Capítulo 48

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Luan





Eu me mantive longe da Pérola  por  todas essas semanas. Eu não tinha coragem para encara-lá. Eu foquei todo o meu tempo no trabalho. A fazenda andava muito bem ,e surgiam propostas a todo momento. Custei a aceitar uma delas, mas a Lena me certificou que seria o melhor pra mim,nesse momento. Além de ser  um grande passo, eu iria finalmente levar nossos produtos para um patamar elevado. O passaporte,e as burocracias ficaram por conta da ajuda da Helena. Até então,eu não tinha saído do Brasil. E agora eu estaria indo primeiramente para  Honk  kong, depois vou passar na China, depois na União Européia e por último no Chile. Uma viagem que terá que durar pelo menos uns dois meses. Eu iria importar meus produtos para fora do país,aquilo era clímax de todos esses anos de trabalho. Nós já vendíamos nossos produtos por quase todos os estados,só faltava mesmo a nossa marca sair do Brasil e ser ampliada .Meu tio ficou tão entusiasmado com a notícia que foi impossível negá-lo de viver as emoções do reconhecimento. Ele tentava exportar nossos produtos por anos,meu pai nunca pensou como ele,ele tinha esse lugar só como um lugar para descanço ,meu tio via investimento e lucro o tempo todo. Depois da sua morte eu deixei ele continuar a tentar, o ajudei do jeito que pude. Tentei ampliar a  nossa visão do que fazíamos com a ajuda do Cássio. Um senhor mais velho,amigo antigo do tio. Deu seu sangue por essa fazenda,e por merecimento ganhou uma porcentagem sobre o lucro. O filho dele fez faculdade com a ajuda do tio. O rapaz sabia muito,e por isso  ele era a pessoa indicada a me ajudar nessa jornada pelo mundo. Eu, um peixinho  pequeno,se metendo em zona onde só  tem tubarões prontos a me devorar.

— Tem certeza de que quer ir sozinho? Eu posso ir com você.
—  A Lena parecia mais nervosa que eu. Andava de um lado ao outro. Buscava coisas no armário que ela julgava que eu iria precisar usar. Me vi,sendo obrigado a carregar comigo duas malas,só  para agrada-la. Ela me levou a uma boa loja,só  para comprarmos ternos que me deixaram com cara de playboy. Meus cabelos foram obrigados a serem aparados. Os fios desajeitados foram moldados,e aparados nas laterias. Ela me obrigou a deixar minha barba crescer. Me disse que com a carinha limpa,dava a impressão de que eu fosse mais menino do que realmente era. O resultado me deixou satisfeito. Ela sabia do que tava falando.

— Eu preciso ganhar confiança, e pra isso vou precisar de você  aqui. Eles não vão me respeitar,se me ver ao seu lado. Eu sou novo,e por isso tenho que me impor.

— Eu sei. Por isso te produzi,e Luan. Se você não fosse meu filho,com certeza estaria com os seus dias de solteiro contados. —  Eu ri. 

—  Você tá só  me encorajando.
—  Murmurei de volta e ela achou graça.  Fechei a última mala,e a deixei ao lado da cama.

— Mas aquele intérprete vai com você? Não é? — Eu assenti, pro alívio dela. —  O filho do Cássio confirmou que tá  disponível ? —  Eu assenti.

—  Os contratos estão todos com ele. Vamos resolver alguns pontos importantes, conhecer o lugar que nossos produtos vão ficar expostos.  Falar sobre dinheiro,e só  então assinar. —  Ela me encarou,com um sorriso sorrateiro nos lábios.  Vi que seus olhos estavam marejados,e ela se continha para não desabar de alegria na minha frente.

—  O que foi?  —  Murmurei enquanto recolhia alguns documentos para colocar dentro da pasta que ela havia me dado de presente. Uma pasta  de couro marrom,com alguns detalhes em prata. Tinha uma alça grossa. Estilosa,e de muito bom gosto.

—  Meu menino virou um homem de negócios.  —  Respirou fundo,e pegou a foto do meu pai,da minha mesa de cabeceira.—  Seu pai iria ficar tão orgulhoso  de você.  —   Eu sorri,com as lembranças dele. — Me promete que vai se cuidar? — Eu assenti. — E que vai me ligar sempre que for possível? — Eu assenti e ela me puxou para um abraço forte. — Vou sentir saudades. — Confessou.

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