Ao ouvir o que ele tinha para me dizer só conseguia ficar de cabeça baixa, sem responder. Sei perfeitamente que ele tem razão. E agora, depois tudo, chego à conclusão que talvez tenha feito a escolha errada quando preferi o Sam, porque eu sei que se estivesse com o Ty não tinha passado por metade das coisas que passei com o Sam... metade da dor, metade das lágrimas, metade dos gritos, das brigas, dos desentendimentos. Metade das noites sozinha, metade das manhãs de ressaca... metade de tudo. Mas no que toca ao Sam, alguma coisa dentro de mim fala mais alto... será que ainda fala?
O Ty tem razão, eu só gosto daquilo que me faz mal. Sejamos realistas, qualquer pessoa com dois dedos de testa que saiba a minha situação neste momento iria saber a razão de eu estar aqui, e de estar com uns copos a mais. Essa razão é o Sam... o facto de não saber nem onde, nem com quem é que ele está... Nem a fazer o quê. E eu não faço a menor ideia daquilo que vou fazer amanhã à tarde quando o vir, porque eu sei que ele não vai ter uma boa explicação para me dar. Eu sei que não vai haver justificação coerente. Todos os meus medos se resumem ao que está a acontecer hoje: o Sam fartou-se da estabilidade de uma relação. Simplesmente fartou-se de me ter só a mim. Ele não homem de uma só mulher, e eu enganei-me ao achar que ele podia ser.
"O que é que aconteceu com o Miller? Porque é que não sabes onde ele está?"
"Hoje nós fazíamos três meses de namoro."
"Faziam?" Perguntou admirado. "Isso quer dizer que já não fazem?"
"Fazemos... mas ele esqueceu-se." Riu-se.
"Eu também não sou muito bom em fixar datas."
"Ele não se lembrou, mentiu descaradamente na minha cara, e saiu sem se despedir."
"Saiu para onde?"
"Supostamente com os amigos... para uma discoteca fora do campus. Mas acontece que todos os amigos dele estão aqui. Por isso acredito que tenha ido com 'amigas' se é que me entendes. E ainda disse que não ia dormir a casa, e só chegava amanhã à tarde. Isto tudo sem sequer me avisar com antecedência."
"Wow...resumindo: ele está fodido?"
"Basicamente."
"E o que é que vais fazer amanhã à tarde quando ele chegar?"
"Não faço a mais pequena ideia..."
"Vais ficar com ele?"
"Como assim?"
"Vais perdoá-lo por qualquer merda que tenha feito e vais ficar com ele?"
"Não! Claro que não!"
"Então...?" Olhou para mim à espera que eu continuasse.
"Eu não sei Ty... não sei mesmo." Comecei a sentir os meus olhos ficarem rasos de lágrimas.
Ele reparou.
"Hey... vá lá Jo... não chores pequenina." Pediu tomando-me nos seus braços. "Eu não gosto quando tu choras..."
"Desculpa Ty... desculpa por tudo." Ele apertou-me com mais força.
"Não me peças desculpa... não é preciso. Eu nunca consigo ficar zangado contigo."
O mais engraçado é que eu sei que é verdade, eu sei que o Tyler não é capaz de ficar zangado comigo, nem é capaz de gritar comigo como o Sam grita... eu sei que não.
"Mas devias! Tu devias estar muito zangado mesmo! Tu devias gritar comigo e dizer-me as coisas que eu fiz erradas!" Ele sorriu.
"Eu não quero gritar contigo princesa... Eu não vou gritar. Eu não preciso de gritar. Tu compreendes as coisas, mesmo ditas a bem... não compreendes?"
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Trust
Teen FictionJoana é uma estudante de 18 anos que entra numa faculdade nos Estados Unidos, o que a obriga a sair do seu país - Portugal. É na universidade que Joana vai conhecer o arrogante, sarcástico, convencido e player Sam Miller, um rapaz cuja fama não enca...