"Não... Jo, por favor, tu não te podes ir embora. Lembra-te do que a Susan de disse! Trabalhaste tanto para poder estar aqui, não largues tudo assim!"
"Eu já tomei a minha decisão." Pergunto-me o que aconteceu ao meu coração, porque com certeza não está no peito.
Sinto como se todo o meu ser estivesse sobre o efeito de alguma anestesia forte. Não sinto nada. Não tenho emoções. Digo que me vou embora sem sequer pestanejar. Não sei como consigo manter esta calma quando no fundo eu estou em pânico. Eu devia estar a gritar, a chorar... simplesmente a fazer qualquer coisa. Mas não neste estado de apatia completa.
Foi uma longa espera pelo voo, pareceu ainda mais longa pelo facto de eu e o Sam estarmos calados. Nós nunca estávamos calados... Nunca. Este silêncio entre nós começa a tornar-se desesperante. Eu não sei o que fazer. Não sei o que dizer. Acho que o meu cérebro tem demasiadas coisas em que pensar para conseguir pensar nalguma coisa.
Fiquei calada o voo inteiro. Cheguei já tarde a Detroit. O Sam foi levar-me ao meu dormitório, aproveitei para trocar de roupa, pois ainda estava com o vestido preto. Liguei à Kylie para saber em que hospital está o Ty. Eu apontei o nome do hospital, dei o papel ao Sam. Ele levou-me até lá. Deixou-me à porta do hospital.
"Podes ir, a Kylie dá-me boleia de volta para o campus." Foi as primeiras palavras que lhe dirigi desde a nossa conversa no aeroporto.
Ele não me respondeu, apenas assentiu com a cabeça, e arrancou. A Kylie estava à minha espera à porta do hospital para me levar até ao quarto onde ele estava.
Quando entrámos no quarto vi que ele tinha alguns pontos na testa, e alguns hematomas, mas não me pareceu nada assim de tão grave.
"Ele está a dormir?" Perguntei à Kylie.
Ela olhou para baixo.
"Não Jo... ele está em coma..."
"Coma? Onde é que está o médico? Eu quero falar com ele!"
"Não sei... de tempos a tempos vem cá uma enfermeira. Quando ela vier podes pedir para ela chamar o médico."
Eu sentei-me numa das cadeiras que estava junto à cama, dei-lhe a mão, esperei que a tal enfermeira viesse. Ela veio passado algum tempo, começou a olhar para as máquinas e a apontar qualquer coisa no registo dele.
"Quando é que ele acorda? Ele vai acordar... não vai?" Perguntei.
A enfermeira respirou fundo.
"Esperemos que sim..."
"Como assim, esperemos? Há a possibilidade de ele não acordar?"
"Nunca se sabe...é namorada?"
"Sou... amiga."
"Bem... o seu amigo pode acordar... mas mesmo que acorde, ele pode ficar com algumas mazelas...espero que compreenda o que quero dizer."
"Sim... compreendo." Respondi a engolir o choro.
"Por acaso não sabe como podemos contactar os pais pais dele?"
"Eu tenho o número do escritório do pai... posso ligar-lhe."
"Sim... por favor." Eu assenti com a cabeça e saí do quarto.
Peguei no telemóvel, procurei o número e liguei. Atendeu a secretária.
"Boa noite, eu sou amiga do filho do Mr.Collins e precisava de falar urgentemente com ele."
"O Mr. e a Mrs. Collins não se encontram no país. Estão numa viagem de negócios à Europa. Quer deixar recado?"
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Trust
Teen FictionJoana é uma estudante de 18 anos que entra numa faculdade nos Estados Unidos, o que a obriga a sair do seu país - Portugal. É na universidade que Joana vai conhecer o arrogante, sarcástico, convencido e player Sam Miller, um rapaz cuja fama não enca...