"Gosto em ver-te de novo, Joana."

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Cheguei a casa, exausta, só queria tomar um duche a cair na minha cama, no entanto a minha mãe tinha feito um jantar para nós, para os meus avós e para algumas das minhas amigas, e todas essas pessoas estavam à minha espera em casa. Não é que eu não estivesse com saudades de toda a gente, mas a última coisa que me apetecia era de estar a contar como é que foi tudo a toda a gente, e ter de acenar que sim com a cabeça a toda a toda a gente que dizia "Deves estar muito feliz por estares de volta a casa." quando na verdade eu estava um farrapo por dentro, estava triste e não tinha a mínima vontade de festejar fosse o que fosse. Finalmente o jantar acabou e todos foram embora, à exceção da Dani que ficou a ajudar-me a mim, à minha mãe e ao meu pai a arrumar a cozinha, tirar os pratos da mesa e colocar na máquina da loiça.

"Amanhã à tarde vou ao centro de emprego mãe..." Comentei enquanto colocava uns pratos na máquina.

"O quê? Fazer o quê?"

"Vou deixar o meu currículo e inscrever-me, como é óbvio."

"Para quê?"

"Mãe?! Estás consciente que eu acabei a faculdade por isso é hora de trabalhar, e para procurar trabalho vou inscrever-me."

"Sim, eu sei disso tudo, mas ainda agora acabaste... descansa uns meses filha. Desfruta da tua casa que há tanto tempo que não estás cá... Não tenhas pressa com o emprego. Aproveita o verão." Eu encolhi os ombros.

"Ficas para dormir Dani?" Perguntei.

"Não sei... não estás muito cansada? Não preferes dormir sozinha?"

"Não..." A verdade é que já nem estou habituada a dormir sozinha. "Podes ficar, eu gosto de companhia."

"Então ok... eu fico." Sorriu.

***

Passei um mês sem fazer praticamente nada, até ao momento em que a minha casa foi invadida por todas as minhas amigas, para convencerem a minha mãe a deixarem-me ir de férias com elas para o Algarve durante um mês. Elas nem me perguntaram se eu queria ir. Até porque se perguntassem a resposta seria definitivamente negativa. 

Bateram à porta e eu fui abrir, entraram todas de repente e apenas perguntaram pela minha mãe, eu disse que ela estava na cozinha e foram todas para lá. Eu deixei-me ficar no sofá da sala a ver televisão, mas ouvi a conversa. 

Pelos vistos os pais da Andreia têm uma casa no Algarve, e elas estavam a planear ir passar um mês lá, e para que eu fosse vieram pedir à minha mãe para me deixar ir. No entanto foi mais difícil convencerem-me a mim do que à minha mãe. Mas lá acabei por aceitar ir. 

Fui eu, a Andreia, a Dani, a Madalena e a Inês, todas no carro da Dani e conduzíamos à vez. Durante todo o caminho rimos e cantámos as músicas da rádio. Por uma vez desde que cheguei senti que estava de facto feliz, embora eu soubesse que era uma felicidade momentânea. Mas o Sam havia de querer que eu fosse feliz... não é? 

Eu espero que ele, esteja a fazer seja lá o que for, também esteja feliz com a sua vida. Nós decidimos manter-nos afastados até que a ferida fechasse um pouco, porque se estivéssemos constantemente a falar no Skype ia ser bastante mais complicado para nos esquecermos um do outro, pelo menos nos primeiros tempos. Por isso eu não sei nada dele e ele não sabe nada de mim desde o dia em que me separei dele no aeroporto.

Será que ele já conheceu a futura Mrs. Miller? Será que já arranjou trabalho? Será que a Vicky já andou a rondá-lo de novo? E se já andou, será que ele cedeu? Eu espero bem que não, ele merece bem melhor que a Vicky. 

Como será que ele está a aguentar-se? Espero que não tenha voltado aos velhos hábitos da bebida e da festa... mas não, ele já não está na faculdade, já não há festas loucas todos os dias, com bebida quase dada, e ele não tem assim tanto dinheiro para gastar em bebida... Será que já conseguiram meio de transporte para levar o seu velho Chevy de volta para São Francisco? Se não, será que o velho Chevy, onde tenho tão boas recordações está a ganhar pó no estacionamento do aeroporto? 

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