Capítulo 60

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Luan





Hoje era o dia das descobertas. Descobri que ela aprendeu a dirigir. Descobri que ela adora ir ao zoológico, que vai pra outra cidade estudar veterinária, o sonho de menina se realizando, e que ela era ainda mais cativante do que eu me lembrava. As horas ao lado dela passavasse tão rápido, que mau senti que estava chegando perto da hora do almoço. Havíamos visto a jaula do elefante, dos macacos onde A Pérola lembrou ao irmão de quando eles eram pequenos e o Miguel sentiu medo dos primatas. A vi se apaixonar por um tigre bebê,e me apaixonei por ela mais uma vez. O Miguel gritava,nos chamava empolgado com tudo o que encontrava. Parecia uma criança.

— Acho que vou me sentar um pouco.
— A Pérola assentiu e ficou com o irmão observando as girafas. Eu me sentei em um banco de concreto,alguns passos de distâncias dos dois. O Miguel fotografava tudo. A Pérola o deixou sozinho,e veio até mim,e se sentou ao meu lado.

— Obrigado pelo passeio.
— Constatou.
— Não precisava, você sabe disso?
—Eu assenti.

— Eu queria que a sua última lembrança da sua casa,fosse a minha. — Contei e ela deixou um sorriso aparecer em seus lábios. — Pérola, eu sei que eu tenho agido como um idiota. — Eu a olhei. — Eu tenho uma boa parcela de culpa, por tudo o que aconteceu conosco.

— Luan, não precisa...— A ínterrompi.

— Eu preciso falar isso. — Ela assentiu.  — Nesses meses longe de você,eu me forcei a entender aquele vazio que eu sentia. Primeiro a gente se separou, depois meus pai morreu. — Minha voz embargou. — Depois você me contou da gravidez e eu fui aceitando a idéia de ser pai. Sofri por saber que meu filho não iria ter o avô. E sofri por saber que meu pai não iria conhecê-lo. — Ela acariciou meu braço. — Acredita que viajei o mundo,mais aquele vazio me seguiu pra onde quer,que eu fosse. — Ela assentiu. — E agora,aqui com você ,me sinto tão bem. Parece que o tempo não passou pra gente.
— Constatei.

— Podemos ser amigos? — Me disse e eu assenti. — Vê esse dia como uma boa oportunidade para reconheçamos.

— Um recomeço seria bom.
— Constatei. — Você me perdoa por tudo? — Foquei meus olhos aos seus.

— Eu já te perdoei a muito tempo.
— Contou-me,e beijou a minha bochecha.

—Tô com fome. — Murmurou o Miguel.

— Acho que já podemos voltar.
— Disse a Pérola. — Meus pais já devem está em casa.

— São que horas? — Perguntei ao Miguel que estava digitando algo no celular.

— Quase uma da tarde. — Realmente as horas haviam passado rápidas.




Pérola





O Luan foi dirigindo de volta. O Miguel resolver plugar os músicas dele pelo bluetooth do rádio. Ouvíamos rap. Ele adorava esse tipo de música. Teve uma época que ele andava igual a um. Meu avô teve que conversar com ele,e explicar que quem anda com a cueca aparecendo tá gritando ao mundo que quer arrumar um namorado. Na época ele correu pro quarto e trocou as roupas. Depois ele assistiu uns documentários da prisão, e constatou o que meu avô falava. Mais ele percebeu, que era também um estilo de vida,e essa ignorância vinha daqueles que não entendiam esse jeito diferente de se vestir,que as ruas exploravam. Dançar ele sabia,vivia fazendo alguns passos pelo quarto dele. Era talentoso. Assim que chegamos em casa,notei que o carro do meu pai estava estacionado na frente. O Miguel saiu com pressa,e me deixou sozinha com o Luan.

— Acho melhor eu ir embora. — Me disse,sem sair de dentro do carro.

— Não quer entrar? — Ele ficou calado,pensando no que ia fazer.

