"Eu vou voltar."

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Ponto de vista da Joana

"És Ty... tu és a minha pessoas favorita." Ele sorriu.

"Isso é mentira... não te aproveites do facto de eu não me lembrar das coisas para me enganares... afinal foste tu quem disse que eu sou inteligente..."

Eu deixei escapar uma risada... sim ele é mesmo muito inteligente.

"Quando recuperares a memória tu vais conseguir compreender tudo melhor, ok?"

"E se não recuperar?"

"Tu vais recuperar, vais ver." 

"E os meus pais? Onde é que eles estão?" 

"Ainda não conseguimos falar com eles." Baixei os olhos.

"Eles estão em Nova Iorque?"

"Não Ty... eles estão numa viagem de negócios pela Europa."

"Estou cansado..."

"Porque é que não tentas dormir um bocadinho?" Disse, passando a mão na sua face, com muito cuidado para não o magoar. 

Ele fechou os olhos.

"Podes fazer isso outra vez?" Pediu com um ar admirado.

Eu passei de novo a mão pelo seu rosto. Ele abriu os olhos.

"Era de noite, e tu estavas comigo!" Exclamou.

"O quê?" Perguntei sem perceber nada.

"Eu lembrei-me! Tu fizeste isso, passaste a mão na minha cara, de noite, e estavas ao meu lado, eu acordei e tu pediste desculpa, e eu disse que me podias acordar dessa maneira sempre que quisesses! Não foi?" 

Não consegui evitar sorrir Deixa-me tão feliz que ele esteja a recuperar. 

"Foi Ty... foi isso mesmo." A nostalgia apoderou-se de mim. 

Ele estava a recordar-se da noite do nosso primeiro beijo. 

"E depois... depois... não me lembro..."

"Não faz mal. Hás-de lembrar."

"Faz isso só mais uma vez? Por favor..."

Eu voltei a deslizar a minha mão pelo seu rosto. Ele sorriu. Abriu os olhos.

"E depois beijei-te, não foi?" Perguntou. 

Não sei porque é que esta vontade de chorar tomou conta de mim. Talvez fosse por vê-lo assim... neste estado puro de inocência. Ele sempre foi um pouco assim, e eu sempre gostei disso. 

Talvez esta vontade de chorar se deva às recordações que eu também estou a relembrar... foram bons tempos. Muito bons tempos. Foi uma fase tão calma, tão pacífica. E depois penso em como a minha vida está um caos hoje e em como a culpa de ela estar assim é minha. Aliás, a culpa de tudo é minha. 

Se o Sam não estivesse tão zangado e afetado pela nossa discussão na noite em que a Vicky veio cá, provavelmente não tinha ido com ela, e logo, ela não estaria grávida... pelo menos, não dele.

Se eu tivesse ficado com o Ty nunca o deixaria ter conduzido bêbado...e ele não estaria aqui. 

E agora, mais uma vez, o que é que eu vou fazer? Exatamente... fugir de novo! Quando tudo se torna demasiado, eu apenas fujo para outro lugar. Agora vou voltar para Portugal, onde tenho outro problema à espera... O Luís. Mas comparativamente com tudo o que está a acontecer à minha volta aqui, é bem melhor. 

Contrariei as lágrimas e sorri.

"Beijaste."

"E beijo bem?" Perguntou em tom de brincadeira.

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