certo."

"Eu não te entendo Jo... a sério que não te entendo, não te consigo compreender. Ontem à noite chamas-me para vir dormir contigo, deixas-me abraçar-te, deixas-me pensar que és minha. Há pouco perdoaste a maior merda que fiz na minha vida, não me deixaste ir embora. Deixas-te beijar-te... deixaste-me viciar-me em cada detalhe teu, e agora dizes-me que sentes que não está certo?" Ele estava a ficar um pouco exaltado e até mesmo desiludido. "Jo, se não és capaz de me aceitar devias ter-me deixado ir embora, e não ter-me dado esperanças..."

"Mas eu não quero que vás embora!"

"Então o que é que queres? Explica-me! Diz-me o que é que eu tenho de fazer! Eu disse-te ainda há pouco, que se te perder agora, perco tudo entendes?"

"Não digas isso Sam..."

"Tu ainda tens medo não é? Tu ainda não acreditas que eu mudei... pois não?"

"É claro que acredito!"

"Não...é mais que óbvio que não acreditas. Se acreditasses não estávamos a ter esta conversa. Ás vezes desejava que pudesses estar dentro da minha cabeça, sabes? Se tu soubesses o que se passa aqui dentro não duvidarias de mim nem por um segundo!" Eu conseguia ver uma ponta de desespero transparecer no seu olhar.

"Sam, estás a entender tudo errado!"

"Não Jo... não estou. Se alguém aqui está a perceber tudo errado és tu. Eu voltei a ser eu por ti. Eu prometi a mim próprio não te magoar, nunca... e olha a ironia: desta vez quem acaba magoado sou eu."

"Sabes que eu nunca te quis magoar Sam. Nem quis nem quero!"

"Não é o que parece... Eu já te conheço. Se eu não tivesse razão naquilo que estou a dizer tu não me ouvias sequer. Tu não me deixavas sequer pensar estas coisas, quanto mais dizê-las. No entanto deixas-me falar, e limitas-te a contradizer-me sem convicção..."

"Eu... eu não sei o que dizer..."

"Depois de tudo o que eu te disse... Depois de saberes de tudo aquilo porque passei...Depois de aceitares tudo aquilo que eu fiz... eu nem acredito que me estás a fazer isto."

Ele levantou-se da cama.

"Onde é que vais?"

"Perdi o apetite..."

Ele começou de novo a arrumar as suas coisas dentro da mochila que tinha trazido.

"O que é que estás a fazer? Pára com isso!" Ordenei-lhe.

Ele que estava de costas para mim, voltou a largar o que estava a fazer, virou-se de frente e encostou-se à secretária. 

"Eu não vou parar Jo... É mais que óbvio que não confias em mim... aliás, eu nem sei onde tinha cabeça para pensar que pudesses confiar."

Ao dizer isto voltou a virar-se de costas e continuou a arrumar as coisas. Eu voltei a sentar-me na cama a observá-lo. Será verdade tudo o que ele disse? Eu queria desmentir cada palavra que saía da sua boca mas simplesmente não tinha coragem, não conseguia dizer-lhe convictamente que estava errado... Será que ainda tenho medo dele? Será que tenho razões para ainda ter medo dele? 

E porque raios estou aqui parada a vê-lo preparar-se para ir embora sem fazer nada para o impedir? Eu sei que quando ele sair daqui vai voltar a fazer as merdas do costume, ou ainda piores. Que tipo de pessoa sou eu? Eu fi-lo acreditar que ele podia conseguir voltar a ser ele próprio, e agora... de repente, depois de ele me ter proporcionado os melhores momentos da minha vida, tiro-lhe o tapete debaixo dos pés, faço com que ele saia daqui a achar que é a mesma coisa que era antes, que nunca vai conseguir voltar a ser o que era, e que está destinado a ser sempre o mesmo Miller, que usa as pessoas como diversão.

Mas porra! Porque é que eu não consigo pará-lo? Faz alguma coisa Joana! Faz alguma coisa sua inútil! Estás prestes a deixá-lo sair por aquela porta com a certeza de que quando sair não voltará mais a entrar e não fazes nada? 

Após estas auto-repreensões dos meu subconsciente eu levantei-me da cama, utilizando o mesmo método que já tinha utilizando antes quando ele quis ir embora. Como é que só acordei agora, e só agora tento travar o que estava prestes a acontecer? Ao pensar na forma inútil como encarei a situação, e na forma como o deixei pensar que para mim ele não tem valor, uma lágrima escorreu de cada um dos meus olhos. 

Com todas as minhas forças e mais algumas, abracei-o de novo, por trás.

"Sam... Desculpa, não vás! Por favor! Fica...por favor..." 

Eu sei que o capítulo está curto, e sei que as leitoras habituais estão com vontade de me matar depois de ler isto... por isso, desculpem :p

Entretanto o Shawn Mendes é capaz de aparecer por aqui em breve, com o nome de Tyler...foi só uma ideia, digam o que acham ;)

Como sempre, deixem as vossas opiniões/ Críticas/ Sugestões, sabem que eu amo comentários e que levo tudo em conta. Se gostaram do capítulo cliquem na estrelinha para votar. 

Amanhã há mais...Kiss <3

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