"Quando tiver de ser..."

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Decidi voltar a dormir... ele há-de vir para casa... mais tarde ou mais cedo, nem que seja amanhã de manhã. Voltei a fechar os olhos e adormeci, mesmo com aquele nervoso miudinho na minha barriga...

Acordei com o barulho da porta a abrir. Olhei para lá...ele está podre de bêbado... não tem mesmo remédio. Olhei para o telemóvel para ver as horas. Já passa das sete da manhã. Acendi a luz do candeeiro pequeno. Ele entrou e fechou a porta.

"Estás bem?" Perguntei.

"Yah..." Respondeu com uma voz de embriagado. 

"Queres ajuda?"

"Não... eu vou só tomar banho."

"Ok." Será que devo perguntar-lhe o que andou a fazer até esta hora? Afinal ele disse que chegava às duas e chegou depois das sete...são "apenas" cinco horas de diferença.

Ele acabou de tomar banho, e veio para a cama, sem sequer se secar.

"Ei... estás a molhar-me!" Ele soltou um daqueles sorrisos atrevidos.

"Hmm... com que então basta veres-me sem roupa e ficas logo molhada não é?" Riu-se, quase a adormecer.

"Não foi isso que eu disse Sam..." Deixei escapar uma risada."Estás a molhar-me porque nem te deste ao trabalho de te secar..." 

"Aham..." Não vale a pena, ele está mais morto que vivo.

Deixei um beijo na sua face. 

"Dorme bem Sam..."

***

Acordei por volta das dez da manhã. Ele dormia como uma pedra. Decidi arrumar a roupa que estava espalhada no chão e arranjar-me para ir comprar o pequeno-almoço. Quando regressei ao dormitório ele já estava acordado mas continuava na cama.

"Então? Foste-te embora e não me avisaste? Estava preocupado..." 

"Bem... tu também disseste que chegavas as duas, e chegaste às sete, e eu também estava preocupada, por isso estamos quites..."

"Pois é... sobre isso, desculpa. Perdi a noção das horas."

"Não faz mal... o que é que estiveste a fazer até aquela hora?"

"Beber, com os rapazes."

"Só?"

"Sim... que mais podia estar a fazer?"

"Não sei... diz-me tu..."

"Estás a tentar insinuar alguma coisa babe? É que se estás, eu não estou a perceber onde queres chegar..."

Eu pus a mão no bolso das minhas jeans, e tirei de lá um papel que tinha encontrado no bolso da camisa dele, quando estive a arrumar a roupa. Atirei-o para cima da cama, para ao pé dele.

"Ah... isto..." Disse a olhar para o papel.

"Sim Sam... isso..." 

"Isto não é nada... a miúda passou por mim e deu-me o papel, eu li, e meti-o no bolso... nada de especial."

"Sim, porque as pessoas passam assim por ti e deixam-te bilhetinhos a dizer para ires ter com elas às tantas da manhã..."

"Oh não... cá vamos nós outra vez..." Ele revirou os olhos.

"E depois de um bilhetinho destes ainda queres que acredite que estiveste até às sete da manhã apenas a beber com os amigos?" Franzi a sobrancelha, mas nunca elevei o tom de voz.

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