Capítulo 14

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Luan






Depois da conversa que tive com o Davi,resolvi que era o momento de ir para casa.Assim que abri a porta da entrada ,encontrei uma sala escura e vivivelmente deserta de pessoas desesperadas por noticias minhas.Fechei a porta ,e ascendi as luzes ,apertando o interruptor que havia ao lado da porta. A Sala clareou ,e em cima da mesa de cabeceira havia um bilhete.Segui em passos lentos, e totalmente desanimados ,e me estiquei para pegar o tal papel que havia sido escrito pela Helena.

O bilhete dizia apenas que eles haviam saído para visitar uns amigos do passado.Coisas típicas da Helena,empurrar meu pai para esses passeios sem noção.Quem em sã consciência gosta de visitar gente que já não faz mais parte de seu convívio familiar? Ou, do seu circulo de amigos?Acho que além da Helena, deva existir essas pessoas em extinção,que adoram retirar a poeira das lembranças com conversas sem aproveitamento nenhum.

— Que tédio! — Murmurei comigo mesmo, enquanto  me jogava  no sofá. Fechei meus olhos e tentei relaxar um pouco.

— Não precisa mais ficar no tédio,eu estou aqui! —  Falou aquela voz fina ,a mesma voz da menina que me humilhou.Logo tratei de me por de pé.Olhei para aquela menina morena de fios enrolados, de estatura mediana ,olhos claros.Face doce e com aquele mesmo sorriso que me enganou .

—  Natacha! — Esbravejei seu nome,incrédulo por vê-la aqui,na minha casa. Logo deialguns passos para trás tentando me afastar dela.

—  Sou eu mesma! —  Me sorriu e tentou se aproximar de mim.  — Senti sua falta! Disse-me e eu me afastei novamente.

— Quem deixou você entrar ? —  A indaguei já alterando o tom da minha voz.

—  Eu sempre irei atrás de você.
— Afirmou entre as suas gargalhadas.

—  Suma daqui! —  Gritei o mais alto que consegui. —  Suma daqui!
— Gritei.


Pérola





—  Filha ,acorda! — Senti uma mão me sacudi suavemente. —  Sua avó já teve alta!  —  Falou o meu pai, e logo abri os meus olhos e vi a sua face cansada mais expondo aquele belo sorriso de sempre .Balancei a minha cabeça em afirmação suavemente e ele assentiu. Beijou a minha testa e logo tratei de esfregar os meus olhos. Acabei bocejando ainda sonolenta.

—  Cadê a minha mãe? — O indaguei e ele me apontou com a cabeça em direção ao quarto onde a Vó Marina, estava.Calcei meus chinelos ,assim que os achei jogados em baixo daquela fileira de cadeiras duras de hospitais e segui em direção ao quarto.

—  Como tive medo de te perder mãe! —  Confessou a tia Gisele,para a sua mãe.  Eu a ouvi disser ,assim que entrei no quarto. A Vó ainda estava sonolenta,ouvi um dos enfermeiros explicar que aquilo, ainda era efeito dos medicamentos. Me encostei na batente da porta e aguardei que todos se colocassem de pé para seguirmos finalmente para casa.Eu estava exausta e ainda triste pelo Luan ter saído daquela forma da minha casa.

Demorou mais meia hora para que enfim ,saíssemos daquele hospital.Assim que colocamos os nossos pés naquele estacionamento ,adentramos os nossos carros . Eu segui com os meus pais e minha tia . Meu avô seguiu com a vó no carro dele ,meu pai Rick havia levado seu carro, assim que seguimos para o hospital, após aquele ataque desesperador da tia Gi. O carro do meu pai Nico estava amassado,mais ninguém estáva se importando com esse mero detalhe.Chegamos em casa rapidamente,já estava prestes a anoitecer. O dia havia sido longuíssimo e muito cansativo,mais a imagem do Luan continuava a surgir na minha cabeça.

— Minha pequena,o que foi?
—  Indagou-me a minha mãe, assim que me viu congelar na entrada de casa.Eu a olhei ainda confusa ,mais logo voltei a minha atenção para ela.

— O quê?  —  A olhei com um olhar confuso.Minha mãe aproximou-se de mim, e passou um dos seus braços pela minha cintura.

— Nada.—  Respondeu-me de forma suave e logo me puxou para dentro de casa.Entrei,meio que no automatico. Minha mente vagava por um mundo paralelo enquanto meus pés conduzia o meu corpo de forma involuntária. Como se ali houvesse duas partes de mim separadas.

—  Mãe! Logo sai do meu transe e me soltei de seus braços acolhedores. Ela me olhou confusa ,e ai pude realmente nota-la. Dona Fernanda estava com a feição cansada como a de todos nós. Realmente a vô Marina era muito amada por todos.Minha mãe ainda se permitia sorrir de forma suave ,aquele mesmo sorriso que meu pai me dava ao me ver.

— Diga  filha! —  A olhei , e logo voltei para perto dela e a abracei forte. Pude sentir suas lágrimas jorrarem por meu ombro e por uma parte dos meus fios alaranjados.Logo ouvi seus baixos soluços ,a apertei ainda mais contra o meu pequeno corpo e ela me retribuiu. Não demorou muito para que eu sentisse mais dois abraços acolhedores . Eram quatros braços a mais ,do que os que haviam antes. Abri meus olhos e vi que se tratava do meu irmão Miguel e do meu pai Erick. Ficamos assim agarrados por muitos minutos .

— Não!  —  Ouvimos aquele grito estarrecedor.Nós desprendemos e seguimos logo para onde aquele som ecoava. Era no quarto dos meus pais. Todos havíamos vindo para minha casa.Aquele grito era da minha tia Gisele que estava agarrada ao corpo já sem vida de sua mãe.O caos se alastrou na minha casa. Eram gritos ,choros,palavras que nem ouso repetir , que a minha tia Gisele proferiu para todos nós. Nunca havia a visto daquela forma.Meus pais estavam incrédulos com aquilo tudo. Meu avô estava paralisado ,como se estivesse anestesiado em um mundo paralelo. Como aquilo pode acontecer?A vó havia acabado de sair do hospital e parecia bem,ela conseguiu balbuciar até algumas palavras ao meu avô e para todos nós . Eu cheguei a ouvir algumas palavras e diziam : Eu te amo,eu amo vocês. Ela estava se despedindo de todos nós ,e nós achando que a teríamos por muitos mais anos de nossas vidas.O que será de nossa família a partir de agora?Será que os Saldanhas ,Garcias, Sarkozys e agora Morais irão sobreviver a esta perda tão inesperada ?Tomará que sim, a minha família ,é o meu chão ,o meu alicerce. Sem essas estruturas eu não sei se saberei lidar com tudo isso sozinha.

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