Capítulo 25

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Pérola





Eu não  me segurei,e antes que meu pai saísse de casa,em direção ao trabalho levando consigo dona Fernanda para a loja, fui a ele e pedi com muita gentileza para que ele  me levasse a  Fazenda.Eu o expliquei todos os motivos  daquele repentino pedido, e ele  me entendeu e não me crucificou por isso. Apenas me abraçou forte , e eu sei que seu coração apertou , assim que me viu chorar em seus braços por alguém que não me vê como prioridade.
Após conter as minhas lágrimas ,eu subi para o meu quarto e o deixei na cozinha conversando com a minha mãe. Eu tomei um banho rápido  e me vesti. Hoje eu só queria  ser uma menina normal, vesti uma camiseta e um shorts Jeans , junto de uma sapatilha. Deixei meu colar, meus brincos, minhas roupas espalhafatosas de lado . Após está pronta , segui para a cozinha e me juntei aos meus pais. Assim que entrarmos no carro, meu pai deu partida e  em seguida levamos a minha mãe até a floricultura. Ela se despediu dele com um beijo rápido  nos lábios  e me mandou outro e eu sorri. Assim que ela entrou na loja,voltamos para a estrada e seguimos juntos ,em  silêncio até a Fazenda.

O caminho era um pouco longo, mais nem senti. Meus pensamentos estavam longe, quando meu pai me cutucou parece que voltei a realidade e ela não era tão bonita assim, e já havíamos chegado ao lugar. Meu pai deu nossos nomes na portaria toda revestida deb madeira. Assim que os portões se abriram de forma manual, meu pai continuou o trajeto nos terrenos da Fazenda com o carro. Não havia visto antes , uma casa tão linda. Lembrava a casa de praia do vô Lucio, mais só lembrava. Ela era muito mais bela e muito mais grandiosa em beleza e simplicidade ao mesmo tempo. Saímos do carro assim que meu pai estacionou o carro. Meu pai resolveu não seguir comigo. Eu repetia comigo mesma, várias vezes. CORAGEM!







Luan







Eu estava destroçado, como sou burro. Eu estava irritado, e trancafiado dentro do meu quarto. Eu não queria ver ninguém, falar com ninguém. Não sei quantas vezes ouvi as vozes da Helena, do meu tio e até do meu pai aqui, atrás da porta. Eles gritavam, me chamavam e pediam para que eu  saísse. Isso não é coisa de homem, Luan. Ouvi o meu pai dizer. E o que é coisa de homem? Eu sou um rapaz que tem que lidar com sentimentos e angústias sozinho , desde quando? Desde sempre! Cresci sozinho, a única pessoa que realmente vejo como pai é o meu tio Artur. O único que sempre esteve ao meu lado, quando mais precisei.
Enquanto brigava comigo mesmo, ouvi novamente  as  batidas na porta.As ignorei até ouvir uma voz tão familiar, que cheguei a pensar que eu ouviu " coisas".Mais não, aquela voz falou meu nome mais de uma vez, e só então eu abri a porta e paralisei. Enquanto eu a olhava eu pensava, Luan será que você ficou louco de vez? A que ponto cheguei. Agora ando vendo até miragem?

— Podemos conversar? — Ela me disse, com aquele olhar triste. Notei que ela segurava as suas lágrimas persistentes. Era uma luta contra o seu próprio ser.Eu sei como ela se sentia, eu também me sinto assim.Eu não conseguia falar, apenas lhe dei espaço e ela entrou no meu quarto. Antes de fechar a porta, eu respirei fundo, e mais fundo até controlar o meu nervosismo.

Ficamos um olhando para o outro, num silêncio contragedor. Ela magoada ,e eu arruinado por dentro. Meu coração apertou quando a vi derramar uma lágrima, a observei e notei que ela estava vestida de forma comum. A menina rockeira de alma, veio sem amarras. Se desprendeu de tudo e veio dar a cara pra bater, ou bater na minha cara. Seja feição é uma incógnita e eu não consigo decifrar só olhando.

— É você mesmo? — Quebrei o silêncio com aquela pergunta idiota. Seu burro, não pode ser a alma penada dela, é claro que é ela. A Pérola não reagiu , apenas assentiu e ficou parada me observado. Me aproximei da janela e a abri para arejar o quarto , que até então estava escuro. Logo vi o meu sogro ou ex sogro, parado e encostado no capu do carro. Eu devia ir lhe cumprimentar, mais antes eu devia tomar coragem e escutar o que a fera daquela pequena aprendiz da megera, tinha a me dizer.  Eu tinha que saber qual seria o veredito da nossa situação.






Pérola







Eu o olhava tentando buscar as palavras certas, era visível que ele estava mal, talvez por mim, ou quem sabe o trabalho por aqui realmente estava pesado. Respirei fundo algumas vezes e mesmo que eu tentasse com todas as minhas forças não chorar, minhas lágrimas escorreram por meu rosto e eu vi que era chegado o momento certo de falar.

— Eu vim aqui para lhe dizer que ...
— Ele me olhou já cabisbaixo, na certa ele tinha noção do que eu iria falar. — ... eu não posso mais viver assim, angustiada. — Confessei.
— Sem saber o que será de nós, a partir de agora! — Despejei minhas inseguranças em cima dele e deixei para ele resolver. Logo ele se sentou na cama, afogou seu rosto em suas mãos e apoiou seus braços em seu joelho e eu continuei em pé, me mantendo forte por fora e toda despedaçada por dentro.

— Você quer terminar tudo?
— Questionou-me ,sem me olhar.

— Esse relacionamento não está dando certo! — Confessei e me sentei ao seu lado e finalmente  ele me olhou. Assim que nossos olhares se encontraram , notei que os dele também estavam marejados.

— Isso é o que você quer?
— Perguntou-me com a voz trêmula , e as minhas lágrimas desciam  ainda mais por meu rosto.

— Sim, eu quero! — Lhe confessei, apesar de doer dentro do meu ser.

— Então eu vou te respeitar. — Me Disse enquanto voltava a enterrar seu rosto em suas mãos e a voltar a mesma posição de antes. Antes que o meu choro ficasse mais forte eu me coloquei de pé, segui até a porta e assim que a abri o olhei mais uma vez,tentando ter forças  para ir embora e esquece-lo de vez.

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