"Quase..."

803 64 24
                                    

Quando ele saiu eu deixei-me cair de costas sobre a cama. Posso ter dormido a viagem toda, mas ainda assim sinto-me cansada. Muito a custo levantei-me novamente da cama. Fui até à casa de banho. Liguei o chuveiro para a água aquecer enquanto fui à mala buscar os meus produtos do banho. 

Entrei para o duche e deixei que a água morna caísse sobre a minha pele, relaxando-me de imediato. Quando acabei de tomar o duche fui novamente para o quarto. Tirei o edredão porque é verão e como é óbvio não vou tapar-me com um edredão para dormir. Deitei-me nos lençóis brancos e pousei a cabeça, com o cabelo ainda molhado, na almofada. 

Tudo à minha volta tinha um aroma doce... Claro, é óbvio que é doce. Com o Tyler é sempre tudo doce. Mesmo quando ele teve aquela fase "badboy" e tentou ficar ácido e até mesmo um pouco picante, mas não conseguiu. Para mim ele foi sempre o meu Ty... o Ty doce de sempre. 

Por incrível que pareça os seus lençóis não cheiram a tabaco. E agora que penso nisso ele também não. Será que deixou de fumar? Com estes pensamentos os meus olhos ficaram cada vez mais pesados e adormeci.

Acordei a meio da noite, com sede. Levantei-me daquela cama incrivelmente confortável. Abri a porta devagar para não fazer barulho e fui com pézinhos de lã até à cozinha. Ao passar pela sala percebi que a janela da varanda estava aberta e achei estranho. Olhei para a mesa de apoio e o portátil continuava lá e estava ligado. As cortinas dançavam com o vento. Tenho a certeza de que ainda está acordado. 

Fui até à janela aberta, de acesso à varanda e lá está ele, com os braços apoiados na parede da varanda que lhe dá pela cintura, a fumar um cigarro, apenas com calças de ganga e em tronco nu. Não me ouviu chegar.

"Ainda levantado Ty?" Perguntei colocando uma mão nas suas costas. 

Ele olhou para trás, para mim, e sorriu. 

"Não tenho sono." Deu mais um bafo no cigarro, que estava a meio.

"Ainda estás a trabalhar?" Perguntei encostando-me à parede da varanda.

"Estive só a acabar umas coisas..." Respondeu libertando o fumo. 

"Mas já é tão tarde. E tu disseste que ias sair às oito... não vais ter tempo nenhum para dormir e descansar." 

"Não te preocupes comigo." Sorriu novamente.

Eu dei o impulso e sentei-me na parede da varanda, com os pés virados para dentro. 

"Estás maluca Jo? Sai daí. Estás num décimo terceiro andar, sabias?" Ordenou segurando a minha mão.

"Não vou sair." Franzi a sobrancelha. 

"A sério Jo... Sai. Por favor." Pediu sério sem me largar. 

"Estás preocupado?"

"É claro... é perigoso estares ai, imagina que te desequilibras...Anda lá. Desce."

"Se tu te podes preocupar comigo, porque é que eu não me posso preocupar contigo?" Perguntei enquanto passava uma das pernas para o lado de fora da varanda. 

Os seus olhos ficaram arregalados ao ver o que eu estava a fazer. 

"Por amor de deus miúda, volta a pôr essa perna para dentro."

"Porque é que eu havia de fazer o que me mandas se tu nunca ouves o que eu te digo?" 

Comecei a passar a outra perna para o lado de fora também. 

Ele desistiu de me convencer a descer quando viu que eu ia mesmo passar as duas pernas para o lado de fora. Agarrou-me pela cintura, pegou-me ao colo e tirou-me de lá. 

TrustOnde histórias criam vida. Descubra agora