Capítulo 33

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Pérola




Eu contava os minutos para que o Luan chegasse,eu estava ansiosa pra vê-lo novamente.  Meu coração  quase pulou do peito quando ouvi o toque da campanhia. Eu não queria parecer muito desesperada,então chamei o Miguel ,e com muito custo ele tirou a cabeça da água  e me atendeu. Saiu da piscina murmurando,se secou e foi pela cozinha,até  a entrada da casa. Continuei sentada,tomando meu banho de sol,mas ele demorava voltar. Pensei logo que ele havia se metido em problemas. Coloquei-me com pressa de pé, e segui pelo rastro de água  que ele deixou pelo caminho. O encontrei encostado na batente da porta,conversando com um ruivinho que eu não  esperava ver,mas estava na frente da minha casa  tentando convencer meu irmão  a me chamar. Ele sorriu ao notar minha aproximação, e eu sorri surpresa ao me aproximar dele. Óbvio  que o Miguel seria indelicado,é  da natureza dele ser assim,desconfiado. Seu Sidney passou isso pra ele ,é  a genética dos Saldanhas. Seria tão bom se ele tivesse puxado as características do nossa pai. Ele seria doce,e não grosso. Amoroso e não insuportável. Irmãos, os amamos mas tem horas que dá vontade de sufuca-los. Depois que levei o Leon pra cozinha,ele se sentou e eu lhe dei um pouco de água,ele estava realmente cheio de sede.

— Obrigado! —  Me disse,ao me devolver o copo,eu peguei de suas mãos e passei rapidamente uma água sobre ele,na pia. O deixei no escorredor e voltei a minha atenção  a ele.

— Quer uma fruta? Um sanduíche?
— Insisti  ele negou,todo sorridente.

— Não,Mas obrigado. — Ele colocou-se de pé, e se aproximou de mim. Eu não  me movi ,ele me encurralou. Nossos olhos estavam focados,um no outro. Eu conseguia sentir a sua respiração,por ele está tão  próximo  de mim.

— E... — Ele se afastou  rapidamente e eu me movi do lugar para disfarçar  o nervorsismo que se instalou em mim. — Acho que acabei de estragar alguma coisa? — Murmurou o Miguel,invadindo a cozinha.

— Você não estragou nada pirralho.
— Afirmei e ele sorriu de lado.

— Pérola, acho que já  vou indo...
— Me disse o Leon sem graça.

— Fique mas um pouco. — Pedi e ele sorriu sutilmente. — Aproveite e me conte o que foi a aula de hoje. — Ele assentiu. — Miguel,vamos estar no quintal. — Avisei  e ele revirou os olhos, levando consigo o pote de sorvete junto dele pra sala.

— Eu tô  no quarto, não  me perturbe.— O Leon riu,e o Miguel tomou uma colherada generosa do sorvete e nós  seguimos para  o quintal. Eu vi os olhos do Leon brilharem por notar a beleza que era nosso espaço  de lazer. A grama era sempre aparada, havia uma pequena estrada entre a grama até a piscina. Algumas cadeiras espaçosas e a estrela do quintal a nossa goiabeira.

— Esse lugar é maravilhoso.
— Comentou. — Imagino que deva ser o seu lugar predileto. É  um excelente lugar pra compor músicas. — Eu assenti.

— Pra compor é  realmente um dos lugares que gosto de estar. — O levei para se sentar comigo debaixo da árvore, ele foi e adorou. — Mas,o meu lugar preferido não  é  esse.
— Constatei.

— E qual é? — Indagou-me curioso é eu sorri.

— Dentro do abraço dos meus pais.
— Ele entendeu o tamanho de amor que tínhamos,uns pelos outros e assentiu. — É  lá, que sei que sempre terei um lugar pra voltar e me sentir segura.


Luan




Demoramos umas duas horas na emergência. A Lena fraturou o braço esquerdo e precisou mobilizá-lo, coisa na qual a deixou muitíssima incomodada. Ela é agitada,  gosta de dirigir,ajeitar as coisas na casa ,fazer nossa comida. Desse jeito ela não terá outra alternativa ,e terá que arrumar uma pessoa pra cuidar dessas atividades pra ela. Como ela me confidenciou, como nos velhos tempos.  A Helena levou uma bronca de leve do plantonista que a atendeu, e eu aproveitei para ligar para o meu pai enquanto  aguardava ela no corredor imenso, em tons neutros e cheio de gente que também fazia o mesmo que eu ,aguardava seus parentes. Assim que meu pai ficou sabendo do que aconteceu com ela, ele ficou muito nervoso e preocupado. Eu já sabia que ele iria se sentir assim, mas tentei tranqüilizá-lo da forma que eu consegui. E acho que deu pra  amenizar boa parte de sua tensão. Assim que a Lena foi liberada eu a levei para casa ,e tive que ajudá-la  a se locomover até o quarto,assim que chegamos. Ela sentia dores pelo corpo,natural,já que caiu de mal jeito.

