"A minha casa."

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Atenção! Este capítulo contém conteúdo adulto.

No momento em que disse isto uma nova tontura tomou conta de mim. Fechei os olhos e coloquei a mão sobre a mesinha de cabeceira, tentando que ele não reparasse, mas reparou. 

"Não... bem é que tu não estás, senta-te." Ordenou agarrando a minha mão e fazendo como que me sentasse na cama. 

"Não é preciso... São só umas tonturas."

Ele levantou-se, foi até à cozinha e regressou com um copo de água. 

"Bebe." Disse entregando-me o copo.

Eu senti o sabor doce da água e fiz uma careta.

"Sam... tu sabes que eu odeio água com açúcar. Isto é horrível." Reclamei.

"Bebe!" Repetiu mais alto.

Eu fiz o que ele mandou e bebi até ao fim. Quando terminei entreguei-lhe de novo o copo e ele foi deixá-lo na cozinha. Voltou para o quarto, com a mesma expressão vazia. 

"Deita-te."

"Não é preciso. Eu já estou bem."

"Deita-te!" Aumentou o tom de voz.

Eu deitei-me e fiquei a olhar para cima, em silêncio. Ele sentou-se na cama, ao meu lado.

"Sentes-te melhor?" Perguntou.

"Eu já estou bem. Posso levantar-me?"

"Não."

"Posso ao menos tapar-me? Estou com frio."

Ele não disse nada, apenas puxou o cobertor que se encontrava no final da cama e puxou-o para cima de mim.

"Obrigada." Agradeci.

Ele ficou sentado na ponta da cama, ao meu lado sem dizer uma palavra.

"Será que podes dizer alguma coisa?" Perguntei com ironia.

"Não."

"Ok." 

O que é que isso quer dizer? Que vai ficar aqui sentado ao meu lado durante sei lá quanto tempo sem dizer nada? Que situação nem um pouco constrangedora... Fiquei também em silêncio. A olhar para o teto, enquanto ele olhava para sabe Deus o quê. Honestamente acho que ele não estava a olhar para nada. Acho que ele estava a olhar para dentro de si próprio para tentar achar alguma coisa para dizer, ou fazer. O tempo foi passando e os minutos pareciam horas. O silêncio deixava o ambiente carregado de coisas que não se estavam a dizer que se se estavam a sentir. Os meus olhos começaram a ceder, e sem dar por isso, adormeci. 

Acordei já de madrugada, para descobrir que ele não estava lá. Devo admitir que foi cobarde da sua parte ter-se ido embora quando adormeci apenas para não ter de dizer nada. Passei os olhos de relance pela porta da cozinha, e vi que por baixo da mesma saía um fio de luz. Ele deve ter-se esquecido de a apagar quando foi deixar lá o copo. Levantei-me, caminhei até à porta. Abria-a. Senti um pequeno sobressalto ao vê-lo sentado à mesa, a dormir sobre os braços. Bebi um copo de água, a olhar para ele, encostada à bancada. Acordo-o? É claro. Não vou deixá-lo dormir a noite toda na mesa... iria acordar com uma enorme dor no pescoço. 

Caminho descalça na sua direção. Dou-lhe um toco de leve no ombro mas ele não reage. Toco-lhe de novo.

"Sam..." Chamo baixinho.

Ele levanta a cabeça dos braços, devagar, com um ar desorientado, e com o cabelo desgrenhado.

"Adormeci?" Perguntou.

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