— Luan. — O chamou,meu pai assim que apareceu na porta. — Venha almoçar conosco. O Luan,abriu a porta,e saiu do carro todo sem graça. Ele aí da usava as roupas que eu havia lhe emprestado. Meu pai o olhou,e franziu a testa confuso,ao reconhecer as roupas que ele usava.

— Seu Erick.— Disse ele,ao se aproximar do meu pai.

— Que engraçado, eu tenho algumas roupas iguais a essas. — Comentou e eu ri.

— Pai, aconteceu um imprevisto com o Luan,e eu o emprestei as suas roupas. Fiz mau? —Ele negou.

— Use-as,e só me devolva quando não precisar mais. — Ele riu envergonhado. Meu pai deu passagem para ele,e eu o segui. Encontramos a dona Fernanda colocando mais um prato na mesa.

— Fiquei preocupada. — Nos disse,assim que entramos.

— Eu deixei um bilhete. — Ele sorriu. — Era só ler. — Brinquei e puxei uma cadeira para me sentar. O Miguel fez o mesmo, e o Luan sentou-se a minha frente.

— Como você está Luan? — Se direcionou a ele.

— Estou bem. — Olhou-me.

— Eu soube que tinha ido viajar a trabalho. — Ele assentiu. — Deu tudo certo?

— Sim,conseguimos bons contratos. Depois ,fui pra Toscana. Conheci a família do meu tio Artur, e me apaixonei pelo lugar. — Minha mãe colocou uma panela de estrogonoff, e uma outra com arroz,e uma tigela menor com batata palha. O Miguel foi o primeiro a fazer o prato. Em seguida, eu peguei o do Luan e preparei o dele. Meus pais se entreolhavam. Pra mim,era apenas uma gentileza. — Eu viajei tanto,que pretendo em breve ir conhecer Marrocos,ou talvez a Grécia.

— Fico feliz por saber que está conseguindo se virar sozinho.— Disse meu pai,assim que a minha mãe o entregou o prato dele. Eu entreguei ao Luan,o que eu tinha feito. — Filha,já arrumou as suas coisas? — Eu assenti. — Como vou sentir sua falta.
— Choramingou novamente.

— Eu sempre vou vim pra cá, nos feriados, datas comemorativas,etc...
— Todos riram.

— O que é alguns quilômetros de distâncias? — Disse o Miguel de boca cheia.

— Põe muitos quilômetros, meu filho.
— Falou meu pai.

— Pra qual faculdade você vai?
— Questionou-me o Luan, entre as colheradas de seus almoço.

— Pra Dionísio Cavalcante.
— Comentei orgulhosa.

— É uma faculdade muito boa.
— Comentou,o Luan. — Eu tô pensando em fazer um curso de administração empresarial. A Lena tá me incentivando em relação a isso.

— Faça mesmo. — Disse minha mãe,se sentando ao nosso lado. — Ainda mais agora que virou homens de negócios.
— Ele colocou outra colherada na boca.

— Vai pra Dionísio Cavalcante também. — Ele riu.

— Tô pensando em fazer a distância mesmo. — Eu fingi está entristecida.
— Meu tio precisa muito da minha ajuda. Tem que ver como ele anda animado. Nunca viu tando dinheiro entrando na conta bancária dele.
— Todos Rimos.

— Quando precisar de ajuda, é só me solicitar. — Disse meu pai,ao Luan.

— Eu vou enviar pro e-mail do Senhor, os produtos que estamos produzindo. Quero uns desenhos originais de embalagens e um outro comercial. Vamos comprar uns horários,no horário nobre. — Meu pai concordou animado.

— Eu vou fazer uns esboços, depois te envio pra saber sua opinião. — O Luan assentiu.

— Agora chega de assunto de trabalho. — Todos riram. —Vamos voltar ao, "Pérola vamos morrer de saudades suas". — Eles concordaram.


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