— Lena, agora você precisa descansa. — Constatei e ela assentiu. A deixei  sobre a cama e ela deitou-se. Eu voltei para o corredor com pressa,desci as escadas e busquei um pouco de água na geladeira. Busquei um copo na pia,tomei um gole generoso de água, e o enchi novamente para levar para a Helena.  Voltei pelo mesmo caminho que eu havia descido e a encontrei com uma feição  nada boa. Estiquei o copo de água para ela que o tomou rapidamente. — Quer que eu te traga mais alguma coisa? — Ela negou e me entregou o copo. O peguei e me senti culpado por querer deixa-la sozinha.

— Obrigado! — Me disse,enquanto tentava arrumar uma posição decente para deitar.Eu assenti. — Eu só preciso descansar um pouco. Quem sabe essa dor diminue,porque ela tá me matando.

— Não  vai demorar pros remédios fazerem efeito. — Tentei tranquiliza-la.

— Não  vejo a hora disso acontecer.
— Eu sorri.

—Lena, eu liguei pro meu pai pra contar o que aconteceu com você.
— Ela me encarou irritada. — Ele tá  calmo,fique  tranquila. — Ela desarmou-se. — Eu expliquei e afirmei que você  estava bem e que eu pessoalmente estou cuidando de você.  Ele até  achou graça da situação.
— Ela sorriu.

— Realmente deve ter sido uma surpresa pra ele,saber que o filho tá tomando jeito. — Eu assenti. 
— Mesmo assim, eu vou ligar para ele. — Eu entreguei a bolsa dela,e com dificuldade puxou seu celular e sorriu ao ver as suas chamadas perdidas.
— Tem cinco chamadas perdidas do seu pai. Ele pode ter te falado uma coisa,mas ele só  vai ficar tranquilo quando conseguir falar comigo. — Eu assenti . — Vou ligar pra ele. — Eu concordei com ela,e me direcionei para a saída do quarto  e segui para o banheiro. Lavei meu rosto, e após seca-lo segui pelo corredor até as escadas. Me direcionei para a cozinha,eu estava faminto. Retirei a camisa que eu usava e deixei sobre uma das cadeiras. Abri a geladeira e vasculhei com os meus olhos por ela ,até encontrar algo que pudesse ser usado para fazer um sanduíche.

Achei um pouco de frango desfiado, talvez a Lena fosse usá-lo pra preparar nossa janta,mas agora, creio que o cardápio será  outro. Peguei uma frigideira no armário e caçei  alguns temperos novamente na geladeira. Os deixei sobre a pia e comecei a minha guerra com o fogão. Me dei por satisfeito,depois de uns longos minutos,ao  notar que havia ficado bom,e foi o suficiente para preparar dois sanduíches bem recheados. Juntei alface ,tomate e um pouco de molho caseiro. Receita exclusiva da Helena. Havia um pouco de suco de laranja na jarra,os coloquei em dois copos,e arrumei na bandeja o que eu levaria para ela. O meu lanche foi devorado ali mesmo,na cozinha,em pé com a barriga encostada na pia. Eu pingava de suor. Dia quente,o mais quente do ano. Sensação térmica  nas alturas. Assim que terminei, lavei a louça. Era o mínimo  que eu podia fazer,manter tudo organizado pra evitar o máximo  de esforço  dela aqui em casa. Puxei a minha blusa da cadeira e a prendi no cós da minha bermuda. Segurei com cuidado a bandeja e subi as escadas devagar,tentando manter equilíbrio suficiente para que não  estragasse meu trabalho de alguns minutos atrás.

Empurrei  a porta,e encontrei a Helena ainda no telefone com meu pai. Ela ria,eu sorri e ela alegrou-se ao ver o lanche que eu havia trago. Deixei sobre a cama e ela avaliou com satisfação  e deu-se o trabalho de contar ao meu pai,o filho prestativo que ele tinha acabado de ganhar. A ouvir dizer,ao telefone,que ter um tio chefe estava começando ser algo produtivo. A deixei tagarelar,e sai de fininho. Fui para o meu quarto e me joguei na cama. Logo me lembrei que eu havia deixado a Pérola  me esperando. Pulei da cama e corri para o banheiro,eu precisava tirar esse suor do corpo e trocar de roupas. Me despi com pressa e me lavei. Nunca havia tomado um banho tão  rápido ,quanto o de hoje. Me enrolei na toalha, e corri até  o quarto. Tranquei a porta e me vesti. Uma outra camisa e um outro short. Tons neutros. Busquei meu celular no short anterior ,que eu havia deixado no banheiro e abri o aplicativo de mensagem e enviei uma pra ela.

Tô  chegando,não me esqueci  de você. Só  aconteceu um probleminha, mas graças  a Deus agora está  tudo bem. Tô  louco pra te beijar,e matar a saudade dos dias que passamos longe um do outro.

Enviei,e antes de descer as escadas passei no quarto da Helena e lhe contei onde eu iria. Ela assentiu  e eu Fui,com um sorriso largo no rosto,feliz por tê-la perto de mim mais uma vez. E como eu amo aquela pequena menina mulher.

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