Fiquei assustada quando a porta abriu, cheguei mesmo a ter um momento de pânico. Acendi a luz. Sam? Fiquei estática a olhar para ele.
"Desculpa... não queria assustar-te amor..." Amor? Ele não me pode chamar amor! Porque é que dificulta o que já é difícil?
"Não faz mal..." Ele fechou a porta e trancou-a.
"Levaste a minha moldura..." Disse sem olhar para ele.
"A nossa moldura, queres tu dizer." Despiu a t-shirt.
"O que é que estás a fazer?"
"Bem... eu estava no meu dormitório antigo, sem conseguir dormir. E estava a pensar em tudo e... nós não acabámos. Tu continuas a ser a minha namorada, e portanto, o meu lugar é aqui." Tirou as jeans e foi até ao armário. "Onde está a minha almofada?" Perguntou, uma vez que não estava onde ele a tinha deixado.
"Aqui..." Respondi com voz trémula.
Ele entrou para de baixo das cobertas, e abraçou-me. Não consegui evitar uma enorme sensação de conforto com ele ao pé de mim. Foi uma sensação de vazio preenchido.
Ao pé dele tudo é muito melhor. O frio transforma-se em calor, e o vazio fica cheio, as lágrimas viram sorrisos, e a noite passa de assustadora a acolhedora. O silêncio deixa de ser pesado e passa a ser confortável. A pele nua tem outra pele para sentir... e o mundo gira no sentido certo. O vento passa a ser brisa, e o cheiro, deixa de ser apenas cheiro e passa a ser perfume. Os lábios deixam de ser inúteis... E o tempo que temos para estar juntos é infinitamente pouco.
"A Kylie disse-me que vais amanhã..."
"Aham..."
"Já sinto a tua falta."
"E tu? O que é que vais fazer?"
"Vou para São Francisco... Tenho de contar aos meus pais..."
"Estás feliz? Vais ser pai..."
"Achas que estou feliz? Estou um farrapo. Eu acho que vou assumir a criança, mas não estou tão convencido quanto a assumir a mãe da criança. Ela não me pode obrigar a ficar com ela por causa de um filho. Há tantos casais que têm filhos e que se divorciam...Porque é que eu haveria de ficar com ela?"
"Seja qual for a tua decisão, sei que estás certo."
"Vais querer manter o contacto comigo?" Perguntou enquanto pegava numa madeixa do meu cabelo e começava a brincar com ela.
"Sam... não vamos complicar ainda mais o que já não é fácil... Manter contacto para quê?" Os seus olhos ficaram húmidos.
"Porque eu te amo..." O queixo começou a tremer-lhe. "Porque ainda tenho esperança que o filho não seja meu..." Tentou engolir o choro. "Porque eu recuso-me a acreditar que vou ficar sem ti..." A primeira lágrima escapou-lhe do olho direito. Eu limpei-a com o meu polegar. "Porque eu não quero simplesmente perder-te o rasto."
"Mas tu sabes que tudo isso é altamente improvável... e por muito que eu queira, sabes que não consigo lidar com o facto de teres um filho com a Vicky."
"Eu sei mas... talvez um dia... mais tarde, não me interessa quando, as coisas fiquem diferentes, e ainda possamos estar juntos."
Passei a mão no seu rosto. É provavelmente a última vez que vou poder fazê-lo, em toda a minha vida. A última vez que posso sentir a sua presença... E dói tanto... mas tanto. Deixei um beijo na sua face.
"Eu sei que estás a despedir-te de mim... não negues. Eu consigo perceber que estás."
Não consegui mais segurar as lágrimas, e ele puxou-me contra o seu peito.
"Shhh... está tudo bem. Eu estou aqui."
Está? Por quanto mais tempo é que está aqui? Porque quanto mais tempo é que eu vou tê-o comigo? E quando eu entrar em pânico de novo? Quem é que vai fazer este "shhh" no meu ouvido? Quem é que me vai dizer que está tudo bem?
Nunca mais vai estar tudo bem! Vai sempre faltar alguma coisa! Vai sempre faltar ele! Podíamos não parecer o casal mais unido, mas éramos. Já não existe uma Jo sem Sam, nem um Sam sem Jo.
Nós lutámos tanto para passar por cima das nossas diferenças, para aceitar o passado um do outro... Nós lutámos tanto para conseguirmos confiar um no outro... Nós continuámos a insistir, mesmo quando toda a gente dizia que nós os dois não ia bater certo. Só nós sabemos como batemos certo! Ele é a mistura perfeita de tudo aquilo que não devo ter, com tudo aquilo que me faz falta. Ele é o balanço ideal entre o certo e o errado, entre o caos e a calma...
Ele é o desequilíbrio que a minha vida precisa para ser equilibrada. O fator surpresa que anima todos os meus dias.
E por incrível que pareça, este "shhh" resulta sempre... O simples facto de ele dizer que está tudo bem é suficiente para o meu desespero começar a desvanecer.
"Não saias de ao pé de mim esta noite... por favor." Pedi.
"Nunca meu amor. Podes dormir. Eu não vou sair daqui."
Eu aninhei-me nele, que me aconchegou nos seus braços, e as nossas caras ficaram a milímetros. Fechei os olhos mas não quero dormir. Sinto a sua respiração quente e ele encosta os lábios aos meus. Retribuí o beijo. Se é a última noite que estou com ele, então, que o tenha por completo.
Passei as minhas unhas no seu tronco. Ele sabe que este é o sinal. Continua a beijar-me. Fez rolar o seu corpo para cima da meu. Ficou de joelhos, com uma perna de cada lado do meu corpo. Foi levantando a minha camisola e deixando beijos mornos na pele visível. Hoje tudo é mais lento... como se não quiséssemos que este momento acabasse, por nada neste mundo.
Ele continua a beijar-me, e a passar as mãos pelo meu corpo. A nossa respiração altera-se, fica mais pesada, mas descompensada. E o coração acelera. O seu corpo, quente por natureza, aquece ainda mais, por isso, mesmo nua não tenho frio nesta noite chuvosa de Novembro.
Finalmente sinto-o dentro de mim, e ele vai com calma. Ele marca o ritmo e o meu corpo acompanha, num ondular lento, e intenso, como se tivéssemos todo o tempo do mundo... não temos.
Os seus lábios nunca descolam dos meus, a não ser para respirar. E neste momento eu não me lembro de nada. Não quero saber do mundo, nem de ninguém fora destas quatro paredes. Sinto-me como se ele me libertasse de mim mesma e dos meus pensamentos caóticos, da minha vida caótica e de todo o restante caos que possa existir. A nossa relação também foi sempre um pouco caótica, e talvez, esta seja a mais caótica das situações pelas quais passámos, no entanto, neste momento, a calma instalou-se, e não estávamos preocupados com nada.
Mais do que um momento físico, foi um momento emocional, em que dissemos tudo o que tínhamos a dizer sem, sem sequer pronunciar uma palavra. E sim... admito. Foi uma despedida.
Hey babes <3 O que acharam da despedida do Sam e da Jo? Intensa ou nem tanto?
Se eu já tinha chorado a escrever a despedida dela com o Ty...imaginem como chorei agora :c
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Kiss <3
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Trust
Teen FictionJoana é uma estudante de 18 anos que entra numa faculdade nos Estados Unidos, o que a obriga a sair do seu país - Portugal. É na universidade que Joana vai conhecer o arrogante, sarcástico, convencido e player Sam Miller, um rapaz cuja fama não enca...