Capítulo 51

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Luan






No dia da viagem a Helena foi comigo até o aeroporto. O Tio Artur me encontrou por lá. Foi uma choradeira sem fim e eu quase desisti de ir. Embarquei com o coração na mão, mas eu precisava desse choque de realidade pra eu amadurecer profissionalmente. A viagem demorou muitas horas. Era complicado sair do meu lugar de conforto e pisar em terras estrangeiras. Ainda bem que eu tinha suporte pra isso. O intérprete, e o filho do Cássio estavam comigo. Nas primeiras semanas,me senti um peixinho fora D'água. Era confuso ouvir aqueles idiomas,e não ter muita gente por perto pra falar o meu. Aprendi algumas palavras, e até consegui formar algumas frases. Nas outras semanas eu já estava familiarizado e me impondo aos  requisitos que queríamos, e não ao que eles nós julgavam querer. Foi difícil assinar o contrato com a China e Hon kong. A cultura deles é muito diferente da nossa.Eu me sentia sozinho, precisava contar pra alguém como era a sensação. Abri minha agenda e procurei algum telefone confiável. Liguei pro tio Artur,ele não atendeu. Tentei ligar pra Dulce, e nem precisou  tocar por muito tempo. Eu  logo ouvi a voz dela ao fundo. Ela me atualizou sobre a cidade,me contou sobre as novidades da vida dela e me perguntou sobre a minha e eu despejei tudo. Era o meu gancho pra desabafar. Ela parecia gostar de ouvir. O aeroporto estava virando a minha segunda casa. Nos outros países deu tudo certo. Assinei alguns contratos ,e foi mais tranquilo até. Também aprendi a falar o básico pra sobreviver por lá. Foram longos dias até eu entender que eu estava começando a me sentir eu mesmo e as ligações da Dulce me ajudavam. A Helena me ligava,e o Tio Artur sempre me perguntava como estava sendo a viagem. Eu passava meus dias trabalhando,e mal conseguia sair pelas ruas da cidade pra conhecer a cultura a fundo deles. Respirei fundo quando tudo acabou. Eu estava livre de compromissos profissionais. O intérprete e o filho do Cássio foram embora sem mim. Seria um choque pra Helena não me ver chegar. Eu precisava aproveitar pra conhecer o que queria conhecer. Eu pensava todos os dias sobre a viagem que a tia Vê tinha me falado. Eu também tinha curiosidade de conhecer o país do tio. Ver com os meus olhos, ter as minhas próprias experiências, e o entender um pouco mais. Peguei o primeiro avião pra Roma. Eu iria passear pela cidade,conhecer os pontos turísticos como um bom turista e só depois ir pra toscana, atrás da família do tio.

Era tudo tão bonito. Fiquei um mês em Roma. Comi tanto que acho que vou voltar com uns kilos a mais. Depois fui pra Paris. Eu iria comprar uns presentes pra Helena e um pra Dulce pra agradecer o bem que ela estava me fazendo. Fiquei mais um mês em Paris. Depois segui pra Florença. Era perto as cidades, mas eu iria aproveitar  tudo o que podia pra só assim voltar pra casa.

Fui recebido na Toscana com muita alegria. A Tia Verônica ainda não tinha chegado. Ela iria se surpreender ao me ver. Eu tinha falado pra mãe do tio que iria ficar em um hotel,ou algo parecido mais ela não deixou. Disse que eu iria ficar na casa dela. Eles tinham conforto. Eu soube que o tio os ajuda com uma mesada mensal e pelo visto ele não poupava esforços. Ajudei com o que eu pude. A Helena sempre me mandava dinheiro,e o meu salário da Fazenda era sempre depositado. Era tudo tão lindo. A toscana me lembrava a fazenda. Muito verde,e ar puro. Paisagem bonita, e diferente da cidade grande. A toscana é uma das mais belas regiões da Itália, com cidades medievais, cheias de lindas colinas, repletas de vinhedos que produzem alguns dos melhores vinhos do mundo. O tio tinha razão de ter orgulho de onde vinha,eu que não era daqui, já estava cogitando de não ir mais embora.


Alguns meses depois




Entre a viagem e a minha volta, tudo durou mais do que eu previa. Oito meses,muito bem aproveitados. A Helena já me mandava voltar. E se eu não voltasse ,ela iria vir pessoalmente me buscar. O tio Artur ficou feliz em saber que eu estava com a mãe dele. Ela era uma pessoa amorosa. A mesa vivia cheia e ela me tratava como filho. O tio tinha sorte de tê-la na vida dele. Quando a família Montasse se juntava,parecia que estavam brigando. Eles falavam altos,gesticulavam e eu ria. Era engraçado. Ela fez questão de levar a Tia Verônica e eu , até o Aeroporto di Firenze. O voou foi longo,tendo duas paradas. Quando chegamos no aeroporto do Galeão, levamos mais uma hora e meia de carro. O marido da tia Verônica foi nos buscar. Nossa parada foi no Gregos. Encontramos o tio Artur de costas, conversando com o Nícolas e a tia Helena ao fundo no telefone. Não nos notaram até que um dos funcionários alertou o tio sobre a nossa chegada. Vieram afoitos nos abraçar. Meu primeiro abraço foi da Lena. Eu não sabia que sentia tanta saudades deles ,até que os abracei forte e as lágrimas rolaram por meu rosto. Eu estava em casa e isso era reconfortante.

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