Não voltei a falar com o Luís depois daquilo que aconteceu, mesmo tendo de vê-lo quase todos os dias na praia. Sempre que podia evitava qualquer tipo de contacto com ele. O que não era fácil uma vez que a minha melhor amiga teve um romance de verão escaldante com o tal amigo dele, o Pedro.
Além de não ter começado da melhor forma tenho que admitir que foi um mês muito bem passado. É sempre bom passar tempo com as amigas. Elas têm o poder de levar embora os pensamentos negativos, e essa foi uma das razões que me levou a aceitar vir para cá com elas. Porque eu sabia que se ficasse em casa, sem fazer nada, e ainda para mais sem as ter a elas por perto durante um mês ia fazer com que eu passasse esse mês enfiada em casa a pensar em coisas que não me fazem bem. Ia ficar ainda mais desmoralizada, triste e desmotivada.
Para dizer a verdade não pensei tanto no Sam como achei que ia pensar. É claro que nos primeiros dias ele não me saía da cabeça. Nem depois de ter feito aquele enorme disparate logo no início das férias. Mas agora as férias chegaram ao fim.
Hoje eu e as miúdas estivemos a fazer as malas e arrumar a casa toda. À tarde fomos até à praia pela última vez. A Dani e o Pedro despediram-se, e todo o restante grupo veio despedir-se de nós também.
Quando chegou a vez de o Luís se despedir eu fiquei sentada na toalha, para tentar evitar, no entanto ele sentou-se ao meu lado enquanto todos os restantes tagarelavam em pé.
"Bem...então, eu vou estar a trabalhar em Lisboa... Acho que já não nos vamos ver mais, não é?" Meteu conversa.
"E ainda bem..." Respondi sem sequer olhar para ele.
"Porque é que és assim?"
"Assim como?"
"Assim fria comigo... O que é que eu fiz além daquilo que já discutimos?"
"Tu sabes bem o que fizeste..."
"O quê? Aquela noite?" Franziu a testa.
"Sim... aquela noite." Repeti.
"O que é que eu fiz?" Perguntou baixinho. "O que é que eu fiz de errado nessa noite? A sério, diz-me porque desde que isso aconteceu eu tenho tentado perceber o que é que eu fiz de errado." Dirigiu
"Aproveitaste-te do facto de eu estar podre de bêbeda... foi o que tu fizeste de errado."
"Joana... eu sei que não acreditas em mim mas..." Suspirou. "Eu não achei que tu não quisesses. Eu nunca pensei que ias ficar tão arrependida de manhã. E eu não se se te lembras, porque não estavas nada sóbria, mas foi bom... Não apenas no sentido físico. Simplesmente foi bom, soube bem. Pareceu certo, pareceu, de certa forma, normal. Para mim foi como um 'regresso a casa' entendes? Eu juro que achei que depois daquela noite, a pouco e pouco, tudo podia voltar ao que era."
"Enganaste-te em tudo. Eu não queria mesmo. E nunca... jamais eu iria ponderar a ideia de voltar para ti. Não existe nenhuma hipótese remota disso acontecer."
Fez-se silêncio durante alguns momentos.
"Eu sei que o que eu fiz não tem perdão." Observou.
"Ainda bem que sabes."
"Mas quando se quer muito alguma coisa existe sempre uma chama de esperança... tal como tu sabes que é impossível voltares a estar com aquele teu namorado dos Estados Unidos, mas continuas a alimentar uma pequena esperança. Eu faço exatamente o mesmo que tu. Não podes culpar-me..."
"Não queiras comparar..." Revirei os olhos.
"Ainda pensas muito nele?"
"Não te diz respeito."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trust
Teen FictionJoana é uma estudante de 18 anos que entra numa faculdade nos Estados Unidos, o que a obriga a sair do seu país - Portugal. É na universidade que Joana vai conhecer o arrogante, sarcástico, convencido e player Sam Miller, um rapaz cuja fama não enca...