Capítulo 45

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Luan




Eu ouvi aquele grito de desespero e não consegui me conter, e corri para abraça-la juntamente do Miguel. Os dois estavam desesperados,na verdade toda a família estava. Porque as coisas ruins tendem a vir sobre as pessoas boas? Primeiro foi a Marina,aquela senhora de sorriso doce e palavras sabias. Depois o meu pai,e agora o senhor Sidney. Ele é o alicerce da família Saldanha. Ele é a rocha da Fernanda e dos netos. Agora ,também possuo um grande carinho por ele,não mais medo como antes,mais sim um grande respeito pelo homem que ele é.
Após o grito,eu vi aquele pequeno liquido avermelhado sair,entre as pernas dela. Ela também viu,e sentiu. Aquela menina prestes a virar mãe já descobria a dor de perder um filho. Aquele sangue apesar de pouco,levavá consigo um pedacinho de nós dois. Levava a aliança eterna nossa.  Agora não havia mais nada.

O Nícolas pegou sua pequena nos braços e com a ajuda do Leon a colocou no banco de trás do carro. Todos se organizaram com rapidez ,e logo seguimos para o hospital em que aquele homem ,que já podemos chamar de herói da vida real,se encontrava.

Assim que chegamos ao hospital,a Pérola foi levada com urgência para a emergência , e seus pais seguiram para o local oposto,onde seu Sidney se encontrava. Ficamos então, a Lena, o Leon ao seu lado,o Nícolas junto da Gisele. O Miguel havia ido junto aos pais,para saber notícias do avô.





Leon




Eu me sentia um intruso ali,mais ninguém iria me impedir de pelo menos mostrar que eu me importo com aquela ruivinha que apesar de não me amar da forma que eu a  amava ,tinha um imenso carinho meu. Eu fiquei um pouco distante de todos,eu os observava silenciosamente. Era agoniante,aquele momento de espera. Ninguém nos dava notícias,tanto da Pérola,quanto do avô dela.

— Eu não aguento mais! — Falou a mulher loira,a um dos pais da Pérola.

— Acalme-se,você não pode ficar nervosa. — Ele a abraçou forte.
— Agora temos um pedaço nosso pra cuidar. — Falou ele a ela, de forma carinhosa.

— Eu preciso tomar um ar. — Falou o Luan,a Helena, antes de seguir com rapidez para a saída da sala de espera.
A Helena foi atráz do Luan,e antes de sair ,passou uma das mãos sobre o meu ombro e se foi. Continuei parado onde eu estava,enquanto minhas pernas insistiam em tremer sozinhas de forma continua.




Luan






Eu estava começando a ficar agoniado.Aquela espera estava se tornando um grande tormento,ninguém falava nada. Ninguém nos permitia entrar,apenas diziam "Tenham calma,e aguardem".Na última vez,que tentei saber algo da Pérola a uma das enfermeiras,e ouvi isso em troca,me segurei para não soltar um palavrão daqueles escabrosos para ela. Por isso resolvi sair, eu precisava tentar me manter mais calmo e centrado,mesmo que nesse momento seja completamente impossivel.

— Luan! — Olhei para trás e vi a Lena vindo até mim.Respirei fundo e me virei e ela logo abriu os braços para mim e eu a abracei com força e me permiti chorar. — Calma. — Tentou me tranquilizar,eu a apertei ainda mais e me permiti aliviar a alma,desabando em mais choro.
— Tudo vai ficar bem. — Passou uma de suas mãos sobre os meus cabelos.

— Eu vou perde-la para sempre.Eu sei disso. — Confessei a ela.

— Se vocês se amam,você não vai.
— Segurou meu rosto e focou em meus olhos e eu aos dela que já estavam marejados. — Você me ouviu. — Eu assenti.


Algumas horas depois


Leon


Finalmente o médico havia aparecido para falar conosco.Ele pediu para reunir a família,tudo para não precisar ficar repetindo várias vezes ,e sim,uma única vez para todos.O Nícolas se prontificou para chamar a Helena e o Luan,mais a esposa o impediu de se por de pé. Logo recebi um olhar pentrante dela,eu cheguei a engolir a seco,então resolvi me prontificar a ir no lugar dele e fui agradecido com um belo sorriso daquela loira. Segui para onde eles haviam ido,encontrei duas pessoas caladas e abraçadas. A Helena foi a primeira a notar a minha presença.

— Já deram noticias dos dois?
— Perguntou-me de forma suave.

— O médico pediu com gentileza para que todos ficassemos na sala de espera para ele explicar o que aconteceu com a Pérola. — A Helena assentiu,e passou uma das mãos no rosto do Luan de forma carinhosa e se foi. Eu respirei fundo e dei meia volta,e caminhei para dentro da emergência novamente.




Luan





Eu já estava mais calmo, demorei mais um pouco no lado de fora,não porque eu não estava preocupado com a Pérola,mais porque eu tinha medo de ter a certeza do que eu já sabia. Enquanto eu estava do lado de fora ,me sentei em um dos bancos e fiquei olhando para a rua. Bem a frente do hospital havia um parquinho, e uma das crianças que haviam ali me chamou muita a atenção. Ela era pequena, cabelos lisos e presos em um rabo de cavalo,e seu rosto era moldurado por sua franja que parava acima dos olhos. Olhos escuros e brilhantes, e a pequena vestia um lindo macacãozinho de florzinhas em um tom cor de rosa claro. Ela gargalhava do seu irmão mais velho. Eu cheguei a sorrir ao me imaginar naquela mesma situação. Quem sabe seria uma menina igual a Pérola,ou um menino igual a mim.Quem sabe seria gêmeos? Eu nunca saberei.Isso é fato!Eu perdi a chance de descobrir a sensação de ter um pedaço seu ,fora do seu corpo. Eu nem sei porque estou tão abalado com isso,demorei tanto pra aceitar em ter um filho,que agora não acho justo a vida ter tirado isso de mim. Pra muitos aquele pequeno sangue,não significa nada,nem mesmo uma vida. Pra mim,nesse exato momento. Aquele pequeno sangue,significava tudo, quem sabe ,ele seria o meu eixo de volta para a vida,de volta para abri o meu coração para  o verdadeiro amor.

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